CAPÍTULO 34

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Calisto seguia para o norte acompanhado de uma caravana extravagante. Montava um belo cavalo cinza com algumas manchas brancas. Um presente do duque de Kamanesh. A sela de couro vermelha e os arreios também foram presentes do duque. Seguindo-o, em outros cavalos cedidos pelo duque, vinham seus empregados Rayan e o silfo do mar, Elser. Um pouco à frente, montado em seu cavalo massudo, estava o cavaleiro Derek, vestido com os trajes completos da cavalaria. Ao lado do lorde estava uma figura nova, de quem não havia gostado. Um mago, enviado da Alta Escola de magia chamado Chris Yourdon. Sua montaria era branca e suas vestimentas eram da mesma cor, com tantos tecidos que faziam-no parecer um pouco encorpado, mas na realidade era um jovem magro, de olhos e cabelos castanhos, de feições finas e um constante olhar de superioridade. A única coisa que não era branca em Yourdon era um largo cinturão alaranjado que prendia suas vestes na cintura. O grupo completava-se pela presença do sinistro barão Dagon, que os acompanhava à distância, pois era um sacrifício desnecessário que todos suportassem o forte odor de podridão que o cercavam e a sua montaria, morta-viva assim como ele.

Apesar de haver muito que observar na estrada ou mesmo muitos assuntos para discutir com os membros do grupo, a mente do recém titulado à nobreza, girava em torno dos acontecimentos de dois dias passados.

Pensava na madrugada, na qual acordou num sobressalto. Havia algo em sua cama, algo que chiava. Sentiu um toque frio envolver seu tornozelo. Procurou por uma mente, uma consciência que pudesse atacar, mas logo reconheceu a voz que lhe chiou.

– Acorde, menino mimado...

Com o coração disparado Calisto chutou com força para desvencilhar-se do toque úmido de Weiss. – Maldito! Não tem o mínimo de consideração?

Weiss sorriu, esticando todas as pregas de seu rosto deformado em sem pele, iluminado pela fraca luz amarelada que vinha das grandes janelas do quarto de Calisto. – É claro que não, meu pupilo.

– O que quer? – o jovem levantou-se, buscando suas roupas que estavam em um cabide de madeira.

– O que eu quero? Há! Desta vez não sou eu quem quer nada... Vim apenas para trazer-lhe o recado.

– Quem o mandou? – questionou Calisto vestindo suas calças, profundamente incomodado pela presença de Weiss em seu quarto.

– Seu querido papai...

– Eu não tenho pai! – disse irado.

– Você sabe de quem estou falando.

–Sei.

– Pois então, ele tem um trabalho para você.

– O que?

– Hum, digamos que é uma tarefa perigosa.

– Deixe de rodeios, e vá direto ao ponto professor.

– Muito bem. Ele quer que você capture um demônio que está rebelado.

– Demônio rebelado! Como assim?

– Vou lhe contar... – riu-se Weiss e mancou em direção a porta.

– O que é tão engraçado? – perguntou Calisto desconfiado.

– Quem era aquele idiota cabeludo que tentou impedir minha entrada com um dardo envenenado?

– De quem está falando, de Rayan?

– O ladrãozinho... Coitado! Há há há... – chiou Weiss com prazer. – Um coitado incompetente...

– Você não o matou, não é mesmo professor?

– Não, estava de bom humor, apenas ensinei-lhe uma lição... Se você ficar rodeado por idiotas, seu domínio vai ruir mais rápido que imagina. Vamos lá fora, tratei de trazer pessoalmente os presentes prometidos pelo tolo duque de Kamanesh.

Maré VermelhaDove le storie prendono vita. Scoprilo ora