CAPÍTULO 7

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Apesar da grande preocupação causada pelos tempos difíceis, Modevarsh demonstrava bastante satisfação. Cuidava dos últimos detalhes da decoração do novo cômodo que acabava de moldar no interior da montanha. Deu-se ao trabalho de criar padrões geométricos simples no piso polido e perfeitamente plano. Havia sido a parte mais difícil do trabalho. Móveis com base de pedra e acabamento em madeira, todos produzidos com velocidade impensável. Sendo apenas possível concluí-los em tão pouco tempo através de meios mágicos. Com uma ou duas semanas poderia construir um jardim interno e fazer umas aberturas que trouxessem luz solar ao local. Por hora, o ambiente seria iluminado por pequenos cristais dotados de brilho azulado. A luz era constante e de pequena intensidade, gerando iluminação suave. Estes cristais foram fixados em protuberâncias cilíndricas cuidadosamente modeladas que podiam ser tampadas com encaixes de pedra opaca.

– Pronto! – disse o silfo ancião dando voz a seu pensamento.

– Agora um pouco de paciência! O bom Radishi contatou-me há pouco me advertindo sobre sua chegada. Devem estar quase chegando. – Modevarsh pensava alto e sentou-se em uma poltrona de pedra recoberta com uma fina camada de madeira e tecido. – Humpf! Depois de tantos anos finalmente cheguei a isto! Conversar sozinho! Seria ansiedade? Minha juventude já se foi! Não é mais hora de sentir ansiedade e impaciência! O que há comigo? Meu fim a se aproximar? Não! Simplesmente não posso ir! Há muito a ser feito. Oito estações! Isso oito estações é tudo de que preciso... Ao menos cinco.

Ajeitava-se na poltrona franzindo o cenho – E quanto a Vekkardi? Essa viagem repentina!! Jovem impertinente! Começou a ficar como o irmão! Não dá mais atenção ao que digo. Preciso meditar a este respeito!

Então o silfo calou-se, fechou os olhos e ficou imóvel até o crepúsculo. O único movimento que fez durante sua meditação era de expansão e contração do tórax. Respirava suavemente e com freqüência muito pequena. Apenas um observador atento poderia notar a respiração suave e lenta. Deixou o estado de contemplação involuntariamente devido a um novo contato por parte de Radishi que anunciou em contato direto com sua mente. “Chegamos senhor Modevarsh! Sinto que seus companheiros estão tão ansiosos como o senhor para encontrá-lo.”

Modevarsh deixou seu estado de meditação um pouco incomodado com a natureza das revelações que lhe foram apresentadas, ainda demasiadamente incompletas.

Mas logo abandonou esta sensação. Foi substituída, de imediato, pela grande satisfação de reencontrar os companheiros do clã que abandonara há tanto tempo.

– Olá senhor Modevarsh! Como tem passado? – Veio a voz de Radishi que entrava na câmara naquele momento.

– Bem. Obrigado por cumprir esta tarefa, bom Radishi. – Modevarsh observou o rapaz e notou que sua pele havia assumido uma bela tonalidade bronzeada. Seus olhos azuis transparentes inspiravam confiança e foi assim desde o princípio, Modevarsh confiou em Radishi irrestritamente. Outro fato interessante era que o jovem tisamirense perdera o hábito de usar roupas em excesso. Vestia uma camisa de mangas curtas e não usava panos enrolados sobre toda a cabeça deixando à vista apenas os olhos. Assim ficava bem à vista a tatuagem circular e vermelha no centro de sua testa assim como sua barba bem cuidada formando apenas um cavanhaque. Modevarsh observava os cabelos negros e encaracolados de Radishi caindo-lhe sobre a face e percebia que Radishi era um jovem bem-afeiçoado.

– É um prazer ser útil Sr. Modvarsh. Seus convidados aguardam sua permissão para aqui entrarem.

Modevarsh franziu a testa e disse – Isso não seria necessário, bom Radishi. – Encarou o rapaz por um momento – Algo o incomoda?

Radishi possuía uma expressão preocupada e desabafou – Sim. Sinto vibrações ruins que aumentam todos os dias, vindas de toda a parte. Incomoda-me não poder contrapor esta onda avassaladora de energia negativa.

Maré VermelhaWhere stories live. Discover now