CAPÍTULO 38

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Caminhavam pelas belas ruas de Audilha, observados pelo olhar desconfiado e curioso dos locais. Lorde Calisto, vestindo um de seus melhores trajes, com suas belas feições e um sorriso sedutor, recém-adquirido, causava sensação onde passava. Ao seu lado, Chris Yourdon, evocava grande respeito, assim como todos os membros graduados da Alta Escola de Magia. Todos comentavam sobre o nobre de olhos negros que chegara para salvar a população da ameaça dos rebeldes e seus bruxos malignos.

Calisto transmitia pensamentos para a mente de Chris. “Sorria mago! Sorria. Não quero ver uma ruga sequer de preocupação em sua face”.

Logo atrás, seguiam o comandante Weimart e os cavaleiros Derek e Edréon. Os três com seus trajes muito limpos, como se estivessem preparados para uma parada. Subiam a ladeira da rua mais rica de Audilha, onde ficava a tão conhecida escola escultura, a casa do prefeito, um templo da Real Santa Igreja e os postos das casas comerciais, Atir, Rollant e Senerval.

A casa Atir, dominava o comércio de vinho em todo o reino. Os Rollant eram responsáveis por transportar e vender obras de arte, principalmente esculturas. Mas raramente faziam negociações, em geral só atendiam encomendas. Já a casa Senerval, lidava com o comércio local e disputava com a casa Atir uma fatia do comércio de peles e pedras preciosas, tendo sua sede em Liont.

– Mas o senhor deve compreender Lorde Calisto – sussurrava Chris – existe uma grande diferença entre demônios etéreos e demônios que chegam até aqui em carne e osso!

– Entendo perfeitamente e por favor, sorria. – disse Calisto entredentes.

– Se é que podemos considerar que têm carne e osso... Enfim, são muito fortes! E se fugiram ao controle dos necromantes que o evocaram, nós pouco poderemos fazer para dominá-lo, em especial sem o nexo!

– Cale-se mago! Não quero ouvir essa ladainha! Sei o que estou fazendo – disse irritado, mas transparecendo para as pessoas confiança e satisfação.

– Chegamos! – anunciou Calisto na entrada da escola de escultura. Era um prédio de três andares com um grande portal de madeira escura de dois andares, perfeitamente esculpido em altos relevos. Cenas rurais, de colheita de uvas e preparação de vinho eram retratadas em oito subdivisões retangulares. O portal era dividido ao meio e ambas as metades estavam abertas.

Sob o portal retangular, havia um homem loiro de rosto bem cuidado, com bochechas rosadas. – Sejam bem-vindos. Meu nome é Regis, sou o chefe da oficina de escultura em pedra. – As mãos do rapaz eram brutas, unhas grandes e sujas e dedos calejados, uma completa antítese de seu rosto.

Calisto sorriu e disse, – Olá Regis. Podemos conhecer a escola?

Era um rapaz gentil, e a gentileza de Regis incomodava um pouco o Lorde.

– Pois sim! Nossa escola fica honrada com sua visita Lorde Calisto – Aceitou Regis, ligeiramente tenso. Calisto percebendo-lhe a tensão, investigou-lhe a superfície dos pensamentos. Regis tinha grande estima pelo diretor da escola, Mestre Carulvo, mas temia os contatos de seu mestre com a nobreza. Aparentemente a língua do diretor perdera os freios. Apesar da tensão, o escultor parecia estar atraído pela beleza de Calisto e pensava por vez ou outra que seria bom retratá-lo em uma escultura.

– Ótimo! – disse Calisto e virou-se – Derek, Edréon e Weimart, podem nos aguardar aqui fora. Voltaremos em breve.

Seguiram pelo corredor principal da escola. Escutando ao longe barulhos de entalhes sendo realizados, metal e madeira sendo serrados e conversas difusas. – Sabe Regis, sou um grande apreciador das artes – mentiu Calisto. – E acho, que as artes e militares não combinam. O que acha?

Maré VermelhaWhere stories live. Discover now