CAPÍTULO 59

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Uma viagem para longe de seus deveres como barão, era tudo que Calisto desejava. O primeiro mês à frente do baronato havia se provado um pouco enfadonho e sacrificado. O trabalho burocrático que estava ligado à posição de barão era muito maior do que experimentara como lorde em suas pouco extensas terras no sul. Lidar com os lordes das províncias que compunham Fannel era particularmente desgastante.

Enfim, estava livre de toda aquela loucura de sua pequena corte. Viajava rumo à Necrópole. Como havia planejado há tempos, levaria pessoalmente para Thoudervon os troféus maiores de sua recente caçada: o cavaleiro Vermelho, a espada flamante e armadura mística com mesmos brasões usados por Thoudervon. Para a viagem, tomou o caminho da floresta de Shind, pois queria evitar questões diplomáticas ligadas a uma visita sua ao baronato de Whiteleaf. O jovem barão fazia juízo de que ainda era muito cedo para tal.

Acompanhavam-no, em sua jornada o mago Chris Yourdon, cavaleiro Derek e o silfo Elser. Todos montados, conduziam uma montaria adicional com o Cavaleiro Vermelho amarrado e amordaçado.

Derek vinha há algumas horas conversando com Yourdon sobre a Princesa Hana. Estava apaixonado e em geral estava de bom humor. O mago zombava discretamente do gigante afirmando que havia sofrido abusos por parte da filha do Rei. Calisto dava pouca atenção para a conversa e estava tenso, sem demonstrar a seus companheiros de viagem sua apreensão.

– Eu não gosto desta floresta. – disse Calisto, dando vazão à sua ansiedade.

Derek suspirou e disse animado, – Ah, Barão, acho um lugar agradável.

– Não pedi sua opinião cavaleiro.

Derek sorriu e pensou, “O mesmo humor de sempre...”

– Não é uma questão de humor seu boçal! Sinto algo diferente. – Calisto transpirava preocupação.

Yourdon disse – Não há o que temer senhor, segundo o Mestre Alexanus, Shind nos é favorável. Temos um forte aliado aqui.

– Você acredita em tudo que seu mestre lhe fala, não é mesmo, mago tolo?

– Eu concordo senhor Calisto. – disse o silencioso Elser. – Algo não vai bem. Está tudo quieto demais.

Calisto suava e projetava sua percepção, buscando inimigos ou pensamentos nas redondezas. Nada recebia, achava aquilo muito estranho.

– Mago, veja se descobre algo com sua feitiçaria! Já!

Chris Yourdon, apesar de confiar nas palavras de seu mestre, aprendeu durante sua convivência com Calisto, a confiar em seus instintos. Pôs sua magia para funcionar buscando sinais hostis.

Derek considerou, – Poderia haver rebeldes em Shind?

Calisto considerou que era possível que rebeldes preparassem algum ataque para reaver seu companheiro.

Yourdon parou seu cavalo e franziu as sobrancelhas louras e delicadas. Calisto também parou, enquanto Derek e Elser avançaram um pouco. O cavalo que carregava Vermelho, preso ao de Yourdon também ficou estático.

O mago disse, olhando para um cristal que segurava nas mãos, – Magia... Sim, uma magia muito forte.

Em seguida, uma forte luz azulada, vinda de longe, tomou o lugar. Soou um estranho zumbido, que logo cessou. Yourdon gritou, – Preparem-se!

Antes que pudesse agir, Elser que estava mais adiante foi surpreendido por três criaturas que saltaram por cima de arbustos. Derek girou o cavalo dirigindo-se para perto de Calisto e dos outros. O cavalo de Elser empinou derrubando-o. Logo duas das criaturas, lobos grandes e fortes de pelagem cinza escura pulavam para atacá-lo. Ágil, o silfo pôs-se de pé empunhando seu sabre leve, possuidor de um fio letal.

Maré VermelhaWhere stories live. Discover now