CAPÍTULO 29

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O rei Maurícius concedeu, a contragosto, a permissão para que Lorde Calisto ficasse hospedado por alguns dias no castelo. O jovem insistiu que seria importante para ele, e para o reino, que pudesse conhecer melhor a capital adquirir e levar consigo, certos bens e alguns profissionais especializados. Permaneceu então em seus luxuosos aposentos em uma das torres gêmeas. Levantava cedo e durante as manhãs, circulava pela imensa Lacoresh na companhia de Derek e alguns de seus novos criados. Visitavam lojas e tavernas. Observava mais do que comprava e procurava compreender o funcionamento da cidade. Para ele, um grande e complexo organismo que seguia diversas regras.

Percebia o medo no ar, e certo clima de insegurança. Utilizava seus sentidos e aprendia a controlar e focalizar a recepção de pensamentos. Mesmo assim, ficava tonto com certa freqüência devido ao surgimento súbito de aglomerações e grandes fluxos de pensamento. Ainda não conseguia ter certeza se o medo que percebia relacionava-se a sua presença, certamente estranha (e muito comentada), ou a algum resquício da guerra recente, novo Rei e mudança políticas e religiosas. É claro, havia também a tal rebelião. Outro objeto de sua pesquisa.

No terceiro dia, já estava habituado com a cidade, mas sabia que a paciência do Rei não duraria muito mais. Nas duas tardes anteriores, encontrou-se com a Rainha com quem conversou por pouco tempo. No último encontro que teve com o rei, recebeu num tom ameaçador, a notícia que devia partir no dia seguinte. Definitivamente, o rei não gostava nada de ter Lorde Calisto em seu castelo e provavelmente suspeitava, ou sabia, de alguma coisa relacionada à sua filha, Hana.

Na primeira noite, recebeu a inesperada visita da Princesa Hana. Era tarde e havia pouco movimento no castelo. A mulher investia sedutora para que Calisto a possuísse. O jovem no entanto, farejava ardil e resistiu como pode, usando a lógica e as convenções formais. Mas ainda assim, após a partida frustrada da astuta Princesa, Calisto tinha a forte sensação de que desperdiçara uma chance, de no mínimo, ter tido uma noite movimentada ao lado da bela mulher.

Na noite seguinte, temia não ter forças para resistir a uma nova investida da Princesa e requisitou ao cavaleiro Derek que lhe arranjasse um guarda para permanecer à sua porta, como vigia. Pretendia com isto, desencorajar uma aproximação da princesa. Sentado em sua cama, refletindo a respeito do dia em Lacoresh, ficou deveras surpreso, quando recebeu sim, uma nova visita da Princesa. Desta vez, ela chegou através da sacada, vestindo muito menos que na noite anterior.

Uma batida na porta de madeira e vidro que dava para a sacada deixou Calisto em alerta. Estava descalço vestindo apenas uma confortável calça de seda negra, para dormir. Alertado pela batida virou-se percebeu a silhueta da Princesa Hana, através dos vidros da porta, teve certeza de que ela era uma bruxa, e dominava o uso de magia. Ela abriu a porta, girando a fechadura dentro do cômodo sem tocá-la.

Entrou acompanhada da forte brisa marítima, agradável, no verão. Havia pouca luz no ambiente para que Calisto pudesse observar o corpo da moça, muito exposto, em detalhes. Usava apenas um robe de tecido semitransparente.

Calisto levantou-se tenso, - Princesa Hana! O que significa isto?

A mulher, tinha os cabelos soltos e seu rosto encontrava-se à meia luz. Seus olhos brilhavam aquosos encarando o rapaz jovem e muito branco. Hana falou sedutora e enigmática, - Boa noite, meu Lorde. Isso são maneiras de receber uma dama?

A voz arrastada de Hana zumbia nos ouvidos de Calisto, deixando-o atordoado. Sem pensar muito tentou recuar dando um passo atrás. Esqueceu-se que a cama estava logo atrás, tropeçou e caiu sentado um pouco confuso. A princesa aproximou-se veloz e tocou-lhe a face com as pontas de suas longas unhas. - Está sem palavras querido?

Calisto engoliu seco e sentiu o forte perfume que Hana usava. Não pode evitar a atração que sentia. Do fundo de sua consciência vinha uma voz quase sufocada que o fez agir e falar. Girou com agilidade e ficou de pé dizendo, - Vossa alteza não deveria estar aqui.

Maré VermelhaHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin