CAPÍTULO 40

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A volta a Audilha causou grande sensação. Em pouco tempo uma multidão de curiosos estava em uma das praças, disputando espaço para ver besta capturada. Logo pessoas importantes e influentes chegaram ao local. Um dos soldados, um batedor veloz havia se adiantado para dar a notícia em Audilha. O jovem lorde ficou cheio de satisfação quando percebeu que o próprio senhor da província de Manile, Lorde Lenidil, estava presente.

As dores de cabeça já haviam passado e antes de desmontar de seu corcel, Calisto tentava localizar Rayan na multidão. O espião acenou para Calisto, com um lenço vermelho em mãos. Logo depois, estabeleciam contato mental.

“Rayan. Fez seu trabalho? Encontrou nosso títere?”

– Sim senhor – sussurrou Rayan, desacostumado a pensar para responder. – Encontrei alguém melhor do que imaginava, se tivermos sorte, será um espetáculo e tanto.

“Ótimo, mal posso esperar...”

Havia um pequeno palanque improvisado, de dois degraus apenas. Sobre o mesmo, encontrava-se Lenidil, tal qual a estátua da fonte, ladeira abaixo. Não era alto, vestia-se com relativa simplicidade. Usava uma túnica azulada, de tecidos finos e folgados. Tinha a testa larga e pequenas marcas da idade. Seus olhos castanhos eram grandes e atentos, sobre a cabeça usava um pequeno gorro com uma grande pluma branca. Observou que Carulvo, e outras personalidades, como os chefes das casas comercias e membros do clero também estavam presentes.

Lorde Calisto desceu e foi aplaudido. A bajulação fez com que sentisse uma forte energia, que nunca sentira antes. Naquele momento, descobriu uma de suas características ocultas, gostava ser adorado pelas massas.

Lorde Lenidil convidou-o ao palanque após cumprimentá-lo ofereceu com presente simbólico, a chave da cidade. O povo aplaudiu e o Lorde fez um breve discurso em agradecimento pela vinda de Lorde Calisto e pela captura da besta, que causara tantos prejuízos. Foram lamentadas as mortes de diversos fazendeiros e comerciantes e a perda de algumas importantes plantações.

Chegava o momento do jovem falar. Todos ficaram em silêncio. Ele era capaz de atuação e cinismo tais, que deixariam Rayan, especialista no assunto admirado. – Caro Lorde Lenidil, agradeço do fundo de meu coração as homenagens a mim prestadas. No entanto, gostaria de lembrá-lo e a todos, que a captura do terrível monstro, só pôde ocorrer pelo trabalho de equipe. – Indicou com as mãos, sorrindo com grande satisfação, seus colaboradores. – O cavaleiro Derek. Edréon. O bem conhecido por vocês, comandante Weimart. O mago Chris Yurdel.

Yourdon corou ao escutar seu nome sendo pronunciado de forma errada.

– E todos os outros, soldados e colaboradores. Incluindo o talentoso mestre Carulvo, que consentiu em interromper suas atividades para construir-nos, uma jaula para criatura.

O povo aprovou a fala de Calisto. Uns diziam. – Como ele é generoso! – outros, – Um herói! – e outros tantos comentários de aprovação se misturavam.

Calisto sinalizava com as mãos para que fizessem silêncio. Prosseguiu, – Penso que apesar de um momento de comemorações e homenagens, devemos trazer nossa atenção para um terrível assunto. – Fez silêncio, estabelecendo suspense.

– Hoje começa uma nova era. Uma era de verdades! Vim a vocês, justamente para isso. Quantos de vocês já não ouviram histórias estranhas, sobre bruxos, monstros mortos e demônios? E que lhe dizem? Dizem que são lendas? Dizem que são exageros?

A multidão pensava no que o Lorde dizia e alguns concordavam produzindo certo murmúrio.

– Tragam a besta! – ordenou Calisto.

As grandes rodas de madeira da jaula giraram e foi trazida até próximo do palanque.

– Observe, Lorde Lenidil! Observem, povo de Manile! Observem esse monstro! Veja, ao que recorrem os rebeldes para minar o poder do reinado de nosso corajoso rei Maurícius!

Maré VermelhaWhere stories live. Discover now