Maré Vermelha

By carlosmrocha

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Kyle e seus companheiros atravessam mares no navio, Estrela do Crepúsculo, com a ajuda do capitão Dacsiniano... More

Lembrete
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
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CAPÍTULO 34
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CAPÍTULO 52
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CAPÍTULO 57
CAPÍTULO 58
CAPÍTULO 59
CAPÍTULO 60
CAPÍTULO 61
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CAPÍTULO 65
CAPÍTULO 66
CAPÍTULO 67
CAPÍTULO 68
CAPÍTULO 69
CAPÍTULO 70
CAPÍTULO 71
CAPÍTULO 72
CAPÍTULO 73
CAPÍTULO 74
CAPÍTULO 75
CAPÍTULO 76
CAPÍTULO 77
CAPÍTULO 78
CAPÍTULO 79
Epílogo

CAPÍTULO 38

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By carlosmrocha

Caminhavam pelas belas ruas de Audilha, observados pelo olhar desconfiado e curioso dos locais. Lorde Calisto, vestindo um de seus melhores trajes, com suas belas feições e um sorriso sedutor, recém-adquirido, causava sensação onde passava. Ao seu lado, Chris Yourdon, evocava grande respeito, assim como todos os membros graduados da Alta Escola de Magia. Todos comentavam sobre o nobre de olhos negros que chegara para salvar a população da ameaça dos rebeldes e seus bruxos malignos.

Calisto transmitia pensamentos para a mente de Chris. “Sorria mago! Sorria. Não quero ver uma ruga sequer de preocupação em sua face”.

Logo atrás, seguiam o comandante Weimart e os cavaleiros Derek e Edréon. Os três com seus trajes muito limpos, como se estivessem preparados para uma parada. Subiam a ladeira da rua mais rica de Audilha, onde ficava a tão conhecida escola escultura, a casa do prefeito, um templo da Real Santa Igreja e os postos das casas comerciais, Atir, Rollant e Senerval.

A casa Atir, dominava o comércio de vinho em todo o reino. Os Rollant eram responsáveis por transportar e vender obras de arte, principalmente esculturas. Mas raramente faziam negociações, em geral só atendiam encomendas. Já a casa Senerval, lidava com o comércio local e disputava com a casa Atir uma fatia do comércio de peles e pedras preciosas, tendo sua sede em Liont.

– Mas o senhor deve compreender Lorde Calisto – sussurrava Chris – existe uma grande diferença entre demônios etéreos e demônios que chegam até aqui em carne e osso!

– Entendo perfeitamente e por favor, sorria. – disse Calisto entredentes.

– Se é que podemos considerar que têm carne e osso... Enfim, são muito fortes! E se fugiram ao controle dos necromantes que o evocaram, nós pouco poderemos fazer para dominá-lo, em especial sem o nexo!

– Cale-se mago! Não quero ouvir essa ladainha! Sei o que estou fazendo – disse irritado, mas transparecendo para as pessoas confiança e satisfação.

– Chegamos! – anunciou Calisto na entrada da escola de escultura. Era um prédio de três andares com um grande portal de madeira escura de dois andares, perfeitamente esculpido em altos relevos. Cenas rurais, de colheita de uvas e preparação de vinho eram retratadas em oito subdivisões retangulares. O portal era dividido ao meio e ambas as metades estavam abertas.

Sob o portal retangular, havia um homem loiro de rosto bem cuidado, com bochechas rosadas. – Sejam bem-vindos. Meu nome é Regis, sou o chefe da oficina de escultura em pedra. – As mãos do rapaz eram brutas, unhas grandes e sujas e dedos calejados, uma completa antítese de seu rosto.

Calisto sorriu e disse, – Olá Regis. Podemos conhecer a escola?

Era um rapaz gentil, e a gentileza de Regis incomodava um pouco o Lorde.

– Pois sim! Nossa escola fica honrada com sua visita Lorde Calisto – Aceitou Regis, ligeiramente tenso. Calisto percebendo-lhe a tensão, investigou-lhe a superfície dos pensamentos. Regis tinha grande estima pelo diretor da escola, Mestre Carulvo, mas temia os contatos de seu mestre com a nobreza. Aparentemente a língua do diretor perdera os freios. Apesar da tensão, o escultor parecia estar atraído pela beleza de Calisto e pensava por vez ou outra que seria bom retratá-lo em uma escultura.

– Ótimo! – disse Calisto e virou-se – Derek, Edréon e Weimart, podem nos aguardar aqui fora. Voltaremos em breve.

Seguiram pelo corredor principal da escola. Escutando ao longe barulhos de entalhes sendo realizados, metal e madeira sendo serrados e conversas difusas. – Sabe Regis, sou um grande apreciador das artes – mentiu Calisto. – E acho, que as artes e militares não combinam. O que acha?

– Na realidade senhor, gostaria que as artes fossem de utilidade e apreciação de todos, mas devo confessar que em tempos de guerra e tensão, muitas pinturas e esculturas são destruídas e queimadas. O que sempre é ruim.

– Isso! Você compreende o que quero dizer. A brutalidade é oposta à sensibilidade.

– Devo concordar senhor – disse o escultor com um sorriso hesitante. – Aqui é a oficina de trabalhos em madeira – Muitos homens trabalhavam no local, um amplo salão sem maiores decorações. – Como pode ver, há sempre muito trabalho a ser feito.

– Diga-me Regis, seria possível que pudéssemos falar com o famoso Mestre Carulvo? Sou um grande admirador de suas obras.

– Não estou certo disso. O mestre está sempre tão ocupado... – Seguiram no corredor em direção à oficina de metais.

Calisto percebeu de imediato que Regis mentia. Um pouco desconcertado com o olhar enigmático e aterrador de Calisto, o escultor cedeu, – Mas tenho certeza de que se podemos arranjar um pouco de tempo com o mestre mais tarde.

– Diga-me Regis, o que pode me dizer sobre a rebelião?

O escultor ficou tenso e respondeu, – Não muito. São arruaceiros, sedentos pelo poder da coroa. Existem aqui e acolá. Não sei de nenhum líder ou liderança.

– Sei. Soube que havia um rebelde entre os professores da escola, um sujeito chamado Menzel?

– Menzo senhor – disse Regis tentando ocultar a apreensão. E sentindo o coração disparar.

– Isso, Menzo. Soube que foi julgado e condenado na capital?

– Sim soube.

– A execução ocorreu a pouco mais de um mês. Dizem que foi terrível, uma atrocidade.

Regis corou e disse, – É uma pena.

– Sim, verdadeiramente lastimável – disse Calisto irônico. – Sabe, justamente por isso é que vim até aqui. Vim para acabar com essa infeliz rebelião. Ouvi dizer que alguns de seus membros mais perigosos estão nessa região, incluindo o legendário Cavaleiro Vermelho, não é mesmo?

Regis sentia um forte calafrio e suas mãos suavam. Calisto envolveu as costas do rapaz com o braço direito e disse sorrindo. – Tenha calma, meu caro. Sei que deve ser terrível viver sob tal tensão. Viver na incerteza. Sem saber se amanhã algum amigo será vítima de um ataque cruel dos rebeldes e seus comparsas.

– Comparsas? – disse com a voz trêmula.

– Sim. Mortos-vivos e demônios!

Calisto sorriu largamente. Divertia-se com a tensão e medo que introjetava no jovem e delicado escultor. Se o pressionasse por muito mais tempo, ele poderia ter um ataque de nervos.

Uma voz levemente rouca e envelhecida veio do corredor lateral e fez com que Regis desse um pequeno pulo. – Vou lhe contar sobre comparsas, menino do Eclipse!

Calisto virou-se para encarar o olhar afiado do velho mestre escultor. Era baixo e tinha a pele muito enrugada, usava uma manta bege e grossa e sobre a cabeça uma exótica toca azul.

– Mestre Carulvo! Sou um grande admirador do seu trabalho! – Fingiu admiração perfeita. Qualquer cidadão comum de Lacoresh reconheceria como legítimas suas palavras, mas Carulvo enxergava longe e foi capaz de identificar o fingimento nos gestos ligeiramente exagerados do menino.

O mestre mostrou os dentes amarelos a Calisto e disse, – Que negócios o trazem à minha escola? Certamente não veio apenas nos visitar.

Calisto deixou escapar uma risadinha cínica e disse como se estivesse magoado, – Oh Mestre Carulvo! Assim fico sem jeito – Olhou-o de lado e completou, – Na verdade, além de minha curiosidade de conhecer uma escola de esculturas, vim na realidade a negócios.

– Saiba que se seus negócios significarem levar mais algum de meus meninos para tolos julgamentos de rebeldes...

– Mestre Carulvo! – eriçou-se Regis. – Por favor! Lorde Calisto veio nos prestar auxílio! Perdoe-me dizer desta maneira, mas o senhor está sendo rude com um nobre, não percebe?

– Acha que sou alguma criança, Regis? Eu sei muito bem como falo!

– Muito bem, senhor Carulvo, entendo que tenha sido dolorida a perda de vocês. Entenda, há dor para todos, e continuará havendo enquanto rebeldes estiverem soltos e agindo por aí.

– Sim, e haverá rebeldes sempre, enquanto houver tiranos!

– O senhor diz palavras duras, mas verdadeiras. Enfim, concordamos. Saiba o senhor que não estou de pleno acordo com tudo que há em nosso reino, e cheguei para mudar muitas coisas. Mas não vim até aqui para discutir o futuro do reino. Na realidade vim, para encomendar a confecção de uma jaula.

– Uma jaula? – admirou-se Carulvo. – Não sabe que somos escultores?

– Sei. Mas sei que tem uma oficina de metais e que tem muitos homens para trabalhar. Sei também que podem produzir com facilidade uma jaula e fortes correntes.

Carulvo ficou quieto por alguns instantes e Calisto provocou. – Não me diga que uma escola enorme como esta, capaz de produzir esculturas de metal da altura de três homens não é capaz de construir uma simples jaula?

Carulvo retirou o capote azul e disse irritado, – Mas é claro que podemos construir uma jaula!

– Pois então está acertado. O senhor Yourdon lhes passará todas especificações necessárias. Quero que fique pronta o mais rápido possível. Pagarei o dobro de seu custo para acelerar a produção.

– Muito bem, se é isso que deseja... – resmungou o diretor da escola.

– Estamos acertados! Mago, cuide dos detalhes e encontre-me na estalagem.

***

As risadas repetidas não interferiam a perfeita concentração de Arávner. Kurzeki, corria satisfeito pelo salão carregando objetos daqui para ali. Entrando e saindo do cômodo, luxuosamente decorado, com veludos púrpuras. O púrpura era a cor favorita do mestre de Kurzeki. O servo débil e insano preparava uma nova e horrenda decoração.

Arávner, alto e imponente, permanecia imóvel em sua grande cadeira, na cabeceira da mesa. Suas mãos grandes, brancas, dedos compridos e carnudos e suas unhas compridas e transparentes estavam espalmadas sobre a madeira grossa e lustrosa da mesa. Sua mente viajava, com intensa atividade. Percorria diversos futuros, examinava diversas possibilidades, buscava das profundezas orientações e coordenava uma rede de previsões e pensamentos que cem homens juntos não seria capazes de sequer supor. Sua mente, era poderosíssima e guardava em si, uma das maiores capacidades de raciocínio de todo o mundo.

Por vez ou outra, Kurzeki entrava no salão carregando algum objeto, rindo e dizendo frases relacionadas à satisfação dele e do seu mestre. – Hehehe... O mestre vai adorar esse novo vaso! Hehehe! Que bom, estamos em casa! A viagem acabou... hehehe! Os sete poderosos, hehehe! Lorde do Submundo! Hehehe.

“Kurzeki.” chamou Arávner com a força de seu pensamento.

– Sim mestre!

“Quero que providencie o envio de uma mensagem para Lorde Thoudervon.”

– Como desejar, meu mestre!

“Busque uma pena, papel e tinta. Escreverei usando seus braços. Não desejo quebrar minha posição de meditação.”

– Imediatamente mestre! – disse o criado deformado com muita animação enquanto corria para buscar, a pena, papel e tinta.

Antes que Kurzeki retornasse, Arávner ponderava em seus pensamentos a respeito da mensagem que enviaria. “Como previ. O menino é um bom jogador. Sua jogada pode ser um pouco mais avançada que meus colegas estejam esperando. Isso pode ser bom, ou ruim. Precisamos aproveitar bem este menino. Precisamos fazer com que ele jogue a nosso favor. Além do mais, há o tal Radishi de Tisamir. Talvez ele possa interferir. Precisa ser detido. Conforme for, talvez eu vá em pessoa para conversarmos.”

– Mestre! Mestre! Estou pronto! Me use... Faça o Kurzeki escrever...

“Muito bem Kurzeki, vamos contar ao antigo a respeito do jogo de seu protegido... Isto é, se ele ainda não descobriu por si próprio.”

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