Maré Vermelha

By carlosmrocha

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Kyle e seus companheiros atravessam mares no navio, Estrela do Crepúsculo, com a ajuda do capitão Dacsiniano... More

Lembrete
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
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CAPÍTULO 26
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CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
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CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
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CAPÍTULO 41
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CAPÍTULO 46
CAPÍTULO 47
CAPÍTULO 48
CAPÍTULO 49
CAPÍTULO 50
CAPÍTULO 51
CAPÍTULO 52
CAPÍTULO 53
CAPÍTULO 54
CAPÍTULO 55
CAPÍTULO 56
CAPÍTULO 57
CAPÍTULO 58
CAPÍTULO 59
CAPÍTULO 60
CAPÍTULO 61
CAPÍTULO 62
CAPÍTULO 63
CAPÍTULO 64
CAPÍTULO 65
CAPÍTULO 66
CAPÍTULO 67
CAPÍTULO 68
CAPÍTULO 69
CAPÍTULO 70
CAPÍTULO 71
CAPÍTULO 72
CAPÍTULO 73
CAPÍTULO 74
CAPÍTULO 75
CAPÍTULO 76
CAPÍTULO 77
CAPÍTULO 78
CAPÍTULO 79
Epílogo

CAPÍTULO 32

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By carlosmrocha

A estadia de Lorde Calisto no castelo do Rei Maurícius chegava ao fim. Saía de Lacoresh, levando consigo uma série de conquistas. Entre elas o afeto e amizade da Rainha Alena. Suas visitas às ruas de Lacoresh, produziram duas carroças cheias de bens que levava para sua nova propriedade juntamente com os presentes recebidos. Além disso, novos colaboradores. Alguns cedidos e oferecidos, como os criados e soldados. Outros contratados por ele pessoalmente.

Não recusava servos oferecidos por outros nobres, mas não confiaria neles demais. Sentia que era uma forma de ser observado pelos antigos senhores destes, e não gostava muito da sensação de estar rodeado por estranhos todo tempo. Hora, o cavaleiro Derek a serviço do Barão de Fannel, hora o terrível Barão Dagon, servo do príncipe Serin. Teria de contratar e ter alguns empregados de sua confiança sem ligação com algum nobre, membro do clero, ou necromante.

Assim, contratou um ladrão de carteiras chamado Rayan, habilidoso em lidar com a parte mais suja da sociedade. Nada confiável, mas muito perspicaz. No último dia, com um pequeno suborno, conseguiu adquirir entre os prisioneiros das masmorras de Lacoresh, um silfo do mar chamado Elser, preso por vários delitos, incluindo assassinato e que seria executado em poucos dias.

Contente com a guinada que teve em sua vida, chegou à sua propriedade, escoltado por um oficial do reino, que lhe mostrava no mapa as delimitações de suas posses. Passara por duas das três principais vilas, Hemna e Wuri. Hemna não passava de um aglomerado de casebres miseráveis, nos quais residiam agricultores muito pobres. E Wuri era uma vila maior. Tinha algumas casas de pedra, pequenos mercados e oficinas. Criavam-se pequenos animais em vários cercados nos arredores de Wuri. A casa de Calisto ficava próxima à vila, no alto de uma colina à leste da estrada que levava a Tanir, uma vila de porte semelhante a Wuri que ficava fora da propriedade de Calisto, pertencendo ao Duque de Kamanesh. A leste da colina, o rio Montiguá, o mesmo que cruza a cidades de Kamanesh e Lacoresh, podia ser avistado. Do mesmo ponto, era possível ver a trilha que levava à vila de Situr, de agricultores e pescadores onde também havia um pequeno porto. Situr era menor que Wuri, mas um pouco mais desenvolvida, por ser um ponto de parada da rota comercial fluvial entre Kamanesh e Lacoresh.

A casa da colina, novo lar de Calisto, deixou-o um pouco decepcionado. Não era grande, e tão pouco fortificada. O oficial lhe explicou, que no passado pertencera ao bisavô do duque de Kamanesh que a utilizava para descansar durante o verão. Como o velho duque gostava de cavalos e de cavalgar, a construção que chamava mais atenção era o estábulo. Contou-lhe também, que após um acidente com um dos filhos, o velho duque perdeu o gosto pela propriedade, que ficou quase abandonada desde então.

Havia uma dezena de homens efetuando reparos na casa quando Calisto chegou, e fez com que todos parassem o trabalho para recebê-lo, com curiosidade. O rapaz não foi muito amistoso, tão pouco distante. Era gente simples vinda da vila Situr, a leste.

O interior era espaçoso, porém tinha cheiro de mofo e precisava de muita limpeza. Os criados que trouxe, vindos do castelo de Lacoresh, eram habilidosos e em dois dias deixaram o local habitável. Era um casarão de três andares, construído, parcialmente de madeira e parcialmente de pedra. Custava a acostumar-se com os degraus que rangiam e janelas frouxas que se debatiam, em especial, nas noites quando o vento era mais intenso e assobiante. Havia mobília antiga, e o novo senhor arrependeu-se de não ter tido a chance de trazer mais bens de Lacoresh para tornar a casa habitável.

Durante esses primeiros dias, Calisto permanecia calado, quase todo tempo, apenas concordando com acenos, quando questionado sobre a maneira de consertar ou como ele preferia que móveis e quartos fossem organizados.

No primeiro dia, recebera a visita dos prefeitos de Wuri e Situr. Ambos ofereceram apoio na reforma da casa e já no terceiro dia, quando recebeu uma interessante visita, a lugar parecia-se com uma habitação de um legítimo nobre.

Estava sentado no quarto de estudos, no segundo andar, ao lado da janela. A luz do sol iluminava a mesa de madeira maciça sobre a qual estavam dezenas de mapas, documentos e alguns livros. Havia pesos de papel antigos, feitos de vidro escuro, com formas pouco interessantes. A sineta que trouxera de Lacoresh, anunciava a chegada de um visitante. Pouco depois, um de seus criados anunciava a presença, no salão principal, de um comerciante de Kamanesh chamado Jeero DeFruss e seu filho, Armand.

Calisto estendeu sua consciência para sondar os visitantes, e percebeu que um deles era apenas uma criança. Que tipo de comerciante traria uma criança pequena para uma visita? Quais seriam suas intenções? Meramente comerciais?

Calisto desceu as escadas, pisando nos pontos mais seguros examinou o par com avidez. Jeero era um homem alto portava-se e vestia-se com a elegância de um nobre. Seus cabelos castanhos eram longos e presos num rabo-de-cavalo. Seus olhos eram fundos e pareciam um pouco tristes. Seu filho, um garotinho de uns dois ou três anos estava de costas, vestido com roupas de adulto. Um homem em miniatura. Seus cabelos eram castanhos claros, muito finos e lisos, num corte em cuia. Observava a movimentação fora da casa através da porta aberta. Ao escutar os passos de Calisto, virou-se e seus olhares se cruzaram. Tinham o mesmo olhar, os mesmos olhos negros, desprovidos do branco. Armand, olhou-o sério por um instante e em seguida abriu um sorriso maroto. Calisto achou o menino simpático e bem cuidado.

Jeero falou com cortesia, – Bom dia, Lorde Calisto. Permita-me uma apresentação. Sou Jeero DeFruss e esse é meu filho, Armand.

Calisto encarou-o com seriedade e acenou com a cabeça. – Muito bem, senhor DeFruss, que negócios o trazem à minha propriedade, tão cedo?

– Espero não estar incomodando, se assim for, posso voltar mais tarde, ou em outro dia.

– Não se preocupe. Vamos sentar.

Calisto observava o menino que tinha grande concentração no olhar e enquanto conversava com Jeero, o menino prestava muita atenção com os olhos fixos. Algo que incomodava um pouco o anfitrião.

Os criados vindos de Lacoresh, ofereceram chá e biscoitos. O pequeno Armand olhava tudo com interesse demorou muito tempo para comer um único biscoito.

– Vou direto ao assunto. – anunciou Jeero. – Vim por duas razões. Primeira, quero sua permissão para montar uma tecelagem aqui em seu território, na vila de Situr. Não só uma tecelagem, mas uma confecção e alfaiataria. Sou um alfaiate e dono da tecelagem Lars-DeFruss, de Kamanesh.

– Interessante. Isso pode trazer vantagens ao meu domínio.

– Com toda certeza senhor. Situr é uma vila promissora, e nossos principais clientes estão em Lacoresh. Com maior proximidade, poderíamos expandir os negócios. E é claro, estou disposto a pagar as taxas exigidas, de acordo com os padrões de Kamanesh, ou com os que o senhor estabelecer.

– Sim. – concordou Calisto e arrumou os cabelos que lhe caíam sobre a testa. – E quanto à segunda razão?

– Pois sim, meu senhor. É uma contrapartida.

– Imaginava que sim, o que deseja?

Jeero pegou o filho por baixo das axilas trazendo-o para seu colo. – Quero que aceite ser o padrinho de meu filho, Armand.

– Padrinho? Como assim?

– Pois sim, Lorde Calisto. Quero que tome responsabilidade na criação desta criança que perdeu seu padrinho, o Senhor Lars.

– Entendo. E porque é tão importante que tenha um padrinho? E porque razão o senhor confia em mim, mesmo sem me conhecer?

– Escute meu ponto de vista, meu senhor. Apesar de ser um simples Alfaiate, percebo que o reino de Lacoresh vem passando por importantes transformações. A chegada das crianças com o sinal do eclipse, a recente guerra contra os bestiais e outros fatores. Tudo leva a crer em uma reestruturação do poder, para breve. Quando recebi as notícias da grande festa no Castelo de Lacoresh e sua titulação...

– Entendi por onde vai seu raciocínio. Pode explicar um pouco mais sobre esses outros fatores de que falou, Jeero?

Jeero olhou para os lados e disse em tom mais baixo, – Entenda meu senhor, todos meus negócios estão estabelecidos sob o território do Duque, apesar de ter muitos clientes em Lacoresh, nunca conseguiria permissão para construir uma tecelagem, ou alfaiataria na cidade de Lacoresh. Sua vinda, vem mostrar mais um sinal do enfraquecimento do poder do Duque Dwain, e sinais de fortalecimento da nova ordem. É por isso que busco aliar-me ao senhor. Quem sabe quando o duque vai cair? Quem irá assumir em seu lugar? O que será de pobres burgueses como nós, sem títulos, sob novas e desconhecidas condições?

– Não precisa dizer mais nada, seja bem-vindo aos domínios de Lorde Calisto! – disse o rapaz satisfeito e contente com a continuação do que percebia como sendo uma grande onda de sorte. Mas poderia ser o destino também.

Jeero sorriu e Calisto pediu, – Traga-me o pequeno Armand até aqui para que eu possa examiná-lo.

O alfaiate entregou a criança nos braços de Calisto. Calisto sorriu, mas a criança choramingou um pouco com a pegada desajeitada do rapaz. Calisto sacudiu a criança, instintivamente para que parasse de chorar, mas não adiantou muito.

Jeero já estava a ponto de pegá-lo de volta, quando Calisto fez com que ficasse quieto. Conversou, numa linguagem simples, diretamente com a mente do menino tranqüilizando-o. O pai impressionado, retraiu os braços e disse, – Puxa! Parece que ele gostou de você. Normalmente não gosta de ser segurado por ninguém além de mim e da mãe.

Calisto sorriu cínico, – Eu sempre tive jeito com crianças. – Mentira, é claro, era o primeiro menino em que botava as mãos em toda sua vida. Voltou a examiná-lo com mais cuidado. O que havia de especial nele? Teria poderes mentais? Segundo seus exames, não parecia. Parecia possuir uma mente normal. Passaria a ter os talentos despertos na maturidade? Ou teria algum talento mágico que não conseguia detectar?

Acabou por devolver a criança ao pai. Assumindo a posição de padrinho do menino, teria tempo de sobra para investigá-lo e descobrir o que teria de especial. Naquela tarde, Jeero voltava a Kamanesh, muito animado e passaria os dias seguintes com preparativos para a instalação e construção da tecelagem e escritório em Situr.

Calisto por sua vez, não acompanharia esta fase inicial, pois uma vista que receberia no dia seguinte, faria com que todos seus planos se alterassem num curto prazo. Seria o fim de sua onda de sorte?

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