Maré Vermelha

By carlosmrocha

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Kyle e seus companheiros atravessam mares no navio, Estrela do Crepúsculo, com a ajuda do capitão Dacsiniano... More

Lembrete
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
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CAPÍTULO 29
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CAPÍTULO 69
CAPÍTULO 70
CAPÍTULO 71
CAPÍTULO 72
CAPÍTULO 73
CAPÍTULO 74
CAPÍTULO 75
CAPÍTULO 76
CAPÍTULO 77
CAPÍTULO 78
CAPÍTULO 79
Epílogo

CAPÍTULO 62

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By carlosmrocha

Os hinos entoados pelos acólitos da Real Santa Igreja deixavam Calisto tranqüilizado e ajudavam-no a pensar. Era dia de culto na Catedral de Liont e sua posição de Barão exigia sua presença. Sua visita à necrópole não saia de seus pensamentos. Observava o interior da catedral no fim de tarde. Luzes vibrantes atravessavam os vitrais multicoloridos refletindo sobre o interior repleto de esculturas e ornamentos com temas religiosos. Muita riqueza era ostentada naquele templo, com figuras cobertas por ouro, prata e pedras preciosas. Se nos tempos atuais apenas as vozes de falsos profetas podiam ser ouvidas nestes espaços, ao menos, algum traço da divindade ainda podia ser percebido na beleza das formas, cores e espaços.

Sua mente isolava-se do entorno travando possíveis conflitos políticos. Vantagens, desvantagens, causas e efeitos. No meio de sua trama um desvio: uma fragrância ou cor levou seus pensamentos à rainha; Alena. Como ela atrapalhava seus planos! Como ela atrapalhava tudo!

O culto prosseguia, diversos meninos e meninas de olhos eclipsados eram levados ao altar e louvados. Era neles que o povo ignorante depositava suas esperanças. Os anunciadores de um tempo de paz e grande fartura. Enquanto os hinos deixavam o barão mais calmo, a ladainha proferida pelo Bispo Piont conseguia irritá-lo profundamente. Na mente de Calisto novos pensamentos: “A grande eclosão! Grande eclosão? O que poderia significar? Preciso descobrir sobre isto a todo custo!”

Por vezes, Calisto começava a detestar as responsabilidades adquiridas por sua nova ocupação. Considerou por várias vezes os pesos de suas decisões. Por que não fugir com a Rainha rumo a Dacs? Poderiam levar muitas riquezas e ter uma vida calma e proveitosa. Mas e quanto ao estratagema dos sete aliados obscuros? Não poderia dar as costas para algo assim. Corria o risco de ser vítima da eclosão. O que aconteceria com lugares distantes como Dacs? Seriam dominados? Envolvidos em algum conflito? De que valeria riqueza. De nada! A única coisa que tem valor é a força e astúcia. No fim, tudo se resume à lei do mais forte. É por isso que precisava ser forte e astuto.

Tomado pela surpresa, ouviu em sua mente: “Caro Barão. Não deve descuidar-se dessa forma com seus pensamentos!”

Calisto fechou sua mente, percebendo sua distração. Talvez a música, talvez Alena. “Radishi? Tão perto?” Uma olhadela para trás, revelou ao longe, como fonte dos pensamentos, um homem envolto em manto humilde, feito de retalhos sujos e envelhecidos.

“De certo, meu caro amigo, é hora de conversarmos sobre assuntos importantes”.

“Muito bem, diga o que deseja rebelde atrevido!”

“Desejo ajudá-lo, e muito. Mas antes você precisa se decidir.”

“Fala de tomá-lo como professor, não é?”

“Sim, tenho observado você e aguardando uma boa oportunidade para discutirmos o assunto”.

“Como assim, me observado?”

“Para mim, é uma tarefa simples manter minha presença oculta, mesmo com suas faculdades”.

“Entendo. É um grande jogo e já tomei minha decisão: não serei mais um peão.”

“Muito bem. Que possamos acertar nossos encontros. O que acha de tomar lições aqui mesmo na catedral, durante os cultos?”

“Está certo disso?”

“Imagino que seja a melhor maneira de não levantar suspeitas indesejadas. Afinal, podemos trabalhar com a mente. Mas está certo, meu caro, para algumas lições mais duras, talvez precisemos combinar um outro local. Afinal, não seria bom se você fosse visto gemendo ou desmaiando durante os cultos.”

“Percebo”.

“Comecemos na semana próxima e lembre-se: fique longe da cordilheira.”

Desfizeram o contato mental e cada qual pensou separadamente.

Calisto pressionou os punhos e cerrou os olhos. “Ainda vou saber mais sobre meu velho...”

Radishi virou-se para abandonar a catedral e pensou com um leve sorriso nos lábios, “Acho que há esperanças. Afinal, agora surgiu uma gota de amor sincero em seu coração. A rainha será a chave para retirar o filho de Shaik Kain das trevas. E qualquer um que ama, deve ser conduzido à senda do bem”.

***

Algumas semanas e suas respectivas lições haviam se passado. Calisto ainda não havia despertado os centros de poder de sua mente e as preocupações de Radishi aumentavam. A cada dia, a cada semana, as trevas avançavam e novas situações de tensão surgiam. Temia com todas suas forças que a revelação intuitiva que tivera fosse concretizada. Temia o encontro entre pai e filho, tão diferentes em suas ações, mas da mesma dureza de suas naturezas internas, a mesma teimosia. Teve maus pressentimentos ao saber da viagem de seu novo discípulo em direção à cordilheira de Thai, pois os recentes conflitos na região não ficariam sem uma resposta.

Não soube de detalhes porém um fato era notável: Thodur Balink, patriarca dos anões remanescentes que viveram na região próxima à antiga cidade de Xilos, havia retornado de uma jornada de volta da grande nação dos túneis de Greyslate. Os poucos anões libertados por Modevarsh, Gorum, Archibald e Radishi, retornaram à suas terras, levando consigo alguns humanos, todos ex-cativos sob domínio e torturas dos necromantes.

A expedição de Calisto já estava distante das terras de Fannel. Haviam atravessado os baronatos de Bandeish e Whiteleaf sob disfarce, pois não havia justificativa para visitas oficiais, nem mesmo para perda de tempo com formalidades que a nobreza e o clero não dispensariam.

Porém, teve um encontro extra-oficial com o Barão Aaron de Whiteleaf. O encontro deixou o jovem Barão de Whiteleaf bastante preocupado e na manhã seguinte, houve grande movimentação de tropas e mensageiros por todo o baronato.

Deixando os limites da civilização, o Barão Calisto pode dispor-se de seu disfarce.

Estava acompanhado pelo Cavaleiro Derek, um tanto quieto nos últimos dias. Além do cavaleiro, viajavam alguns membros de sua guarda pessoal e um experiente batedor que carregava mapas e planos de viagem. Rayan, outro homem de confiança do jovem barão, estava ocupado como o de costume e resolvia pequenos problemas políticos na província de Vaomont.

Os pensamentos de Calisto circulavam entre alguns temas. Sua última conversa com Thoudervon, suas lições com Radishi, sua amada Alena e a questão dos anões. Fora escolhido para investigação, justamente por ter a chance de sondar-lhes as intenções. Se representassem uma ameaça, deveria dissuadi-los ou se possível, eliminá-los.

Lidar com um bando de anões seria coisa simples, porém, tinha um mau pressentimento quanto à jornada. Lembrava-se das advertências de Radishi quanto a ir até a cordilheira de Thai. Seria possível que seu pai tivesse alguma forma de localizá-lo? Haveria um confronto?

Enquanto indagações e mais indagações passavam pela mente preocupada de Calisto, Derek bocejava entediado. – Senhor? Não seria melhor acamparmos por aqui e seguir montanha acima amanhã?

– Como quiser Derek... Cuide de nossas defesas.

Aproveitando a deixa, Calisto sentou-se em uma rocha e passou a observar o sol, já baixo, descendo nas terras dos bestiais. Precisava praticar meditação conforme os ensinamentos de Radishi. Concentrando-se já podia captar pensamentos e emoções em distancias cinco vezes maiores que costumava fazer no ano passado. Tudo tranqüilo, nenhuma presença ameaçadora. Apenas alguns animais pequenos, insetos, etc. Percebia a preocupação de seus homens e em Derek as coisas de sempre. Desejo de comer, beber e mulheres. Algo havia mudado no íntimo do cavaleiro após contatos íntimos com a Princesa Hana. Havia algo que não podia enxergar com clareza, um ponto escuro. Isso só reforçava sua crença de que Hana deveria ser uma bruxa perigosa. Precisava tomar muito cuidado com ela. Mas por hora, tanto ela como a Rainha Alena estavam distantes e não poderiam causar maiores problemas.

A noite avançou rápido e Calisto observava sua passagem sem dormir. Aprendia a relaxar os músculos e olhos através da meditação. Assim podia minimizar sua necessidade de dormir.

Com a chegada da manhã bastante fria, tiveram uma prévia de como seriam os próximos dias de viagem. O clima na cordilheira era sempre frio, independente da estação. Depois do primeiro dia de subida, mesmo sem a presença de neve, o frio já era difícil de suportar. Ventos gelados cruzavam os céus e neblinas constantes bloqueavam a visão. A certo ponto, Calisto se questionava. Por que um barão deveria se submeter a uma viagem como estas? Por que não gozar do calor e conforto de seu castelo? Sabia a resposta. E detestava. Isso ocorria porque na verdade, apesar de ter adquirido o título de Barão, sua função era de mero peão no contexto do reino.

Chegava o tempo de mudar isto. Era hora de mudar o rumo dos acontecimentos. Precisava de um trunfo para jogar e percebia nesta missão uma oportunidade. Três dias de frio, ventos torturantes, roupas molhadas e noites mal dormidas traziam o humor do jovem barão a níveis perigosos.

Derek e sua guarda pessoal, habituada ao mau humor e maus-tratos de Calisto, escutavam suas reclamações, exigências e insultos sem pestanejar. Porém, o batedor que guiava o grupo não suportava mais a viagem.

Calisto, irônico, chacoteava do batedor enquanto tentava organizar os mapas e traçar referências. – Eu tenho certeza de que chegaremos ainda hoje a nosso objetivo. Não concorda, Derek?

– Por que não pergunta ao guia? – retrucou o cavaleiro de boca cheia. Mascava goma de raiz para enganar sua fome.

– E então guia, o que nos diz? Tem certeza de que é capaz de se orientar em face de dias seguidos cheios de nevoeiro?

O guia parecia concentrado na tarefa que executava, agachado observando mapas contra o solo. Acabou por ignorar a fala de Calisto.

– Escute moleque! Estou falando com você! – disse Calisto irritado, ao mesmo tempo que golpeou o rapaz com um chute na barriga.

O guia rolou de lado e encarou Calisto com ódio nos olhos. Calisto advertiu, – É melhor não dizer o que está pensando.

O rapaz levantou-se bufando. Era a gota d’água. – Se sabe o que penso maldito bruxo? Por que não dizer em voz alta?

Calisto empinou o nariz de forma característica e deu um sorrisinho irônico. Balançando a cabeça descrente do que via comentou, – Mas não é verdade? O pajem resolveu insultar o barão!

O rapaz finalmente explodiu, – Barão? Você não é nem meio barão! Não passa de um moleque mimado e afeminado que usurpou sua posição através de tramóia mesquinha e covarde.

Derek deixou escapar uma risadinha e Calisto fechou a cara dizendo, – Eu avisei para você não dizer o que estava pensando! Agora...

– Agora o que? Seu afeminado? Vai mandar seu macho aí atrás acabar comigo? Covardão! Isso é que é! Nunca teria a coragem de me enfrentar de homem para homem!

Percebendo a postura da guarda e de Derek frente o desafio, Calisto fez o gesto simbólico de que aceitaria uma luta: desabotoou sua capa deixando-a cair no chão. – Já agüentei sua petulância mais do que devia. É hora de termos um novo guia para esta expedição.

Calisto era cruel e injusto. Lia cada intenção de ataque do pobre guia que errava golpe após golpe. Em momento algum precisou usar as mãos. Castigou-o com rasteiras e pontapés dados com vontade e à vontade no pobre rapaz. Após castigá-lo de forma impiedosa por um bom tempo, pisou-lhe o peito e fazia esforço para escutar as palavras do rapaz moribundo.

Com a boca cheia de sangue e alguns dentes a menos, o rapaz murmurava. – Maldito bruxo de olhos negros... Maldito seja...

Calisto ajoelhou-se sobre um dos ombros do rapaz e segurou-o pela garganta. Percebeu a intenção do guia em cuspir em seu rosto, mas antes disso dominou sua mente e paralisou seu rosto. Por alguns instantes se encararam, Calisto vasculhou suas memórias e serviu-se do que lhe era útil. Aprendeu a ler mapas um pouco melhor do que fazia e tomou uma série de informações geográficas sobre o reino de Lacoresh e suas redondezas. Violou de forma tal a mente do rapaz que aos poucos destruiu sua sanidade.

Calisto levantou-se buscando os mapas no chão presos com pedras para não voarem. Olhou para Derek e sua guarda que olhava-no com horror nos olhos.

– Que vida fútil e infeliz a deste rapaz. Que bom para ele que chegou a um fim. Se algum de vocês quiser exercitar a piedade, eu permito que lhe tirem a vida. De outra forma, ficará deitado aí, com a mente de uma mula, apenas esperando a morte chegar, ou que pássaros o comam vivo.

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