Maré Vermelha

By carlosmrocha

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Kyle e seus companheiros atravessam mares no navio, Estrela do Crepúsculo, com a ajuda do capitão Dacsiniano... More

Lembrete
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
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CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
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CAPÍTULO 39
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CAPÍTULO 41
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CAPÍTULO 54
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CAPÍTULO 57
CAPÍTULO 58
CAPÍTULO 59
CAPÍTULO 60
CAPÍTULO 61
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CAPÍTULO 65
CAPÍTULO 66
CAPÍTULO 67
CAPÍTULO 68
CAPÍTULO 69
CAPÍTULO 70
CAPÍTULO 71
CAPÍTULO 72
CAPÍTULO 73
CAPÍTULO 74
CAPÍTULO 75
CAPÍTULO 76
CAPÍTULO 77
CAPÍTULO 78
CAPÍTULO 79
Epílogo

CAPÍTULO 23

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By carlosmrocha

Vekkardi estava pensativo. Tinha que encontrar um meio de reverter a situação de seu irmão. Sem conseguir dormir, resolveu juntar-se às pessoas no andar de baixo. O salão da estalagem era aconchegante e muitas pessoas bebiam e comiam. Havia um clima alegre no ar e dois músicos tocavam uma bela melodia. Uma flauta cujo som lembrava o vento e um belo alaúde de cordas duplas. Era uma melodia alegre.

Escutá-la fez bem para seus ouvidos e para sua mente perturbada. Quase lhe proporcionou certo relaxamento. Sentou-se a uma mesa vazia e logo uma moça trajando um vestido cinza bastante simples, aproximou-se para perguntar-lhe o que desejava. Pediu um copo de vinho e pão de frutas.

Observava as pessoas conversando animadas, mas algumas tinham olhares reservados e desconfiados. Houve certa movimentação e olhares em direção à entrada da estalagem. Vekkardi seguiu os olhares para encarar olhos que cortavam o ar em seu caminho. Os bigodes grandes e negros do homem, vestido como um oficial da milícia local, desciam até o queixo. Estava acompanhado de dois guardas da região e dois soldados das bandas de Lacoresh.

O oficial de olhar frio dirigiu-se diretamente para a mesa de Vekkardi, que tinha cinco lugares vagos.

– Boa noite. – disse com polidez. – Está esperando por alguém?

Vekkardi respondeu, – Não senhor, estou só.

– Não se incomoda se eu e meus homens ficarmos com sua mesa.

Vekkardi estava bastante calmo e sentia um tom de ameaça na voz do oficial. – Não. Estou tomando muito espaço... – fez menção de levantar-se e foi interrompido.

– Fique sentado. Nunca quis ficar com sua mesa, apenas juntar-me a você.

– Neste caso, perdoe-me o mal entendido. Sinto-me honrado em compartilhar a mesa convosco.

O oficial fez um sinal com a cabeça chamando seus subalternos para a mesa. Os músicos fizeram uma pequena pausa, e todos olhavam para a mesa com o canto dos olhos. Certo silêncio tomou o lugar.

O oficial disse em alto e bom tom – Fico feliz pela calorosa recepção. – Encarou os músicos com olhar penetrante de seus olhos escuros e ordenou, – Música, por favor!

Pouco depois o clima voltou a ficar descontraído, mas não como antes. As pessoas agiam como se estivessem com medo e falavam mais baixo, expressavam menos alegria.

– Meu nome é Weimart, Comandante Weimart. E o seu forasteiro?

– Sou Vekkardi.

– Vekkardi, que nome incomum... – Ao ver um de seus homens beliscar a moça que veio tomar os pedidos, Weimart explodiu. – Guarda! Dê-se o respeito! Como ousa agir dessa maneira na frente de seu superior.

O guarda assustou-se e gaguejando mal pode pedir desculpas.

– Perdoe-me quanto a isso – Weimart indicou o soldado que mantinha a cabeça baixa.

– Sem problemas... – disse Vekkardi.

– Pois então senhor Vekkardi, o que o traz a um lugar como Audilha.

Desde que vira o oficial entrar na estalagem, Vekkardi tentava pensar em algo para lhe dizer caso fosse interrogado. Com a pressão e seqüência dos acontecimentos ficava mais difícil forjar uma história. – Vim ver um amigo.

– Ah, uma visita! Perdoe-me perguntar, mas entenda é o meu trabalho. Como se chama esse amigo seu?

Vekkardi sentia que sua história não poderia ir muito longe e sentiu um frio no estômago. Um grito arrastado lhe comprara algum tempo. Viu alguém sendo agarrado na mesa ao lado. Um homem com o nariz avermelhado que estava embriagado.

O homem xingou e golpeou quem o segurava. – Deiiizzxe-me! Idggiiota! – O bêbado levantou-se dirigindo-se à mesa de Vekkardi. Lançava maldições, – Vocês! Vozzzês... O lugaaarr de vozzzês não é aqui!

Weimart fechou os olhos e torceu os lábios fazendo um bico, procurando conter sua súbita ira. Um dos guardas foi veloz em levantar-se e investir um golpe contra o bêbado.

Sua mão cerrada, vestida com uma luva de couro e pequenos pontos de metal, acertou a face do bêbado atirando-o no chão. Um homem que tentou segurar o bêbado, momentos antes, sentiu o sangue borbulhar. Era robusto e subiram-lhe vergões musculosos no pescoço que quase dobrou de tamanho. – Papai! – gritou irado. Vermelho como pimenta partiu para cima do guarda atingindo seu queixo com grande violência.

Em pouco tempo os soldados Lacoreses cercavam e atingiam o agressor com socos e pontapés. Eram violentos e com tal agressividade poderiam matar o homem. Weimart, sentado observava com cuidado as reações de Vekkardi. Vekkardi por sua vez, percebeu que o oficial procurava sinais para incriminá-lo, possivelmente como membro da rebelião.

Weimart deixou que seus homens continuassem o castigo para ver que tipo de atitude o forasteiro iria tomar. Com perfeito auto controle o discípulo de Modevarsh demonstrava indiferença.

Um outro homem que estava no balcão, não teve a mesma frieza. Vestia um capuz que escondia suas feições e roupas de couro marrons escuras e folgadas. Aproximou-se dos dois soldados militares que castigavam o homem caído e disse. – Por favor, chega de violência.

– Cale-se seu iditota! – gritou o guarda e investiu contra o encapuzado.

Seu golpe parou no ar e mal pode acreditar em como o encapuzado conseguira segurar seu punho com a palma da mão em pleno ar. Os olhos de Weimart cruzaram o espaço fixando-se nos dedos da mão do homem misterioso. Apesar de afiados os olhos de Weimart não foram capazes de perceber como o soldado foi ao chão. Percebeu apenas que se movendo como uma sombra, o encapuzado acertou-lhe diversos golpes rápidos com as mãos e pernas.

De imediato, o comandante pôs a mão na espada e retirou-a da bainha ao ficar de pé. – Rebelde maldito! Minha lâmina beberá seu sangue!

Finalmente, Vekkardi acabava de encontrar um rebelde. Era hora de tomar uma posição. E antes que Weimart pudesse atacar com sua espada, Vekkardi desarmou-o. Um golpe certeiro das pontas de seus dedos. A mão rígida, em forma de faca, atingira um ponto exato entre o antebraço e a mão de Weimart causando-lhe um grande choque.

Weimart com grande ódio, encarou Vekkardi em fúria. Vekkardi não tinha opção senão nocauteá-lo. Tomando impulso com os pés na cadeira e depois na mesa girou o calcanhar contra a lateral do pescoço de Weimart, abaixo da orelha esquerda. O oficial foi ao chão quebrando uma cadeira que estava em seu caminho. Enquanto isso, o outro lutador, tomando estranhos equilíbrios nas pontas dos pés e esticando e girando braços derrubou os outros três militares.

Dirigindo-se a Vekkardi disse, – Você não devia ter interferido. Arrumou uma boa confusão agora.

– Estou preparado. Vim sem outro propósito a não encontrar-me e juntar-me aos rebeldes.

– Parece que você conseguiu topar com o primeiro. – Retirou o capuz e apresentou-se, – Meu nome é Will. O seu nome eu já ouvi.

Vekkardi estendeu as mãos e cumprimentou o homem de aparência madura. Usava cabelos longos ligeiramente crespos e um pouco descuidados. Possuía uma barba rala e uniforme e tinha queixos largos. Seu sorriso era acolhedor e levemente malicioso.

Will virou-se interceptando um homem que carregava um punhal e tinha a intenção de eliminar de uma vez por todos os militares caídos. – Não faça uma tolice! O que ocorre não é por culpa deles.

– Nem mesmo Weimairt? – questionou o homem que tinha ódio em seu olhar.

– Nem mesmo Weimart! Ele é um homem honrado, só não percebe que está no lado errado. Guarde esse punhal. Faça como digo! – ameaçou. – Como eu disse, chega de violência.

Weimart sentia grande ódio e humilhação. Recobrara a consciência e percebeu que tivera sua vida salva por um inimigo. Estava confuso. Irado, mas estranhamente, agradecido.

O dono da estalagem parecia preocupado e choramingava. – Estou encrencado! Estou encrencado!

Will anunciou. – Não se preocupem e não temam represálias. Quando eles acordarem terão atenção voltada para nós. Os deixarão em paz. Acredito que ainda não chegaram ao ponto de atacar e reprimir seus conterrâneos sem maiores motivos. Por favor, cuidem deles e chamem-nos de loucos. É isso que somos, loucos rebeldes. Sejam bons com eles, pois para o bem sempre há recompensa.

Vekkardi estava impressionado com a nobreza do rebelde que acabava de conhecer. Forçava a memória para lembrar atitudes tão nobres quantos as dele. Tinha compaixão por seus inimigos, algo que não conseguia conceber naquele momento. Quem o treinara? Como teria aprendido a luta com o espírito?

– Vamos Vekkardi. Nosso tempo aqui é curto. Logo, eles irão aparecer por aqui.

Vekkardi sentiu um arrepio ao ouvir Will pronunciar, eles e seguiu seus passos para fora da estalagem com mil perguntas em mente.

Radishi olhava para o céu estrelado enquanto caminhava lado a lado de Roubert pelas ruas pavimentadas da cidade.

Roubert disse, – Está quieto demais. Não gosto disso.

Radishi respondeu, – Há algo de errado neste lugar, mas não pressinto um perigo imediato.

– Não sei, não gosto nada deste lugar.

– Veja que bela estátua! – Radishi indicou uma escultura iluminada por luzes azuis que partiam de dentro de uma fonte d’água, no centro de uma praça.

– Uma obra de grande precisão... Nunca vi nada igual.

Radishi parou de andar e pôs a mão sobre a testa. – Você está certo. Pressinto algo...

Roubert preparou seu arco com uma flecha. Muito alerta observava as redondezas.

– Uma luta... uma luta. – murmurou Radishi.

– Luta? Onde?

– Não estamos longe.

– Trata-se de Vekkardi?

– Não consigo sentir. Temos um inimigo poderoso nas imediações. Há uma espécie de viscosidade no etéreo... O Jii...

– Para onde está a luta?

Radishi sentia-se enjoado e indicou a direção com a ponta do dedo.

– Vamos, Vekkardi pode precisar de nosso auxílio!

Radishi imprimiu à sua mente uma forte concentração para conseguir seguir Roubert. Não fosse sua extraordinária capacidade de controle das funções vitais poderia ter desmaiado. Sentia o ar mais espesso a cada passo que dava e perdia a capacidade atravessar o invisível com seus pensamentos e investigar as imediações.

E lá estava, a fonte daquela forte depressão. Uma criatura terrível e indescritível. Um servo do mal, um demônio poderoso em energia negativa que sugava toda a energia positiva que havia em seu redor. Roubert não podia vê-lo, estava em uma dimensão adversa à sua. Mas Radishi pode enxergá-lo, e logo foi tomado por um grande horror. Estava paralisado. Tentáculos viscosos de energia negra o envolviam. Nada podia fazer para ajudar Roubert. Nem mesmo conseguia avisá-lo da presença vil.

Ágil como um animal selvagem, Roubert pulou atingindo o pavimento para desviar-se de um disparo preciso realizado por um arqueiro que espreitava em cima de um telhado. Girou no solo ficando de joelhos, pronto para disparar sua flecha. Com um tiro veloz de mira imediata o silfo acertou o arqueiro no abdome. Com um gemido gutural o arqueiro noturno despencou e atingiu o solo com um som abafado.

Sem perceber o que o atingia, Roubert contraiu os músculos das costas sentindo um forte choque e calafrios. Radishi observava imóvel uma garra etérea e sombria que atingia as costas de seu companheiro. Os sons de um rápido galope preencheram os ouvidos do Tisamirense. Cada vez mais próximos os sons dos cascos de um cavalo célere rasgavam o silêncio da noite. Sentido suas forças fugindo de seu corpo Radishi duvidou de seus olhos quando viu, um brilho embaçado cortando a escuridão.

Roubert teve a vista ofuscada pelo clarão de uma labareda que cortou o ar ao seu lado fazendo surgir um grito vindo do nada. Um gemido medonho preencheu seus ouvidos e sentiu o toque gelado e gosmento abandonar suas costas.

Radishi caiu sentado sem saber se sonhava com o cavaleiro montado, vestido de vermelho brilhante que partira ao meio a criatura das trevas com um golpe de sua espada flamante. No telhado onde havia um arqueiro, uma figura sinistra praguejava. – Maldito seja Cavaleiro Vermelho!

Duas quadras abaixo, um grupo de soldados comandados por um cavaleiro montado preparava-se para atacar. O Cavaleiro Vermelho ajudava o silfo a ficar de pé segurando-o com a mão esquerda. Empunhando a espada flamante com a mão direita e apontando sua chamas para o céu, o Cavaleiro Vermelho expeliu um jato de fogo que constituiu um grande pássaro ardente. Com um sinal, o cavaleiro fez com que o pássaro de fogo perseguisse os soldados que vinham, morro acima.

Roubert ajudou Radishi colocando-o na garupa do Cavaleiro Vermelho. Enquanto fugiam do local, o velhaco que estava em cima do telhado pronunciava maldições e feitiços contra o pássaro de fogo. Não podia ser visto, era apenas uma silhueta nega contra os céus púrpuras e de um azulado profundo. Acompanhando o cavalo em uma corrida ágil Roubert deixou os inimigos para trás imaginando se Vekkardi estaria bem.

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