Maré Vermelha

By carlosmrocha

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Kyle e seus companheiros atravessam mares no navio, Estrela do Crepúsculo, com a ajuda do capitão Dacsiniano... More

Lembrete
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CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
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CAPÍTULO 15
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CAPÍTULO 69
CAPÍTULO 70
CAPÍTULO 71
CAPÍTULO 72
CAPÍTULO 73
CAPÍTULO 74
CAPÍTULO 76
CAPÍTULO 77
CAPÍTULO 78
CAPÍTULO 79
Epílogo

CAPÍTULO 75

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By carlosmrocha

Era apenas mais um dia de aparência sinistra nas terras de Lacoresh. Dois aliados improváveis subiam as encostas do planalto de Or, buscando penetrar a floresta mística de Shind. O jovem Calisto, promessa entre os nobres do novo reinado de Lacoresh e o experiente Vekkardi, último discípulo do silfo Modevarsh.

Pouco tempo depois, caminhavam pelos caminhos sombrios de Shind. Não conversavam muito, desde que deixaram as terras de Calisto na noite anterior. O ar estava fresco e úmido e havia uma espessa camada de folhas caídas e molhadas no chão.

– Então você acha que este lugar está mais sinistro, não é? – indagou Calisto.

– Obviamente está lendo meus pensamentos. Eu preciso dizer alguma coisa, ou vai continuar? – Vekkardi deu com os ombros.

– Se quiser... – Calisto sorria, mas Vekkardi resolveu falar.

– Há muitos anos atrás fiz uma visita a este local. Era mais claro, tinha cores vibrantes e ares leves.

– Eu vi. Então você está preocupado com Elser? Com o que pode fazer conosco, já que estamos em suas terras. Não é?

– Para que o diálogo? Simplesmente continue lendo minha mente.

– É chato... É mais interessante perceber como você fica incomodado na medida que digo o que estou percebendo.

Após um breve silêncio, Calisto disse, – Não se preocupe, Elser me deve sua vida. Ele vai nos ajudar. E sim, acredito que podemos confiar num silfo do mar.

Caminharam por mais algum tempo até chegarem nas proximidades de riacho no qual beberam água e encheram seus odres. A água estava gelada e atravessá-la foi um sofrimento para Calisto. E como todos seus sofrimentos, este foi subjugado por sua sede de poder.

Um zumbido preencheu os ouvidos do jovem lorde. – Você está escutando isso Vekkardi?

– Claro, não leu minha mente? – replicou sarcástico.

– Isso pode ser ruim.

O zumbido que ouviam aumentou e foi interrompido com o brilho azulado e intenso. Escutaram sons de galhos sendo quebrados e em seguida surgiu uma criatura que avançava com ferocidade. Não era animal ou monstro, mas sim um ente vegetal, formado por troncos escuros e retorcidos, a enorme árvore caminhava a passos largos, com longos braços de galha seca, sem folhas.

O estrondo do tapa violento que atingiu o solo no ponto em que estava Vekkardi acelerou o coração de Calisto. Vekkardi escapara saltando em direção à criatura no último momento.

Aproveitando-se da oportunidade, o jovem de olhos negros desferiu um ataque mental contra a criatura. Usava todas suas forças, porém, não parecia surtir efeito, exceto enfurecê-la. E foi um chute furioso que arremessou Calisto à distância como se fosse uma pequena pedra. Cair na água gelada fez com que despertasse, pois perdera por um momento seus sentidos.

Vekkardi não conseguia pensar numa forma de deter o ente e saltava para salvar sua vida. Quando Calisto emergiu, colocando-se para fora do rio cuspia bolas de sangue. Parecia ter fraturado uma costela e sentia uma forte dor aguda no peito. O gosto de sangue deixava-o cego com ira imprudente e neste espírito avançou para a criatura gritando.

A grande árvore negra, seca pelo ódio e contorcida pela loucura parou por um instante calculando o golpe fatal que daria no nanico que se aproximava esbravejante. Antes de liberar o golpe fatal, surpreendeu-se pela explosão que engolfou seu tronco em chamas. As chamas eram intensas e logo se espalharam por seus braços e pelos galhos mais finos acima de sua cabeça. O horror de queimar fez com que o ente se esquecesse de seus pequenos oponentes correndo para atirar-se no rio.

Calisto gargalhou e beijou o anel que ganhara de Thoudervon. – Eu amo esse anel!

Vekkardi aproximou-se e tinha sangue escorrendo de um corte na testa. – De fato, esse anel veio a calhar! Mas vamos, aquela coisa pode voltar logo.

Antes que partissem uma alta gargalhada preencheu a floresta.

– Elser? – Calisto chamou. – Elser seu silfo bastardo! Tentava nos matar? Calisto tentava localizar o silfo com o olho de sua mente desesperadamente e mesmo captando a direção de sua voz, não podia captar seus padrões de pensamento.

– Elser, você me deve! Apareça!

As gargalhadas cessaram e forma substituídas pela voz do silfo, – Acha que está em posição de ordenar alguma coisa, senhor Calisto?

– Não estou ordenando nada. Apenas apareça. – insistiu.

– Muito bem, vou fazê-lo por que quero apenas. – Estava diferente da última vez que se viram, naquela mesma floresta, tempos atrás. – Estou surpreso, pois conseguiu enxotar meu servo. Merece aplausos. – Elser aplaudiu Calisto com um sorriso maroto nos lábios.

Calisto encarou-o sem conseguir extrair um pensamento sequer. Enquanto isso Vekkardi observava a enorme cicatriz que dividia o rosto do silfo de alto a baixo.

– Gosta da minha cicatriz primo? – indagou o silfo passando a mão esquerda sobre o relevo em sua face.

– Por que me chama assim? – quis saber Vekkardi.

– Somos ambos discípulos de irmãos de grande poder – explicou Elser alisando seus cabelos úmidos.

– Entendo.

– A que devo a honra de duas ilustres visitas?

– Sabemos que possuiu um objeto de grande poder.

– Não são tolos o suficiente para terem vindo tomá-lo de mim, estou certo?

– Está. Viemos apenas para pedir seu auxílio.

– Meu auxílio? Por que acreditam que os ajudaria?

– Primeiro por que me deve. Você sabe disso, silfo. Segundo, por que ter como aliado o futuro rei de Lacoresh, pode ser muito útil para você.

Elser riu um pouco, mas refreou-se. – Muito bem. Pelo débito então. Digam-me de que precisam.

***

No dia seguinte, desciam o planalto de Or, retornando às terras de Fannel. Durante o dia, viajaram rumo à capital do baronato, Liont. Por algumas vezes, Calisto tentou extrair informações sobre o objeto que Elser carregava. Mas o silfo tornava-se bastante reservado quanto a este assunto. Calisto soube apenas como era chamado o objeto: Orbe do Progresso.

Era óbvio para o ambicioso e jovem nobre que aquela esfera protegia seu portador contra ataques da força de sua mente. Mesmo uma simples leitura de emoções não podia ser feita, era como se Elser fosse uma parede. O silfo usava um capuz escuro sobre o rosto escondendo a enorme cicatriz. Calisto observou que Elser desenvolvera o costume de apalpar a cicatriz com a mão esquerda espalmada.

Chegariam à capital no cair da noite. Isso seria perfeito, pois buscavam auxílio de uma criatura da noite. Com a companhia do Silfo, Calisto deu uma folga a Vekkardi deixando de incomodá-lo com leituras de mente e jogos de palavras. Porém em determinado momento, percebeu algo que fez com que exclamasse em voz alta. – Incrível!

Elser olhou de lado, franzindo o cenho, com seus lábios grossos torcidos quase como se o desprezasse. – O que é incrível?

– O orbe. Ele não só defende seu portador, mas também a área em que está.

– Como assim? – quis saber Vekkardi.

– Exatamente! Percebe Vekkardi? Também não posso ler sua mente, não se estiver próximo ou atrás de Elser.

Elser revirou os olhos e deu com os ombros. – Ah sim... Pensei que sua percepção fosse mais apurada. – disse sarcástico e completou, – Pelos ventos do mar! Como demorou!

Calisto fechou a cara e engoliu a bile. Não podia confrontar Elser, ao menos não naquele momento.

Elser voltou sorrir. Adorava sua nova posição de domínio. Não era mais empregado de Calisto, mas sim, seu superior.

Vekkardi suspirou aliviado aproximando-se de Elser aos poucos durante a caminhada.

Com a noite foi mais fácil driblar os guardas e chegar até o cemitério de Liont, local no qual Calisto esperava encontrar o Barão Dagon. No alto da colina, puderam visualizar em meio a névoa, a silhueta sinistra do cavaleiro morto-vivo sobre sua montaria. O vento esvoaçava a capa da criatura mas o conjunto permanecia imóvel. Sua voz inumana soou. – Sabia da vinda de vocês. Mas, não esperava que viessem até mim.

– Barão Dagon! – Calisto exclamou e bom tom para que pudesse ser ouvido. – Há quanto tempo.

O cavaleiro e sua montaria desceram a colina mesclando-se na escuridão. Um fraco brilho avermelhado surgiu quando o cavalo zumbi encarou os três visitantes. De súbito uma chama tomou conta da espada empunhada por Dagon e Calisto reconheceu-a como a lâmina elemental que pertencia ao Cavaleiro Vermelho.

Em instantes, estavam a menos de três passos de distância e o cheiro de podridão preencheu as narinas dos vivos. Calisto resistiu e não esboçou reações negativas enquanto Elser e Vekkardi cobriram o nariz e a boca.

– Agora posso vê-los melhor – comentou Dagon, encarando-os com seu olhar sinistro, olhos esbugalhados sem pálpebras brotando se sua face apodrecida.

Calisto pressentiu algo sinistro. Dagon estava diferente, mais falante, mais espontâneo. O que teria lhe acontecido durante o tempo que estiveram separados?

– Ainda tem dever para com meu mestre, Thoudervon? – quis saber Calisto.

– Apesar sua companhia me ser agradável, não lhe tenho dever, exceto se assim for ordenado por meu senhor, príncipe Serin.

Calisto estranhava a postura de Dagon assim como a entonação de sua voz. Este prosseguiu falando. – Lembra-se de quando nos conhecemos?

– Como não? – respondeu o rapaz, – essas são memórias vívidas para mim, de quando saí dos subterrâneos pela primeira vez.

– Quando nos conhecemos soube que nossos destinos estariam entrelaçados.

– Dagon, você está me deixando curioso...

A criatura ou mudara de assunto, ou parecia não raciocinar de forma coerente. – Sim, as sombras me dizem que você veio buscar ajuda.

Calisto pensou, “sombras?”

– Posso ajudá-lo, mas preciso de sua ajuda em troca.

– O que tem em mente? – indagou o rapaz respirando entre os dentes.

– Ainda não é tempo – falou o morto no seu timbre sinistro. – Acha que pode contrair uma dívida cega com um cavaleiro como eu?

Calisto hesitou por uns instantes alisando os cabelos com as mãos. Finalmente deu com os ombros e disse, – Desde que não tenha que pagar com minha vida.

– Certamente que não – Dagon fez seu cavalo virar e sugeriu, – Para onde? Os domínios além da Necrópole?

O nobre fraziu o cenho, ampliando-se a cada fala e gesto do morto-vivo, que algo havia mudado. – Intuição era a última coisa que esperava de você Barão.

– Deixe-me ir adiante, ou seus acompanhantes não terão fôlego.

Com o afastamento do morto-vivo, pode-se se ouvir a respiração de Elser demonstrando súbito alívio. – Tufões! Ao menos a coisa tem alguma consideração!

Vekkardi lembrou-se da história contada por Will, do ataque contra os rebeldes no qual Roubert perdera seu primo. De alguma forma sabia que o silfo Ereriln teria sucumbido na luta contra Dagon. Estava muito incomodado, desconfiado e comentou, – Tem certeza de que devemos contar com ele como aliado? Estou com um mau pressentimento a este respeito.

Calisto cuspiu e disse, – Acho que todos nós estamos.

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