Maré Vermelha

By carlosmrocha

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Kyle e seus companheiros atravessam mares no navio, Estrela do Crepúsculo, com a ajuda do capitão Dacsiniano... More

Lembrete
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 44
CAPÍTULO 45
CAPÍTULO 46
CAPÍTULO 47
CAPÍTULO 48
CAPÍTULO 49
CAPÍTULO 50
CAPÍTULO 51
CAPÍTULO 53
CAPÍTULO 54
CAPÍTULO 55
CAPÍTULO 56
CAPÍTULO 57
CAPÍTULO 58
CAPÍTULO 59
CAPÍTULO 60
CAPÍTULO 61
CAPÍTULO 62
CAPÍTULO 63
CAPÍTULO 64
CAPÍTULO 65
CAPÍTULO 66
CAPÍTULO 67
CAPÍTULO 68
CAPÍTULO 69
CAPÍTULO 70
CAPÍTULO 71
CAPÍTULO 72
CAPÍTULO 73
CAPÍTULO 74
CAPÍTULO 75
CAPÍTULO 76
CAPÍTULO 77
CAPÍTULO 78
CAPÍTULO 79
Epílogo

CAPÍTULO 52

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By carlosmrocha

Chegara a hora do império dos silfos do mar, confrontar-se com a onda de mudanças que chegavam a todos os cantos do mundo. Naquele dia, a história estava sendo escrita. Um antigo choque de interesses entre os clãs seria decidido através de um jogo. Os principias peões eram estrangeiros que, estranhamente, posicionavam-se na capital, junto à realeza e junto ao povo.

O formalediônio era uma criatura terrível e ameaçadora. Um grande massa composta de poderosos músculos e escamas verdes e amareladas de grande resistência. Uma criatura que apoiava seus três pares de patas no chão, simultaneamente. Grande e pesado, porém ágil. Portador de uma mandíbula poderosa e dentes afiadíssimos, o temível predador enxergava o mundo através de uma dezena de pequenos olhos amarelados enfileirados na cabeçorra ameaçadora, da qual, despontavam incontáveis chifres e espinhos. No dorso, um grosso tapete de pelos escuros completavam a imagem de uma besta infernal, diferente de qualquer criatura comum que habitava a terra. Um poderoso domo de energia mágica fora erguido em toda área da arena, para impedir que a criatura escalasse as paredes invadindo os camarotes ou mesmo as arquibancadas.

Dois experientes magos do clã Maki, especializados em magias de controle de bestas e animais, mantinham a criatura sob controle enquanto os desafiantes eram introduzidos na arena.

A multidão aplaudiu a entrada dos estrangeiros, como se fossem heróis e mal podiam esperar pelo início do combate que prometia ser sangrento.

Naquele momento, Kiorina precisava de ajuda, pois suas pernas bambearam, perdendo as forças. Suor em abundância lhe brotava da testa. Archibald tomou-a nos braços e a princesa Aeycha balançava-lhe a face, assustada pela palidez súbita assumida pela ruiva. – Kiorina! O que houve?

A jovem sentia grande embrulho no estômago e disse, – O toque de Fernon... ele está próximo...

Archibald olhou para os lados e notou que os guardas estavam agitados. Até mesmo assustados. Muito ocorria simultaneamente. Naquele mesmo instante, dezenas de escravos estrategicamente posicionados nas arquibancadas, davam início a uma matança sem sentido. Retiravam lâminas escondidas por magia poderosa e atacavam todos os silfos que apareciam em sua frente. O caos era estabelecido. Muita correria, silfos pisoteando silfos, guardas sendo empurrados e eventualmente pisoteados. Todos queriam fugir dos assassinos nas arquibancadas que surgiram do nada, atacando de forma indiscriminada. Na arena, os estrangeiros se engajavam contra o formalediônio, mas poucos davam atenção a isto. Próximo aos camarotes, portões eram fechados e nobres tremiam sem saber o que acontecia e sem saber o que fazer. Próximo ao imperador, um grito de criança era silenciado por uma lâmina tremula nas mãos de um silfo cujo olhar era insano e assustador. A poucos passos do imperador, estava o criminoso sílfico mais procurado em tempos recentes, ninguém menos que o famoso e audacioso capitão Shark. Pressionando sua lâmina contra a garganta do jovem príncipe Kiel, Shark gritava como um maníaco, – A espada! Eu quero a maldita espada flamejante de Quill! E quero agora! – Atrás dele, uma figura recoberta por escuridão, parecia sondar o camarote em busca de oponentes.

Ao mesmo tempo no interior do palácio, Kyle, Melgosh e Zoros assitiam à execução veloz dos sentinelas que guardavam a entrada para a sala de tesouros do império sílfico.

– Silfos negros... – sussurrou Melgosh com grande desgosto.

Kyle sentiu que um combate era eminente, e recordando-se dos ensinamentos de Noran, concentrou-se, sentindo os pelos do corpo arrepiando-se.

Zoros sentiu-se enjoado e soube, logo estaria frente a frente com o próprio Lévoro.

Seis silfos vestidos com mantas negras colantes e com o rosto recoberto por máscaras de cerâmica empunhavam lâminas curvadas pouco maiores que seus antebraços. Com a agilidade de predadores, moviam-se como sombras atingindo seus opoentes na garganta e órgãos vitais, eliminando-os apenas com um golpe.

Melgosh correu em direção aos silfos negros. Desembainhou a lâmina que se revelou como nenhuma a menos que a própria Maré Vermelha. Logo o ambiente foi tomado pela característica brisa fria, que crescia a cada momento. Melgosh atacou os assassinos com frieza e crueldade, não oferecendo chance de sobrevivência com seus golpes.

Kyle confrontou o primeiro silfo negro e percebeu em seus movimentos, um estilo de luta semelhante ao seu. Recebeu uma série de ataques, e precisou de toda sua perícia para desviar-se dos golpes. Os silfos negros não utilizavam suas lâminas como armas comuns mas sim como extensões de seus punhos. Segurando as lâminas rentes aos próprios antebraços, atacavam com socos e cotoveladas que ao atingir o alvo, seriam seguidos da ação das lâminas, emparelhadas aos seus corpos.

Kyle recordou-se da primeira vez que lutou pondo sua vida em risco. Uma luta armada contra os bestiais. Como tudo havia mudado. Como teria sido fácil vencer as feras e seus rudes movimentos de combate com suas novas habilidades. No entanto, os silfos negros pareciam ter recebido treinamento nas artes do combate místico. Forma de lutar na qual, energias com campo invisível atuavam favorecendo muito o portador da técnica de harmonização energética.

Ainda assim, seu domínio, quase instintivo daqueles fluxos energéticos, era superior ao contato rudimentar possuído pelos silfos negros, o que o guiava a uma inevitável vitória. Dois silfos negros derrubados por Kyle, e três por Melgosh e a poderosa Maré Vermelha. Sangue sílfico era absorvido pelos carpetes luxuosos da antecâmara do tesouro do palácio imperial.

O último dos silfos negros, parecia ser o líder e escondia atrás de sua máscara azul, olhar ameaçador. Melgosh fora forçado a embainhar a lâmina para evitar que uma terrível tempestade destruidora tomasse o lugar. Por um instante Kyle e Melgosh encararam o oponente em silêncio.

Zoros porém, tinha a atenção voltada para outro evento. Observava uma fina camada de bruma púrpura vazar por baixo do portão que levava à câmara do tesouro imperial. Sentindo enjôo característico de partilhar a presença com o temível Lévoro, Zoros acusou. – Devemos agir! O maldito já está operando atrás deste portal.

O silfo negro posicionou-se em frente ao portão e disse confiante, – Pois tomem suas ações! Mesmo que sejam suas últimas.

Melgosh ergueu a Maré Vermelha e avançou contra o líder. Movendo-se como uma sombra, o silfo negro atingiu Melgosh com uma sucessão de golpes. No instante seguinte, Melgosh estava desarmado e agonizava no chão vendo seu sangue escorrer e a Maré Vermelha caída distante de si. Antes que o silfo negro despachasse um golpe final contra Melgosh, Kyle entrou em ação girando o corpo e desferindo uma seqüência rápida de chutes e pontapés aéreos cuja habilidade deixaria impressionados os mais habilidosos acrobatas mambembes.

Logo, o silfo negro revidou, mostrando-se superior no domínio técnico da luta. Apesar disso, Kyle carregava uma quantidade de energia elevada em seus movimentos que conseguiram ocupar a atenção do silfo negro.

Aproveitando-se da possibilidade, Zoros avançou evocando um poderoso feitiço que escancarou o portão da câmara do tesouro instantaneamente.

Um forte nexo era formado no interior da enorme câmara. De seu centro, uma penumbra fraca podia ser vista. Zoros sentiu o coração gelar e soube que aquele era o momento de confrontar a morte, o momento de confrontar Lévoro.

Na antecâmara, Kyle defendia-se como podia e assustou-se ao verificar que as mãos do silfo negro haviam tomado aspecto reluzente e multifacetado. Foram convertidas em cristal, duro e afiado. Kyle conseguiu perceber um momento de distração do silfo, talvez pelo esforço da transmutação de suas mãos, e avançou com um golpe certeiro contra a face. A máscara partiu-se se dividindo em vários pedaços e um deles cortou-lhe a face. O rosto do silfo negro fora revelado, e não era outro, que o do próprio conselheiro Alderic. Porém Kyle não pôde reconhecê-lo. Revidando violentamente, Alderic cravou as unhas cristalizadas no abdome de Kyle rasgando as vestes e abrindo-lhe quatro cortes paralelos.

Alreic proferiu divertindo-se com o fato de ter recebido um golpe certeiro no rosto, – Há há! Filhote! Sua habilidade é surpreendente, mas nunca será capaz de derrotar-me!

Kyle sentia os ferimentos no abdome arderem e arrastava-se para trás. Não conseguia parar de pensar. “Ele está certo! Não posso derrotá-lo. Ele é forte demais. Vamos falhar. Vamos falhar.”

No interior da câmara, Lévoro e Zoros se encaravam. Zoros convocou seu feitiço mais forte, e enviou duas dúzias de estacas de gelo certeiras contra os órgãos vitais de Lévoro. Uma após a outra, atingiriam o oponente, quebrando-se em mil pedaços e nada causando ao silfo antigo.

Lévoro sorriu e disse, – É tudo que pode fazer? – Mostrou o anel em seu dedo e declarou, – Este nexo é muito poderoso! Confere plena imunidade contra feitiços elementais. – Apontou a mão direita para Zoros, e fechou-a lentamente como se segurasse algo entre os dedos.

De imediato, Zoros sentiu uma forte dor dentro de seu tórax. Sentia que com a vontade, Lévoro podia comprimir seus órgãos à distância. Sentindo muita dor ajoelhou-se e de seus olhos jorraram lágrimas. Lévoro pensou no coração de Zoros e comprimiu-o impiedosamente. Logo, Zoros perdia seus sentidos. Morreria com os olhos abertos e vidrados observando as ações de Lévoro.

Lévoro voltou-se para a imensa quantidade objetos amontoados naquele local e gesticulando apenas, revirava os objetos à procura da espada de Quill. Arremessava escudos, punhais, bastões para todos os lados na procura da lâmina.

Na antecâmara, os pensamentos de Kyle o traiam, e talvez, por não conseguir enxergar um caminho de vitória, foi derrotado por Alderic após defender-se com toda sua energia por alguns instantes. Sofrera diversos cortes e sua roupa não passava de farrapos. Atingido com um golpe forte na nuca, perdeu os sentidos.

***

Enquanto isso, a situação na arena era caótica. Um dos estrangeiros havia sido abatido pelo formalediônio. O anão, lutara bravamente mas perecera, abocanhado pela forte e letal mandíbula da besta. Com o mais forte dos guerreiros do grupo morto, as esperanças de vitória dos estrangeiros eram cada vez menores.

Alguns dos escravos que geravam caos nas arquibancadas haviam sido abatidos, mas abatê-los provou-se muito difícil. Não sentiam dor e poucos ligavam para suas vidas. Estavam drogados e lutavam como loucos. Apenas com a chegada de reforços, arqueiros da guarda palaciana, os escravos enlouquecidos foram controlados.

Paralelamente, Shark ameaçava a vida do jovem príncipe, de quem um dia fora amigo, enquanto Fernon, lançava maldições contra os guardas presentes no local. O imperador, escandalizado era acudido por um nobre e estava prestes a perder os sentidos.

– Vamos, seu inútil! Ordene que a espada seja trazida a mim! – gritava Shark, enlouquecido.

O imperador mal podia articular alguma palavra. Nunca em toda sua vida fora confrontado com alguma situação de perigo real, vivera sempre numa redoma de proteção forjada pelos seus fiéis súditos.

Afinal, conseguiu falar com sua voz aguda, – Por favor, acalme-se. Terá sua espada. Por favor, não machuque o príncipe!

Shark aproximou-se e disse, – Machucar o príncipe?! Nunca...! Como machucaria um amigo querido?

O Imperador estava face a face com um perigoso criminoso. Não sabia o que fazer, não sabia como agir.

– Usei o príncipe, apenas para obter a espada. Apenas para aproximar-me de você! – Com isso, soltou o príncipe e avançou com sua lâmina contra o próprio imperador. Surpreendendo a todos, cravou o punhal no peito do silfo mais importante do arquipélago e sorriu largamente ao fazê-lo.

Aeycha que chegava ao local, acompanhada de Archibald e Kiorina gritou, – Papai! Não!

Shark encarou a princesa com um olhar sádico e lambeu os lábios.

Aeycha caiu em prantos enquanto Archibald convocava o poder divino a seu favor. Intuitivamente, sabia que Shark havia sido resgatado da morte por Fernon e com seu contato com a divindade, imaginava poder contrapor a maldade de Shark.

Kiorina bufou ao encontrar-se com Fernon mais uma vez. Todo seu ódio acumulado, canalizado pela magia transformou-se uma forte rajada de chamas que engolfou o necromante. Sem a proteção oferecida pelo nexo, Fernon sentiu sua pele arder, gritou e em desespero atirou-se do camarote em direção a arena.

Archibald confrontou Shark, mas havia subestimado o poder que havia no silfo. Acertou-lhe um forte soco no rosto, girando-lhe o pescoço e produzindo um forte estalo. O pescoço de Shark estava definitivamente quebrado. Mas isso não o afetara de forma significativa. Com a cabeça torta segurou Archibald nas vestes, com sua mão esquerda e ergueu-o ao ar como se fosse feito de papel. Em seguida, arremessou-o contra um grupo de silfos que se aproximava para acudir o imperador.

Kiorina, percebendo o grande poder da escuridão que emanava de Shark decidiu livra-se dele, sem procurar derrotá-lo. Levitou-o e em seguida arremessou-o para fora do camarote, para dentro da arena.

Archibald levantou-se sentindo os ossos doloridos para ver a princesa Aeycha segurando o imperador agonizante em seus braços. Aproximou-se e investiu o que lhe restava de energia num cântico curativo. O ferimento era grave e Archibald não conseguiria curá-lo. Poderia apenas adiar por mais alguns momentos a morte do imperador.

Causando distração no Formalediônio, a queda de Shark e Fernon deu aos estrangeiros uma chance de escapar e viver por mais alguns instantes. Tendo falhado em contrapor Archibald e Kiorina, Fernon, mesmo ferido, apelaria para seu último golpe. O necromante, queimado e atordoado por diversas fraturas em seus ossos evocava com grande ódio os poderes das trevas. De seus lábios ensangüentados e sussurrantes, palavras de maldição e evocação do nome de mil demônios teciam uma teia de energia das trevas direcionada à besta enfurecida. O formalediônio, urrou e com ira potenciada, quebrou os laços tênues que conferia aos silfos do clã Maki, um certo controle sobre suas ações.

Não só a fera ficara sem controle mas teve seu ódio direcionado para um lugar, o camarote imperial. Os olhos de Fernon mostravam apenas sua face branca, transfigurada e enxergando o além sobrenatural. Sentindo-se satisfeito e certo de que a criatura destruiria seus oponentes, Fernon dolorosamente, transmutou seu corpo, tomando a forma de vermes que em pouco tempo, dispersaram-se deixando o local para não serem mais vistos. Como seu legado, o fomalediônio furioso que rumava em direção ao camarote.

Percebendo as intenções da besta, por intuição, o silfo estrangeiro chamado pelo povo de Nish de Terimikril, correu veloz buscando alcançar a criatura. Poucos na platéia assistiriam ao ato de bravura, pois a maioria tentava escapar do local naquele momento. Dando tudo de si, saltou em direção à besta segurando-se a sua enorme cauda no instante exato em que a mesma saltou com incrível impulso na direção do camarote imperial.

As enormes patas dianteiras da besta pousaram sobre a sacada do amplo camarote num grande estrondo. Seu corpo massivo colidiu contra a parede rochosa e alguns pequenos pedaços da mesma romperam-se sendo arremessados na direção dos ocupantes do camarote. O silfo estrangeiro absorveu grande impacto, mas conseguiu manter-se firme, segurando a cauda da criatura, que mal o notava.

Imediatamente, guardas atacaram a fera que escalava para dentro do local, com suas lanças afiadas. Sendo furando pelos espetos, a criatura enfureceu-se esmagando um guarda com sua pata e desmembrando outro com sua poderosa mordida.

Aeycha gritava com o pai nos braços. O jovem príncipe Kiel, recuperado do choque corria em desespero aproveitando-se de seu tamanho para penetrar em gretas que muitos nobres e oficiais do império não podiam alcançar. Archibald recuava, ajudando a princesa a carregar o imperador ferido. Kiorina assustada, tomando certa distância, convocava um feitiço flamejante que ao ser direcionado, fez pouco efeito na criatura. Combatendo com facilidade o esforço inútil de uma dúzia de guardas, a besta ganhava espaço no interior do camarote e os nobres desesperados acotovelavam-se e pisoteavam-se para tentar escapar do avanço selvagem e mortal da criatura.

Seria uma questão de tempo até que o terrível formalediônio acabasse com a vida de todos os presentes no camarote imperial.

***

Zoros, com os olhos esbugalhados, recebia em sua mente as imagens projetadas no fundo de seus olhos. Apesar do coração não bombear mais sangue para o corpo, sua mente ainda recebia de forma passiva estímulos do mundo exterior. Confuso nada podia fazer senão observar com dor e pesar o triunfo de seus oponentes. Sem a certeza de que as imagens que vinham à sua mente eram reais ou oníricas, o velho silfo percebeu a entrada do líder dos silfos negros que carregava em seus ombros, Kyle abatido.

O silfo, cujo rosto não podia enxergar, conversava com Lévoro e suas palavras distorcidas chegavam aos ouvidos de Zoros, porém seu significado parecia confuso ou absurdo, sendo a cada instante mais obscuro.

– Encontrou a peça?

Lévoro que arremessava dezenas de objetos em todas as direções respondeu com um rosnado.

O silfo negro virou-se, e sem comentar o mal humor do mago, depositou o corpo de Kyle no chão. Ao fazê-lo, seu rosto surgiu diante da visão paralisada de Zoros. Um eco de pensamento confuso girou na mente quase morta do mago, “Alderic? O próprio conselheiro Alderic!”

Ao mesmo tempo, um objeto casualmente atirado por lévoro interpôs-se entre Zoros e Alderic. Uma pedaço de madeira levemente retorcido e empoeirado de acabamento tosco e que passaria desapercebido, não fosse um fino anel prateado posicionado próximo de sua ponta.

Os olhos de Zoros lacrimejaram e sua visão ficou ofuscada por um momento. Em seguida, escutou a risada seca e gutural do velho Lévoro. – Encontrei, Alderic. Encontrei a fabulosa Espada Flamante de Quill!

– Ótimo, vamos sair daqui então.

– Olhe para ela Alderic, olhe com ela é linda! O duque ficará muito satisfeito.

O mundo obscurecia-se. A audição falhava e todos os sentidos do velho mago Zoros se esvaiam. Primeiro o coração, depois os sentidos e por último, o que lhe restou foi o sentido místico. Lá no fundo se sua mente, sentiu as vibrações características da poderosa magia de Lévoro sendo evocada. “O nexo.” pensou, “Lévoro está acionando o nexo!”

Como uma luz, um pensamento vindo do fundo de sua memória, lhe conferiu uma última esperança. Zoros usando seu último recurso, seu último sentido, a magia, evocou mentalmente um cântico místico. Um segredo familiar. Um pedido de ajuda aos amigos espíritos elementais da água. Uma magia de conhecimento obscuro, passada geração após geração. conseguia reunir forças do elemento aquático tomando como base a própria água do corpo. Náusea. Dor e náusea. Animando a água do seu corpo, olhos, sangue, urina, espíritos elementais propeliram o sangue para o coração, mais e mais. Com o forte estímulo e ajuda do movimento elemental, uma forte batida ecoou por todo o corpo de velho feiticeiro. O coração batia lentamente. Uma, duas, três vezes. O ar lentamente lhe penetrava o peito e aos poucos, a visão de Zoros voltava. O objeto de sua esperança diante de si, a poucos passos. Porém, seu corpo ainda tomado pelo choque da quase morte, ainda não podia ser acessado por sua vontade. Sentindo a vida restabelecer-se dentro de si, Zoros usou sua mente para uma nova evocação mística. Um truque colegial, que trouxe à sua mão, o pedaço de madeira tosca e torcida, displicentemente desprezado por Lévoro.

Quando o malévolo Lévoro percebeu o movimento de Zoros, já era tarde. Já empunhava o item de grande poder místico, nada menos, que um antigo e poderoso nexo, esquecido há gerações na grande coleção de tesouros imperial.

E quando dois nexos de grande poder se encontram nas mãos de oponentes capazes de manipular de energias místicas, os resultados é quase sempre, inesperado e desastroso.

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