CAPÍTULO 51

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Era Nanzu, o dia de descanso dos silfos. Também, o dia escolhido para o a realização do desafio de Eluan. Havia um ruído ensurdecedor na grande arena de jogos de Nish. O evento, excepcional, gerava lucro exorbitante para seus organizadores. Os passes custavam de cinco a dez vezes o valor normal e o local estava superlotado.

No camarote principal, estavam o próprio imperador, seus conselheiros e membros da alta nobreza. Todos observavam atentos o solo da arena, no qual estavam depositadas uma dúzia de rasas piscinas d’água. Uma verdadeira legião de silfos do clã místico dos Maki, preparavam encantos desde cedo. Há vários séculos não se via algo assim. Cada piscina recebera encantos, sendo ligadas a olhos mágicos que acompanhavam os participantes em suas provas nas catacumbas do palácio imperial.

Atrás do camarote, uma passagem bem guardada por uma dúzia de soldados da guarda imperial, levava ao palácio. Era uma ponte coberta e suspensa, com tapeçaria fina em toda sua extensão. Através dela, Kyle, Zoros e Melgosh obtiveram acesso ao palácio. Sendo tal façanha possível, por estarem em companhia do venerável conselheiro Zil do clã Orb. Zil estava tenso, apesar de não demonstrar seu estado fisicamente. Logo após passarem pelo portão que dava acesso ao palácio, despediram-se com votos de boa fortuna.

Kyle fora vestido com roupas sílficas de tom alaranjado e recebera forte maquiagem no rosto. Uma coleira prateada ao redor de seu pescoço, deixava claro o fato de ser um servo. Seus cabelos estavam penteados e presos, como os de uma mulher. Sentia-se ridículo. Ao mesmo tempo, estava alerta e nervoso.

Melgosh e Zoros, vestiam seus melhores trajes acompanhados de lindas jóias. Melgosh usava uma túnica verde, com lindos e vibrantes bordados em alto relevo, roupa encantada que pertencera a seu bisavô. Sobre a testa uma tiara dourada que combinava com os brincos em forma de serpentes. Zoros, um pouco mais humilde, usava uma manta de três camadas, que parecia bem pesada. As camadas podiam ser vistas no peitoral, uma fina manta branca junto ao corpo, seguida por uma alaranjada e por fim, grossos panos de um vermelho vibrante caiam até tocar o solo. Vestia um gorro da mesma cor e anéis em quase todos os dedos.

Seguiam por um corredor claro, semideserto. Podiam escutar ao longe, gritos da multidão que assistia aos jogos na grande arena.

– Parece que os jogos começaram – disse Melgosh apreensivo e instintivamente levando a mão a onde estaria o cabo de sua espada.

– Sim – concordou Zoros – muitos jogos sendo jogados de uma só vez.

Kyle percebendo a frustração de Melgosh perguntou, – como poderemos proteger a espada desarmados deste jeito?

– Tenha calma e tenha cuidado com as palavras! – rebateu Zoros – como disse: tudo foi perfeitamente arranjado.

Kyle calou-se e sentiu em seu estômago o efeito de sua apreensão. Seguiram por um longo caminho, corredores e corredores, salões e até alguns jardins internos. Foram abordados diversas vezes por membros guarda imperial que exigiam que toda documentação fosse apresentada. Kyle ficava irritado e frustrado com a situação e principalmente por não saber ao certo sobre seu destino e o destino de seus amigos.

Chegando em mais um corredor limpo, luxuoso e vazio, aproximaram-se de uma das portas. Zoros retirou de seu manto, uma chave grande e vistosa. Colocou-a no buraco da fechadura e girou-a. Abriu a porta colocando o braço para dentro sem entrar. Retirou um embrulho roliço e comprido entregando-o a Melgosh. Kyle imaginou que fosse um espada e ficou na expectativa de receber uma. Mas Zoros voltou a fechar a porta.

– Ei espere, e quanto a mim?

Zoros encarou o rapaz com o olhar fatigado e disse, – É mais seguro se você ficar desarmado. Além disso, já vimos você treinar.

Maré VermelhaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora