Maré Vermelha

By carlosmrocha

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Kyle e seus companheiros atravessam mares no navio, Estrela do Crepúsculo, com a ajuda do capitão Dacsiniano... More

Lembrete
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
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CAPÍTULO 39
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CAPÍTULO 41
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CAPÍTULO 43
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CAPÍTULO 46
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CAPÍTULO 49
CAPÍTULO 50
CAPÍTULO 51
CAPÍTULO 52
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CAPÍTULO 54
CAPÍTULO 55
CAPÍTULO 56
CAPÍTULO 57
CAPÍTULO 58
CAPÍTULO 59
CAPÍTULO 60
CAPÍTULO 61
CAPÍTULO 62
CAPÍTULO 63
CAPÍTULO 64
CAPÍTULO 65
CAPÍTULO 66
CAPÍTULO 67
CAPÍTULO 68
CAPÍTULO 69
CAPÍTULO 70
CAPÍTULO 71
CAPÍTULO 72
CAPÍTULO 73
CAPÍTULO 74
CAPÍTULO 75
CAPÍTULO 76
CAPÍTULO 77
CAPÍTULO 78
CAPÍTULO 79
Epílogo

CAPÍTULO 12

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By carlosmrocha

Era um lugar escuro e úmido. Kyle forçou a vista, mas não conseguiu ver nada. Sentiu que seus braços e pernas estavam presos por grilhões. Estava acorrentado e pode perceber o balanço do mar e seus sons.

Forçou as correntes e chamou – Kiorina, Gorum, Archibald?

Escutou um gemido e logo depois uma resposta. – Kyle? É você? – veio a voz de Noran embargada.

– Noran, onde estão os outros?

Noran concentrou-se procurando elevar sua percepção acima de seu enjôo e respondeu – Estão aqui mesmo, ainda não despertaram. Kiorina, Mishtra, Archibald, Gorum, Kleon, Georges, eu e você.

Kyle cerrou os olhos e disse entre dentes. – E quanto a An Lepard?

– Não está aqui. Talvez esteja no convés.

– Traidor desgraçado! Nos vendeu aos silfos do mar!

– Será Kyle? Eu não tenho tanta certeza...

– Por que não?

– Venderia seus homens também?

Uma outra voz um tanto quanto enfraquecida entrou na conversa. – Não! O capitão An Lepard não nos trairia. Foi Erles! Erles nos traiu.

– Georges? – Indagou Kyle.

– Sim. Entendo que não goste do capitão rapaz, mas ele não é um traidor.

– E agora o que faremos?

– Não sei. Esperar e observar.

An Lepard teve seu braço direito inutilizado pelo virote disparado por Celix. Conseguiu retirar a seta e o sangramento parou depois de algum tempo. Não obteve nenhum cuidado adicional e sentia muita dor. Fora amarrado no mastro principal do navio e mal pode dormir durante a noite. Não lhe ofereceram água ou comida. Por duas vezes lhe deram água do mar para beber apenas por divertimento. Fora humilhado das mais diversas formas por praticamente toda a tripulação do navio sílfico. Fedia a urina sílfica, quando queriam humilhar alguém os silfos do mar não mediam esforços.

O grande e imponente navio sílfico, navegava veloz cortando o mar azul esverdeado em calmaria. Suas diversas velas estavam totalmente esticadas, recebendo um generoso vento matutino. Com isso, formava-se uma brisa agradável, que aos poucos retirou das narinas de An Lepard o intoxicante fedor da urina sílfica. Respirava melhor e apesar da sede tremenda sentia-se aliviado pelo envolvimento da brisa forte.

Um grupo de silfos que cochichava, discutia e planeja alguma tortura física ou psicológica para aplicar no humano capturado ficou quieto subitamente. Pisava no convés seu capitão, o temível Shark. O Capitão esguio e de fraca constituição, espreguiçou-se. Bocejou alto e esticou os braços na direção dos céus. Na cabeça, vestia uma toca vermelha sem maiores ornamentações, apenas pequenos orifícios pelos quais escapavam as pontas de suas orelhas. Vestia um roupão vermelho e felpudo com um cinto branco bem apertado em sua cintura fina. Com os olhos um pouco apertados e o rosto levemente amassado, parecia ter saído da cama há pouco tempo.

Observou o céu limpo, o mar tranquilo e exclamou – Ah! Que manhã linda e agradável!

Caminhou pelo convés até o mastro principal. Teve pequenos sorrisos de prazer ao observar a agonia pela qual o Capitão An Lepard passava. Aproximou-se dele e segurou seu rosto com uma estranha delicadeza. Sua mão branca, com os dedos finos e compridos, girou pelo rosto do capitão, sentindo os pequenos fios de barba nascentes, até se posicionar sobre o queixo do marujo, projetando-o para cima fazendo com que os olhos de An Lepard fixassem-se nos seus.

Shark saboreava cada uma de suas palavras sádicas, – Bom dia, meu querido troféu. Dormiu bem?

An Lepard sentiu a boca e garganta secas tentou falar alguma coisa, mas não conseguiu.

– Vejo que sim, meu querido. – Shark começou a apertar as bochechas de Lepard deformando seu rosto e brincando com os formatos que seus lábios formavam. Falou como um ventríloquo imitando a voz de Lepard. – Sim poderoso Shark! Eu dormi bem. Adoro apanhar, adoro a companhia de seus gentis marujos! – No fim, empurrou o rosto de An Lepard com violência batendo sua cabeça no mastro.

Reunindo forças An Lepard falou. – Escute aqui seu desgraçado... – Foi apenas um sussurro assobiado.

Shark dançou e sorriu e disse alegremente. – Uh! Uh! Ele está falando! – Aproximou-se virou o ouvido direito de An Lepard e fez uma concha com a mão. – Repita querido, repita!

– Não se atreva a machucar minha tripulação e meu passageiros...

Shark, muito teatral, bateu com as mãos nas coxas produzindo um estalo e gargalhou. – Quer dizer que o verme importa-se com sua tripulação? E ainda, importa-se com seus passageiros? O assassino de meu sobrinho tem um bom coração! Que piada!

Shark ficou sério e disse – Ou será outra coisa? – O silfo procurou o reconhecimento nos olhares atentos de sua tripulação. Muitos deles sorriam e divertiam-se com o teatro feito por seu capitão. – Será que o capitão An Lepard realmente tem um coração tão grande? Ou ele é pequeno? Ouvi uma conversa por aí. Um cochicho. – Terminou baixinho.

Shark gesticulava e falava com exagero, até dançava. Adorava atuar para sua tripulação. – Ouvi dizer que o coração do marujo foi roubado! Roubado por uma criança das terras de Lacoresh. Uma pequena ruiva. – A tripulação entrando no jogo ofereceu um grande murmúrio exagerado. Alguns diziam, – Será possível! – Pelos mares! – Que depravado! – E coisas do gênero.

– Sim, meus amigos, ele esta apaixonado! Apaixonado pela nossa prisioneira ruiva!

A tripulação produziu um murmúrio crescente de admiração e surpresa.

An Lepard escutava aquilo e sentia seu coração pulsando intensamente. O sangue pulsando em seu corpo violentamente impulsionado pelo ódio que sentia dos silfos, em especial de seu capitão. Seu rosto corou e trincou os dentes.

Shark continuou com sua peça. – Imaginem homens, e imaginem o pensamento mais sujo e poluído que sei que vocês todos têm. Imaginem o que podemos fazer com esta garota, o que podemos fazem com ela diante da vista de seu amado. Que fabulosa tortura seria para ambos, que fabuloso divertimento seria para nós. – A resposta da tripulação surgia antes mesmo do fim da sentença. Alguns ficavam excitados, outros sorriam, outros sonhavam e todos adoram a idéia.

An Lepard gritou com todas as suas forças. Um grito que rasgou e feriu sua garganta. –NÃÃÃÃOOOO! Não se atrevam! Irão se arrepender! Desgraçados! Depravados! Malditos! – Gritou até perder o fôlego e as forças.

Um breve silencio seguiu a manifestação de An Lepard.

Shark lambeu os lábios e indagou veloz. – Terminou?

A tripulação caiu na gargalhada e alguns deles se precipitaram abrindo a porta que levava ao porão do navio. Vendo isto Shark foi incisivo, levantou o braço e disse. – Esperem! Não sem a ordem de seu capitão.

Todos pararam em um silêncio tenso dolorosamente prolongado pelo Capitão. – Podem ir. – E então os silfos ficaram cheios de um ânimo doentio.

– Esperem! – Gritou o capitão. – Que nenhum mal lhe seja feito até que esteja sob a presença do assassino. – Olhando dentro dos olhos de um de seus marujos disse. – Hedgejest! Estou falando sério. Quem me desobedecer terá as tripas retiradas e jogadas ao mar.

O Silfo Hedgejest, um dos mais nocivos membros de sua tripulação engoliu seco e prosseguiu em sua busca.

Pouco depois, uma dezena de silfos lotava a cela na qual estavam aprisionados Kyle, Noran, Kiorina e os outros.

Chegaram acendendo tochas e trazendo iluminação ao local. Kyle, Noran e Georges haviam escutado parte da discussão estavam apreensivos. Não sabiam exatamente o que aconteceria, mas acreditavam que vinham para fazer mal a alguém.

Hedgejest, um silfo musculoso e careca apontou para Kiorina e disse algumas palavras em sílfico, como se estivesse dando ordens. Dois silfos menores e com expressões depravadas assobiaram e destrancaram os grilhões que prendiam Kiorina, ainda adormecida.

Imediatamente, Kyle manifestou-se, debatendo-se gritando bastante. –Desgraçados! – Disse em Lacorês. – Não toquem nela, estão me ouvindo? Não se atrevam a tocar nela!

Hedgejest aproximou-se de Kyle e com um cabo de madeira deu uma série de fortes pancadas no estômago, peito, rosto e na cabeça. Parecia tomado por uma fúria e bateria no rapaz até matá-lo. Antes de fazê-lo, mudou de idéia e largou o porrete. Virou-se para Kiorina. Aproximou-se, acariciou seu corpo e lambeu seu rosto como um cão.

A ruiva dava sinais de que acordaria e com isso Hegdejest colocou-a sobre seus ombros e levou-a através da porta, em direção ao convés.

Kyle ainda consciente sentia o sangue escorrendo por sua face. Um corte na testa sangrava muito, assim como corria sangue de suas narinas e da parte interna de sua bochecha direita. Sentia ódio, ódio, ódio e grande frustração. Debateu-se violentamente com a intenção de livrar-se dos grilhões, fazendo-o ao ponto de ferir seu pulso.

– Acalme-se Kyle. – disse Noran. – Poupe suas energias.

No convés, a garota foi recebida com festa. Com a confusão Kiorina acordou. Tomada pelo terror gritou. Estava cercada por estranhos, puxavam partes de seu vestido rasgando-o e machucando-a.

Ao escutar seus gritos An Lepard chorou de raiva.

Desesperada, mal pode perceber o ambiente em que estava. Foi trazida para frente de An Lepard, cuja cabeça era segurada por dois silfos que puxavam suas pálpebras violentamente para garantir que assistisse a tudo.

Kiorina foi amarrada e com o canto dos olhos viu An Lepard amarrado ao mastro. – Lepard! – gritou Kiorna.

– Kiorina! – Um instante depois An Lepard suplicou. – Capitão Shark, eu lhe imploro, não faça mal a ela! Ela é inocente, não tem nada a ver com meu passado.

– É verdade! Mas tem muito a ver com seu presente!

A esta altura, os silfos já haviam arrancado toda a roupa da menina estando apenas coberta por trajes menores, amarrotados e rasgados. Gritava e chorava desenfreadamente.

Hegdejest, chefe dos guerreiros, arrancava a parte de cima da roupa íntima de Kiorina deixando seus seios expostos. An Lepard tentou fechar os olhos, mas não conseguiu.

– Espere! – Gritou Shark.

Todos pararam. – Já basta!

Hedgejest, indignado e superexcitado replicou, – Como assim, já basta!?

– É como eu disse! Deixem-na em paz. Não quero danificar minha mercadoria. Se for submetida a tal selvajaria não alcançará metade do valor que planejei para ela.

– Dane-se o valor! – retrucou Hedgejest – Nós pagamos, não é mesmo seus cães do mar?

O chefe dos guerreiros recebeu aprovação da multidão sedenta e avançou. Abaixou suas calças e cruzou olhares com Kiorina. Mal teve tempo de ser tomado pelo terror causado pela intensa chama que viu nos olhos da menina. Seu corpo foi engolfado em uma enorme labareda e explodiu lançando pedaços de carne queimada pelo convés do navio.

Kiorina disse com os dentes cerrados com um sotaque carregado em Sílfico. – Não escutou seu capitão? Ele disse: JÁ BASTA!!!

Enquanto dizia isto se preparava para entregar ao capitão do navio um destino semelhante. Foi só quando ouviu uma voz familiar em sua mente lhe dizendo: "Não Kiorina, não faça isso. Ainda é cedo. Já tenho o capitão sob controle, será mais fácil sairmos daqui com ele vivo".

Kiorina murmurou – Noran?

– Sim! – respondeu o Capitão Shark. – Mais alguém quer me desobedecer e virar churrasco?

Silêncio.

– Muito bem, soltem a moça e tratem-na muito bem. Afinal, ela é uma mercadoria de grande valia.


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