Maré Vermelha

By carlosmrocha

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Kyle e seus companheiros atravessam mares no navio, Estrela do Crepúsculo, com a ajuda do capitão Dacsiniano... More

Lembrete
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
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CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
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CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
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CAPÍTULO 44
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CAPÍTULO 46
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CAPÍTULO 49
CAPÍTULO 50
CAPÍTULO 51
CAPÍTULO 52
CAPÍTULO 53
CAPÍTULO 54
CAPÍTULO 55
CAPÍTULO 56
CAPÍTULO 57
CAPÍTULO 58
CAPÍTULO 59
CAPÍTULO 60
CAPÍTULO 61
CAPÍTULO 62
CAPÍTULO 63
CAPÍTULO 64
CAPÍTULO 65
CAPÍTULO 66
CAPÍTULO 67
CAPÍTULO 68
CAPÍTULO 69
CAPÍTULO 70
CAPÍTULO 71
CAPÍTULO 72
CAPÍTULO 73
CAPÍTULO 74
CAPÍTULO 75
CAPÍTULO 76
CAPÍTULO 77
CAPÍTULO 78
CAPÍTULO 79
Epílogo

CAPÍTULO 43

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By carlosmrocha

Chegava o momento de abandonar a paz e tranqüilidade da ilha de Shind e voltar a navegar pelo grande arquipélago dos silfos. Melgosh, chegara em casa alarmado e nesta ocasião, não se fez festa. Notícias vindas da capital, Nish, fizeram com que chegasse à mansão convocando todos seus colaboradores a integrarem novamente a tripulação de seu navio.

Estava chovendo, como era comum na estação. O mar estava inquieto, e era provável que continuasse assim. Nestas condições, até mesmo uma simples viagem poderia ser perigosa.

Kyle, ansioso por deixar Shind, anunciou que desejava ir junto com Melgosh. A partir disso, muita discussão surgiu. O cômodo estava quieto e sob penumbra. Nuvens escuras derramavam muita chuva naquela tarde e também havia muito vento. Archibald, vestia roupas simples, de ficar em casa e pensava em algo para dizer a seu amigo. Por vezes, o vento chacoalhava um pouco o cômodo suspenso, e havia um constante bate-bate das janelas frouxas.

- Mas Kyle, por que partir agora? Não podemos esperar pelo nascimento do meu filho?

- É tempo demais, Archie. Apesar do descanso que tivemos, não podemos nos acomodar.

- Entendo. Mas que diferença pode fazer?

- Vamos lá, pense! Lembre-se das trevas que envolvem nosso lar? Mesmo meditando, não consigo esquecer de toda aquela miséria. Não há um só dia que não pense nas vidas que tirei. Nos companheiros que perdi na guerra. Lembro-me da prisão nas minas, tanto desespero. Tanta dor. Fico louco de pensar no que os malditos necromantes podem estar fazendo neste momento! Quantas misérias estarão espalhando? E se eles crescerem? Se tomarem outros reinos?

- Sim, Kyle, você está certo. Ao que parece, assumimos uma grande responsabilidade que não pode ser negada.

- Eu principalmente! O silfo Modevarsh confia em mim para encontrar o oráculo. E é isso que preciso fazer.

- Muito bem, Kyle. Vou conversar com Mishtra, tenho certeza que ela entenderá, se eu tiver que partir.

- Faça o que achar melhor. Já discuti com Gorum e apesar de triste de deixar sua vida de pescador, concordou em ir.

- E quanto a Kiorina?

Kyle olhou para baixo e comentou desanimado, - Não sei.

- Vocês não tem se falado, não é mesmo?

Kyle ficou em silêncio.

- Vi An Lepard manuseando uma espada ontem. - comentou Archibald.

- Acha que ele virá?

- Imagino que sim.

- Então talvez Kiorina também venha.

- Kyle, você sabe que eles não estão mais juntos.

- Quem falou nisso? Pare com besteiras Archibald.

- Admita que sentiu ciúmes de An Lepard.

Kyle irritou-se um pouco e respondeu ríspido, - Já disse, sem besteiras!

Archibald contraiu os músculos em reação à resposta do amigo, mas logo abriu um sorriso maroto. - Pelo menos admita que se preocupa com ela.

Para por um fim a questão, Kyle cedeu, - Sim me preocupo. - Antes que Archibald pudesse falar mais alguma coisa, completou, - Assim como me preocupo com você, Mishtra e Gorum.

Archibald achou prudente não forçar mais o humor de Kyle e encerrou o assunto. - Muito bem, vou ver Mishtra.

Antes de sair comentou, - Talvez você devesse falar com a Kina. Conversei com ela e parece que ela decidiu ficar.

Kyle levantou a cabeça e franziu a testa e respondeu irritado, - Que fique! Ao menos ficará em segurança.

Um pouco depois, todos se encontravam no salão de jantar. Os cozinheiros traziam peixes cozidos e mariscos. O cheiro estava ótimo. Gorum examinava as bandejas e dizia com orgulho qual dos peixes tinha sido produto de sua pesca.

An Lepard discutia com Melgosh a possibilidade de arranjarem uma embarcação de Nish para Dacs. Melgosh afirmou que seria relativamente fácil para ele, mas temia que as condições políticas em Nish, poderiam afetar esse grau de facilidade e mesmo tornar impossível a tal viagem.

- Mas afinal Melgosh, o que está ocorrendo na capital do império? - quis saber Gorum curioso, falando um bom sílfico, apesar do forte sotaque Lacorês.

- É um pouco complicado. O que ocorre poderia ser apenas outro momento de decisão política. Entretanto, alguns de nossos sábios do interior da ilha, tiveram algumas fortes premonições a respeito do que vai ocorrer nos próximos dias.

- São maus presságios? - quis saber Kleon.

- Alguns são bons, outros maus. Mas o que é mais importante, haverá alguma grande mudança. É por isso que eu, e muitos silfos influentes temos que estar presentes. Nosso clã precisa estar bem representado.

- Não acha que seria ruim para vocês, se souberem que trouxeram humanos em sua embarcação? - indagou Archibald.

- Não meu filho, contanto que fiquem quietos e finjam ser nossos servos, não há porque surgirem problemas.

- Mas de que se trata afinal?

- É uma velha profecia. Um acontecimento que trouxe muito alvoroço, principalmente no clã místico dos Maki. Talvez Zoros possa lhes explicar melhor esta história.

O velho silfo que comia quieto escutando a conversa, sabia era inevitável que chegassem àquele ponto. - Bem. - disse ainda mastigando e engoliu. - Primeiro devo lhes contar sobre as lâminas dos elementos, armas de grande poder criadas em tempos de agonia, na esperança de expulsar o mal desta terra.

Kiorina parecia muito interessada e perguntou, - A Maré Vermelha é uma delas, não é mesmo mestre Zoros?

- Sim Kiorina, e por favor, não me chame de mestre Zoros.

- Desculpe-me Zoros. É o velho costume da escola, sempre chamávamos nossos professores de mestres.

- Muito bem, como dizia, nos tempos mais difíceis da guerra de milênios, foram forjadas algumas lâminas que concentravam em si, enormes poderes dos elementos. Muitas delas se perderam, outras foram usadas por famosas personalidades e heróis daqueles tempos. No princípio, surgiram como uma grande bênção e com elas, muito do que havia sido dominado por demônios e as forças das trevas, pode ser recuperado. Mas com o passar dos anos, e o uso contínuo destas armas, surgiram alguns terríveis efeitos.

- Como assim? - perguntou Archibald que havia parado de comer. Aliás, todos exceto Melgosh e Kyle interromperam suas refeições para dar total atenção à história de Zoros.

- Todas as armas, em sua maioria, espadas, ao serem forjadas receberam poderosos espíritos elementais. Estes espíritos...

Zoros foi interrompido por Gorum. - Quem forjou tais armas, caro Zoros?

- Ah sim, dizem terem sidos forjadas em conjunto pelos silfos e anões, mas há quem diga que foram forjadas pelos próprios deuses. Mas como dizia, esses espíritos, como as forças da natureza, pouca distinção fazem dos valores morais que nós silfos, ou vocês humanos tem. Para eles não há bem ou mal, certo ou errado. Existem apenas as regras que regem suas interações com o ambiente. O ar quando livre, circula como vento e tende a subir e do alto, surge o trovão. O fogo, queima tudo que não lhe for obstáculo, como é a água e impulsiona o vento. A água, sempre cai e extingue o fogo e impulsionada pelo vento, desgasta a terra. A terra é sempre firme e sólida e tem o poder de parar e aprisionar os outros elementos, porém a ação contínua dos elementos sobre ela, pode rompê-la, pouco a pouco. Para os elementos, há apenas suas regras, porém o elemento vivo, interage com os quatro elementos, e para os vivos, as regras nem sempre são as mesmas.

Kyle franziu as sobrancelhas, confuso por tantas informações e perguntou, - Mas e daí? O que tem isso a ver com uma mudança política na capital?

- Tem paciência, meu jovem, logo vai entender. - respondeu a Kyle e em seguida voltou a falar para todos. - Em contato constante com os silfos, humanos e até anões que empunharam as lâminas elementais, os espíritos aprisionados passaram a absorver, pouco a pouco, traços dos seus donos. Com centenas de mortes espalhadas pelos senhores das lâminas, estas passaram a vibrar e funcionar melhor de acordo com propósitos muitas vezes, violentos e cruéis. Algumas das lâminas, vibrando e absorvendo orgulho, cobiça, crueldade e sede de vingança, reforçavam essas características em seus donos. As lâminas carregadas por humanos, por exemplo, mudavam de dono com freqüência e absorviam princípios contrastantes, nunca elevando a níveis perigosos seus poderes e impulsos que passavam aos usuários. Outras porém, passaram tempo demais nas mãos de um só dono, muitas vezes períodos próximos a um milênio. O poder destas, crescia com o tempo, assim como a afinidade com seus donos. Tornavam-se perigosas e até poderiam dominar outros usuários, transformando-os em marionetes. Outros, foram corrompidos lentamente pelo poder que as lâminas lhes conferiam. Como é o caso de Quill. Fora um grande herói nos tempos da guerra, e eliminou alguns dos demônios mais perigosos e nocivos a passar por este mundo. Porém, após séculos de luta, enloqueceu, levando a loucura, sua lâmina, conhecida como a espada flamejante de Quill.

- Entendi! - exclamou Archibald. - Encontraram a tal espada, não é mesmo?

- Sim, Archibald. Mas ainda não terminei minha história. Com o fim da guerra de milênios, muitas das lâminas dos elementos resistiram, e tornaram-se muito perigosas. O uso, ou surgimento de uma dessas armas, passou a ser considerado crime e muitas delas receberam maldições. Muitas dessas maldições feitas por poderosos feiticeiros, que ainda guardavam segredos hoje perdidos de magia lunar...

- Magia lunar? - interrompeu Kiorina.

- Um tipo de magia antiga que tirava forças das luas, mas o segredo perdeu-se há muitas gerações. Como dizia, as lâminas foram amaldiçoadas. Em algumas, partes foram destacadas para diminuir-lhe os poderes. Com as maldições esperava-se amedrontar os sedentos de poder, mas nem isso parava certos indivíduos que de tempos em tempos colocavam as mãos em uma das lâminas causando grande destruição. A lâmina de Quill, em particular, é uma das mais conhecidas. Foi aprisionada em uma ilha, no interior de um vulcão, guardada por espíritos elementais e uma forte magia que faz com que qualquer silfo adoeça e morra. Meu irmão, vinha há algum tempo monitorando as atividades de Shark, nas proximidades da tal ilha. Com freqüência, desembarcava escravos humanos e de outras raças na ilha. Dizia-lhes que no dia que trouxessem a espada do interior da montanha, ganhariam sua liberdade. Mas durante, anos nenhum escravo fora capaz de voltar vivo do interior da caverna.

Gorum que colocava um pedaço de peixe frio na boca, disse, - Mas isso mudou.

- Sim, e por pouco a espada não caiu nas mãos de Shark. Meu irmão convenceu o capitão Ramon a resgatar o grupo de escravos que teve sucesso na missão. Estando a espada fora de sua prisão, Zoroastehf achou que o melhor seria levar os humanos e a espada para Nish, onde o conselho dos clãs decidiria o que fazer com ela.

- E quanto aos humanos, quem são? - quis saber An Lepard.

- Não sei. Sei apenas que há um silfo e um felino entre eles.

- E como esse julgamento poderá influenciar a política do império? - voltou a perguntar o corsário.

- Há tempos não surge uma causa que mobilizasse uma discussão no conselho dos clãs. Surgem apenas questões triviais, para as quais a jurisprudência é clara. Mas um caso como esses não surge há muitos séculos e pode trazer à tona muitos conflitos abafados entre membros poderosos dos clãs.

- Entendi. - disse Archibald. - E quanto a Shark? O que acontecerá com ele?

- Como Ramon e Zoroastehf gostariam, Shark se deu mau nesta. No momento, está foragido. Ele já foi implicado pelo crime de provocar e incentivar saída da espada de seu local de descanso. Foi convidado a depor sobre o caso mas não apareceu, comentam que foi abrigado pelo duque dos mares, Hiokar. Se isso for verdade, representa clara afronta ao poder dos Mikril.

- Sim. - concordou Melgosh. - E tudo que Zoros lhes contou, não passa de uma simplificação. Há uma centena de outros fatores que contam neste momento. Não valeria a pena explicar-lhes. Por isso, mesmo com tempestades, termos que partir para Nish ao amanhecer. Os que desejarem vir, estejam preparados. Por agora, com a sua licença, preciso cuidar dos preparativos.

Após a saída de Melgosh, Mishtra retirou-se logo e foi seguida por Kiorina. Os que ficaram conversaram sobre a ida a Nish. Kyle, Gorum, Kleon e An Lepard já iriam de certo. Archibald disse que Mishtra havia concordado com sua partida. Chegando em um acordo, dispersaram-se.

Kyle caminhou em direção a seu quarto junto com Archibald. O rapaz devia dizer adeus a sua amada e seu filho. Logo que Archibald entrou, Kyle escutou Kiorina despedir-se de Mishtra e sair. Archibald sorriu para Kyle e entrou. A ruiva e o cavaleiro se encararam.

Kyle falou, - Decidiu ficar, não é mesmo?

Os olhos verdes da moça estavam aquosos e tristes, - Sim, quero ficar e cuidar de Mishtra até que o bebê nasça.

- Entendo, assim vocês duas vão ficar em segurança.

Kiorina não pode conter as lágrimas que rolaram. Mas não estava em prantos, falava normalmente enquanto as lágrimas desciam dos olhos. - E quanto a vocês? Será que vão ficar bem?

- Parece que não vai ser fácil, mas espero que o pior já tenha passado.

- Será mesmo? E quanto a Shark, e quanto aos necromantes? E se eles voltarem?

- Creio que teremos de lidar com eles.

- Você não entende? Não suporto a idéia de perder vocês! Gorum, Archie e você... São minha família agora, não tenho mais ninguém.

- Vamos lá Kiorina, não é assim... Você tem a Mishtra e o An...

Neste momento a moça caiu em prantos. - Não é assim o que? Vocês vão partir numa jornada que pode durar anos, e posso ficar aqui e nunca mais vê-los! Não sei, acho que não vou agüentar.

Kyle estava incomodado com o comportamento de Kiorina e disse, - Pois venha conosco, assim poderá nos vigiar. Mas por favor, pare de chorar!

- Oh Kyle! - Kiorina pulou na direção do rapaz abraçando-o com vigor. Acabou por dizer com a voz abafada contra o peito de Kyle, - Eu vou com vocês, não pode ser diferente!

Kyle, com muitas vezes antes desta, ficou sem jeito com os braços para baixo, sem saber se retribuía o abraço ou não. Sentia algo estranho dentro de si e na realidade sentia vontade de abraça-la, até de beija-la. Mas uma espécie de receio era mais forte e fez com que ele a segurasse pelos ombros afastando-a de si.

Afastou-se e disse, - Se você vai mesmo, é melhor preparar suas coisas. Sairemos amanhã bem cedo.

Kiorina ficou olhando para ele sem sentir-se consolada. Kyle, para tentar deixar a situação menos desconfortável, falou, - Tente descansar... - e mentiu, - Tenho a sensação de que de agora em diante, nossa jornada será mais tranqüila. Acho que o pior já passou.

Kiorina acenou com a cabeça e limpou as lágrimas do rosto com as mãos. - Então boa noite, Kyle.

- Boa noite, minha amiga

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