Maré Vermelha

By carlosmrocha

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Kyle e seus companheiros atravessam mares no navio, Estrela do Crepúsculo, com a ajuda do capitão Dacsiniano... More

Lembrete
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
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CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
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CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
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CAPÍTULO 49
CAPÍTULO 50
CAPÍTULO 51
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CAPÍTULO 53
CAPÍTULO 54
CAPÍTULO 55
CAPÍTULO 56
CAPÍTULO 57
CAPÍTULO 58
CAPÍTULO 59
CAPÍTULO 60
CAPÍTULO 61
CAPÍTULO 62
CAPÍTULO 63
CAPÍTULO 64
CAPÍTULO 65
CAPÍTULO 66
CAPÍTULO 67
CAPÍTULO 68
CAPÍTULO 69
CAPÍTULO 70
CAPÍTULO 71
CAPÍTULO 72
CAPÍTULO 73
CAPÍTULO 74
CAPÍTULO 75
CAPÍTULO 76
CAPÍTULO 77
CAPÍTULO 78
CAPÍTULO 79
Epílogo

CAPÍTULO 15

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By carlosmrocha

Durunt e Manile eram muito bonitas, especialmente na primavera. As duas pequenas províncias do Baronato de Fannel ficavam a leste da capital, Liont, numa região coberta por colinas cujo clima era bastante agradável. Nestas províncias geograficamente isoladas, chegava pouca influência do restante do reino.

Seus senhores, sempre repassaram os impostos devidos pela região, bastante rica, deixando o Barão e seus superiores satisfeitos. O isolamento e tranqüilidade do povo de Durunt e Manile estavam ameaçados, cada vez mais, com a presença e atividades freqüentes dos necromantes.

Vekkardi quase conseguia deixar-se levar pela leveza que invadia seu corpo. Os ares matutinos e fraco calor do sol traziam-lhe boas energias. Mas isso não durou muito. Logo, a sombra de seu irmão caiu sobre si, trazendo de volta muita amargura ao seu coração solitário. Em pouco tempo, já não estaria sozinho. Avistou logo adiante, uma vasta região cultivada com videiras. Construções de madeira foram surgindo e aos poucos homens e mulheres. Camponeses que desde cedo trabalhavam vigorosamente. Aquela gente simples parecia boa e calorosa, mas evitava cruzar caminhos com o forasteiro. Alguns mais curiosos escondiam atrás de seus olhares tímidos um grande receio.

Pouco depois, pediu um pouco de água aos camponeses que a bombeavam de um grande poço. Bebeu bastante e encheu seu odre.

Um jovem, de cabelos loiros e lisos e face avermelhada, indagou – De onde o senhor vem?

– De longe rapaz. Venho das montanhas ao norte.

– Das montanhas! O que tem lá? – Era um moço curioso e tinha grande dentes separados que saiam um pouco da boca, mesmo quando fechada.

– Pouco para se ver. – Vekkardi jogou água no rosto e esfregou-o. – Qual a cidade mais próxima daqui, meu jovem?

– Cidade? – O rapaz coçou a cabeça e parou pensativo.

– Uma vila, então?

– Audilha! Está perto! É só seguir aquele caminho. – indicou o jovem com um gesto.

– Obrigado. Tenha um bom dia.

– Vá sob a luz de Leivisa.

Vekkardi acenou para o simpático camponês e seguiu pelo caminho indicado. Meditava a respeito da situação do Reino de Lacoresh. Ocorrera um golpe de estado. Os maléficos necromantes estavam no poder, mas poucos tomaram ciência disso. Imaginava que quanto mais distante estivesse dos grandes centros, menores seriam as influências deles. Tentava medir o quanto seria perigoso para alguém como ele aproximar-se e mostrar a face. Ainda não sabia exatamente. Sabia apenas que deveria ser cauteloso.

Audilha surgiu após uma colina alta. Pode vê-la toda de uma vez. Era uma pequena vila formada por não mais que duzentas casas simples com belos acabamentos. Telhados laranja e avermelhados bem montados, paredes pintadas com cores leves, belos jardins e um pequeno córrego que dividia a vila e duas porções. Desceu por um sinuoso caminho de terra batida atravessando pequenas propriedades com criação de aves e porcos do mato.

Chegando à vila, passou a pisar em chão pavimentado, composto de rochas cinza azuladas dispostas num padrão hexagonal. Seus pés doíam um pouco e sabia que teria de dar-lhes descanso e tratar de algumas bolhas. Procurava por uma estalagem. Sentia-se estrangeiro o suficiente e percebeu que assumia riscos, pois estava chamando bastante atenção dos habitantes.

Chegando a uma praça cujos jardins estavam intensamente florescidos, avistou um monumento que o deixou estarrecido. Um conjunto de esculturas realizadas em pedra cinza azulada com várias fontes de água e no centro a imponente estátua de um nobre. Havia uma placa: – Homenagem do povo de Audilha ao generoso Lorde Lenidil.

Logo abaixo, constava a data. Era recente, feita a menos de cinco anos. A habilidade de escultor era impressionante. Era tal o nível de realismo que Vekkardi ficou a contemplar a estátua sem perceber o tempo passar.

Atrás de si, uma voz de um idoso perguntou, – E então rapaz, você gosta de escultura?

Vekkardi assustou-se e virou-se para encarar o velho que ali estava. Era um homem baixo, com a pele repleta de rugas e algumas pintas de velhice na testa e nas maças do rosto. Quase careca, possuía uma fina e escassa trama de cabelos brancos sobre a cabeça. Seu olhar era plácido e despreocupado. Vestia uma manta bege e grossa.

– Ah sim! Muito! Isso... quero dizer... Esta escultura é belíssima! Nunca vi nada igual! – retrucou Vekkardi com entusiasmo.

O velho sorriu e disse, – Que bom! Então seja bem-vindo a Audilha. Os que amam a escultura sempre são bem-vindos em Audilha.

– Obrigado, senhor. Permita-me apresentar-me. Chamo-me Vekkardi.

O velho sorriu e disse, – Meu nome é Carulvo. Onde você aprendeu a falar deste jeito rapaz? Por acaso é uma ovelha desgarrada?

– Perdoe-me?

– Sim! Você fala como um nobre e usa palavras que um nobre usaria. Até anda como um nobre! Mas não está vestido como um.

– Não senhor. Não sou um nobre. Desculpe-me pelo meu jeito de falar, mas só falava assim para prestar respeito ao senhor. Mesmo não sendo nobre, a pessoa que me criou ensinou-me a ser respeitoso, especialmente com os idosos.

– Muito bem, Vekkardi. Eu olho para você e vejo que é um bom rapaz! Mas imagino o que o trouxe a estas bandas.

Foi estranho, mas de alguma forma Vekkardi depositou confiança em Carulvo. – Viajo em busca de pessoas boas.

Carulvo ergueu suas sobrancelhas franzindo a testa numa compreensão admirada. – Isso é bom! Especialmente quando uma grande sombra cresce sobre tudo! É bom procurar por amigos.

Um jovem que prestava atenção na conversa aproximou-se dizendo. –Mestre! Mestre! Aí está você!

– É claro que estou aqui, Regis! Conheça Vekkardi.

O rapaz, loiro e com feições delicadas acenou para Vekkardi e disse a Carulvo. – Mestre, por favor, me escute! Não faça mais isso, pode ser perigoso.

– Não me diga o que fazer Regis! Eu sei muito bem o que faço. E digo: Vekkardi é um bom rapaz e não há mal algum em uma conversa amigável nas ruas do meu lar! Eu nasci e cresci aqui, e agora querem me dizer que não posso nem conversar com as pessoas?

– Por favor, mestre! Não fique zangado. Mas como você pode saber quem ele é? Ou quais suas intenções?

– Conversando e perguntando ora bolas! Como mais?

– Por favor, Mestre Carulvo! Lembre-se de Menzo!

– Menzo, menzo, menzo! É só no que falam agora. Não adianta! Não vou mudar meu jeito de viver. Não vou ficar com medo como você está meu jovem. Falo com quem quiser sobre o que quiser. E veja só! Sou respeitado! Respeitado e conhecido em toda a região, acho que mereço falar o que penso.

– Perdoe-me Senhor Carulvo. Não queria causar transtorno. – disse Vekkardi.

– Regis! Volte para a oficina, já! Tem muito que fazer lá!

O rapaz, inconformado, deixou o local.

– Venha Vekkardi, vou indicar uma boa estalagem para você descansar. disse e pôs-se a andar pelas ruas da vila.

– Obrigado, senhor Carulvo. Estou entre os quais trazem luzes quando as sombras avançam.

– Eu sei disso, rapaz. É obvio que você não está entre eles. É por isso que o pobre Regis ficou tão assustado. Teme que eu possa ser incriminado como alguém que colabora com os Rebeldes.

– Compreendo. O senhor não os teme?

– Não! Já estou velho demais para ter medo da morte.

– Esta opressão é triste, não?

– Muito! Especialmente para aqueles que sabem o que são eles. A maioria não enxerga o que ocorre. Vêem a questão dos rebeldes apenas como uma disputa pelo poder entre nobres que estão no poder e nobres destituídos de seu poder, apoiados por mercenários e idealistas.

– Entendo. O senhor poderia colocar-me em contato com boas pessoas?

– Sim e não. Sim, pois aqui em Audilha quase todos são boas pessoas. E não, pois, às vezes, é melhor não saber sobre o paradeiro de determinadas pessoas, assim todos tem mais segurança.

– Claro.

– Mas fique tranquilo rapaz, sei que irá encontrar por quem procura. A estalagem é logo ali. – Indicou Carulvo.

– Muito obrigado, senhor Carulvo. Muito obrigado mesmo!

Carulvo sorriu e disse. – Não foi nada, agora tenho que voltar ao trabalho.

– O senhor é um escultor, certo?

– Sim. É fácil dizer pelas mãos. – disse-lhe mostrando as mãos, com muitos calos e marcas.

Vekkardi sorriu, virou-se e entrou na estalagem.

***


"O que há Roubert?"

– Radishi? É você? – disse o silfo em voz baixa.

"Sim. Senti uma importante mudança no seu estado, algum problema?" enviou pensamentos que cruzaram uma grande distância instantaneamente.

Roubert sussurrou, – Estou no alto de uma colina, região cultivada, adiantei-me bastante para reconhecer a região. Daqui vejo uma perseguição. Dois homens montados estão fugindo de onze cavaleiros. Os perseguidores parecem soldados de Lacoresh. Um dos fugitivos veste uma armadura avermelhada cujo brilho chama muita atenção.

"Avance, meu caro! Vou correr para alcançá-lo!"

– Certo. Cuide-se, pois já passei por muitos homens que trabalham por aqui. Não sei se são confiáveis.

"Sem problemas. Estou avistando as plantações daqui. Devemos estar próximos de alguma cidade."

– Sim, já identifiquei a trilha. E a mesma que os cavaleiros seguem.

"Manterei contato."

– Aproveite para comer algumas uvas. Estão deliciosas.

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