Maré Vermelha

By carlosmrocha

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Kyle e seus companheiros atravessam mares no navio, Estrela do Crepúsculo, com a ajuda do capitão Dacsiniano... More

Lembrete
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
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CAPÍTULO 36
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CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
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CAPÍTULO 45
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CAPÍTULO 50
CAPÍTULO 51
CAPÍTULO 52
CAPÍTULO 53
CAPÍTULO 54
CAPÍTULO 55
CAPÍTULO 56
CAPÍTULO 57
CAPÍTULO 58
CAPÍTULO 59
CAPÍTULO 60
CAPÍTULO 61
CAPÍTULO 62
CAPÍTULO 63
CAPÍTULO 64
CAPÍTULO 65
CAPÍTULO 66
CAPÍTULO 67
CAPÍTULO 68
CAPÍTULO 69
CAPÍTULO 70
CAPÍTULO 71
CAPÍTULO 72
CAPÍTULO 73
CAPÍTULO 74
CAPÍTULO 75
CAPÍTULO 76
CAPÍTULO 77
CAPÍTULO 78
CAPÍTULO 79
Epílogo

CAPÍTULO 46

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By carlosmrocha

Toda tensão de Melgosh atenuou-se ao deparar-se com os olhos tranqüilos do conselheiro supremo dos Orb junto ao imperador. O que os olhos de Melgosh enxergavam como tranqüilidade, muitos enxergavam como frieza extrema e racional. Seu rosto era belo e como uma máscara, nunca demonstrava emoções. Muitos afirmavam que nunca havia sorrido, outros diziam que a última vez que sorriu foi na véspera em que assumiu a posição superior no conselho dos silfos, há mais de duzentas estações. As sobrancelhas eram finas estacionadas numa retidão constante. Os lábios delicados emitiam sons com movimentos mínimos, como os de um ventríloquo. Os cabelos eram curtos e penteados de lado fazendo pequenas pontas para o alto. Vestia uma túnica verde escura com golas pontudas, muito sóbria e bem cortada. Usava longas luvas e botas peroladas, que iam até os cotovelos e joelhos. Cinco pequenos broches brilhantes estavam afixados, dois nas laterais externas das botas, dois em posições análogas das luvas e um no encontro das golas pontudas no centro do peito do silfo.

– Conselheiro Zil, como é bom revê-lo! – exclamou o pai de Mishtra.

– Você chegou numa hora oportuna, dedicado Melgosh. – respondeu o conselheiro num tom monótono. Passou os olhos sobre Zoros e Allet e complementou. – Saúdo-os, Zoros dos Maki e Allet, filho de Allaz.

Zoros cumprimentou o conselheiro com um gesto e Allet, surpreso e feliz por ter sido reconhecido, curvou-se satisfeito.

Zil encarou Melgosh e convidou-o a sentar-se próximo à sacada. A vista da mansão de Zil era incrível. Localizada na parte alta da cidade na encosta do paredão, possibilitava um vislumbre completo da baixa Nish e de todos seus portos. Allet sentou-se perto da sacada. Tinha olhos bons e não tardou a identificar o navio atracado entre milhares de outros tantos. Zoros um pouco intimidado por alturas sentou-se na posição mais distante da sacada e Melgosh sentou-se de frente para o conselheiro.

Melgosh percebeu uma rara mudança no tom de voz do conselheiro. – É um momento delicado. A cidade está como o mar tempestuoso. São tempos atribulados que se aproximam. É difícil enxergar o que irá acontecer. – Zil fez uma pausa e Melgosh voltou a ficar tenso e preocupado. Se havia alguém em quem confiava e imaginava que trataria a situação com tranqüilidade e simplicidade, este era Zil, o mais sábio e eminente Orb.

Zoros aproveitou a pausa e falou, – De certo, o senhor teve uma boa razão para dizer que chegamos num momento oportuno, não é mesmo conselheiro?

– Pois sim, Zoros dos Maki. Bem sei do recente incidente em Aurin. – fez uma pausa e encarou Allet. – Lamentável. – voltou a encarar o mago e disse, – Pois um dos muitos pontos de conflito que estão sob minha atenção, justamente diz respeito a vocês.

– E Shark! – acusou Allet inclinando-se sobre a mesa. Sob o olhar repreendedor de Melgosh, retraiu-se.

– Deixe-o falar, Melgosh, pois sua fala foi correta. E foi direto ao ponto.

Allet deu com os ombros e Melgosh sorriu, um pouco tenso.

Zil, que nunca gesticulava, prosseguiu, – Pois bem, deixe-me explanar-lhes sobre certo fatos políticos recentes.

– E quanto ao Shark? – queria saber Allet, temeroso por entrarem em uma interminável discussão política.

– Chegaremos até isso, tenha um pouco de paciência Allet, filho de Allaz. É bem verdade que em sua tripulação, tem alguns servos Lacoreses, não é mesmo Melgosh?

– Pois sim.

– Eles também têm um papel a cumprir. Diversas ambições e interesses giram em torno da questão Quíllica. Ontem à noite, o conselho reuniu-se para acertar uma definição para o caso.

– Mas já?

– Sim, e estou muito preocupado com os acertos feitos até então. Um joguete. Muito depende de um simples joguete.

– Como assim? – indagou Zoros.

– Na realidade um jogo. Algo da estranha insensatez de nosso povo, de nosso próprio conselho. Sugestão do conselheiro Larsh Farmin. Propôs que a disputa política envolvendo a questão da espada fosse resolvida, por um jogo. O desafio de Eluan.

– Trata-se de que? – indagou Melgosh.

– Uma antiga lei. Imagino que a conheça, Zoros dos Maki.

– Pois sim, uma lei que permitia criminosos, reduzir sua pena, ou mesmo redimir-se de um crime através de um jogo de vida ou morte. Mas como é possível realizar um destes, nos dias de hoje? Não era a prova final, um confronto com uma besta feroz ou uma criatura dos abismos?

– Não deve saber do presente enviado pelo duque Hiokar ao imperador?

– Não, o que seria?

– Um formalediôneo.

– É possível? Tais criaturas não são vistas há milênios!

– Seja como for, há uma jaula especial com um formaleliônio, na coleção de bestas e animais do Imperador. E mais, tão logo a idéia foi apresentada por Larsh Farmin, Alderic Hiokar achou-a irresistível. Eu e Elchor Maki, fomos contra, mas Ildur Mikril foi convencido por Larsh. Três contra dois. E assim será. Foram definidas cinco sentenças de acordo com o desempenho dos criminosos.

– Quem são eles? E quanto a Shark, não irá enfrentar a besta?

– Se fosse capturado, seria possível, porém... Quanto aos criminosos, são três humanos e um silfo das terras de Lacoresh. Somados a um anão das grandes cordilheiras e uma fera do povo felino da península do braço da serpente. Eram todos prisioneiros de Shark, que tiveram a liberdade prometida, caso conseguissem reaver a espada de Quill.

– Teriam chance contra uma fera destas? – perguntou Melgosh.

– É dito que puderam lidar com os guardiões da espada, portanto, alguns méritos devem ter.

– E quanto às sentenças? – indagou Zoros, preocupado.

– Pois sim, está é a pior parte. Foram definidas cinco provas a serem resolvidas nas antigas catacumbas palacianas: uma por cada clã. Haverá uma distribuição de pontos e de acordo com o desempenho nas provas, receberão armas ou itens especiais para lidarem com o fomalediônio. O problema é que o próprio destino da espada foi atrelado o destino dos criminosos. Segundo os Hiokar, se não forem capazes de completar ao menos duas provas com sucesso, devem ser executados mesmo antes de enfrentar a besta, e a espada deve ser confinada nos cofres imperiais, o local mais seguro segundo sua opinião. Segundo os Farmin, se completarem três ou mais provas e forem derrotados pela besta, havendo sobreviventes, estes deverão retornar a espada ao seu local de origem, e depois serão vendidos como escravos em um leilão. Já os Maki, defendem banimento segundo a antiga tradição, para os criminosos e para a espada. Ou seja, serão levados todos a alto mar e atirados na água. Isso se completarem três provas e derrotarem a besta. Para o caso de completarem quatro provas e derrotarem a besta, os Orb determinam que sejam levados a uma cidade humana e que a espada seja destruída, de uma vez por todas. E o prêmio máximo, ou seja, a derrota da criatura e a conclusão das cinco provas, os criminosos serão totalmente perdoados e levados onde desejarem com a espada em sua posse, essa é claro, trata-se da sentença Mikril, naturalmente de aparência mais benevolente, porém, a mais perigosa de todas.

– Interessante, imagino que os Farmin estejam cuidando da organização do evento. Certamente algo assim será muito lucrativo. – comentou Melgosh.

– Verdade, porém a questão da espada e dos estrangeiros, é a de menor importância. O que ocorre nos bastidores que traz-nos maiores preocupações. O próprio duque Hiokar já chegou a Nish, e, informações não oficiais, reportam o fato dele ter recebido em sua propriedade, o próprio Shark.

– Então ele está aqui, como imaginávamos! – deixou escapar o imediato.

– Pois sim, e minha previsão é de que tentarão algo enquanto todos estiverem ocupados e distraídos com os tais jogos. Pude antever certas linhas de ação, dentre as quais, posso destacar: uma tentativa de furto da espada, seqüestro de alguma figura importante, como o príncipe Kiel ou mesmo a princesa Aeycha. Ou pior, o próprio assassinato do imperador. O duque Hiokar é ousado e deseja o poder, disso todos sabem. Não se arriscou vindo até a capital sem algum bom motivo. É a primeira vez em mais de vinte e cinco estações que põe os pés em Nish.

– E quanto ao oportunismo de nossa chegada? – insistiu em sua pergunta, ainda não respondida.

– É neste contexto que vocês entram. Vocês e em principal, os estrangeiros que trazem em sua embarcação, são variáveis novas, pessoas das quais o duque, não sabia previamente. Estes sim, se bem usados podem ser trunfos importantes para contrapor as ações nocivas que estão prestes a desencadear-se. Se estiver certo, imagino que o duque sequer tomou conhecimento da presença dos Lacoreses em Nish. Mas isso não tardará a acontecer, portanto, temos que agir e aproveitá-los, enquanto pudermos usá-los como um elemento surpresa.

– Usá-los? – indagou Melgosh um pouco incomodado. – São companheiros queridos para mim, conselheiro Zil. Não tenho certeza de desejo usá-los como o senhor está sugerindo.

– Não se preocupe, já sei o bastante sobre eles. Sei que alguns deles, não perderiam a chance de agir contra Shark, e outros, não se incomodariam em ajudar os mais excitados. Não acredito que precisemos forçá-los a agir.

– Sim compreendo, ainda assim, que tipo de riscos assumiriam?

– Riscos de vida, naturalmente. Mas deixe a preocupação de lado, pois de certo, se pudermos planejar os detalhes será uma ação de riscos controlados. Algo de menor periculosidade que o ataque suicida que empreenderam em Aurin.

– Entendo, por onde devemos começar?

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