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CAPÍTULO 8
E U nunca tinha fugido de uma situação como aquela, mas ao acordar nos braços do Balthazar e perceber que eu estava gostando daquele momento íntimo me fez entrar em desespero.
Homens não são confiáveis.
Suspirei, eu sou sexualmente atraída pelo cavalo troglodita, isso é um fato, porém ter sentimentos por ele nunca foi uma opção, na verdade por ninguém.
Toda a minha vida adulta mentalizei que não precisava ter um homem para ser feliz, que estar em um relacionamento é perigoso por ceder tudo por causa do bendito amor.
Estremeci. Pisquei.
Amar alguém não era o que eu queria, amar Balthazar? Definitivamente não.
Respirando fundo eu controlei meus sentimentos, olhei para o cavalo preto a minha frente já sentindo uma conexão, ele estava me aceitando. Arisco, porém não tanto quando chegou e tivemos o primeiro contato.
Balancei minha cabeça tirando Balthazar dos meus pensamentos. Eu tinha que trabalhar.
*****
— Então é aqui que você se esconde chaveirinho? — Meu corpo travou.
Merda.
Me virei lentamente observando o italiano descer do cavalo, travei na posição abaixada.
Lentamente ele veio até mim se sentando do meu lado, inferno! Eu estava fugindo dele, a tentação ontem foi muita que me fez propor um acordo nada legal.
Virei minha cabeça para o pequeno riacho que atravessava o rancho do Balthazar. Ele estava bem escondido e admito que tinha achado que era um lugar ótimo para me esconder do cowboy no meu horário de almoço.
Esses sentimentos confusos me deixavam a ponto de surtar com qualquer um. O que esse homem está fazendo comigo?
— O que você está fazendo aqui? — Perguntei quando percebi que ele não sairia do meu lado.
— Estava te procurando— De repente as pedrinhas do riacho raso eram muito mais interessantes do que falar com o italiano.
— Me achou — Respondi nada animada.
Era muito perigoso estar perto do cara, porra! Ele era uma tentação ambulante que andava em cima de um cavalo.
— Por que você é tão arisca? — Olhei no seu rosto, seus olhos brilharam em interesse sobre o assunto.
Suspirei.
— Toda a minha vida eu vi que homens só são bons por estar querendo alguma coisa, quando eles conseguem somem..— Dou de ombros ele acena com a cabeça como se entendesse, duvido muito.
— Acha que eu sou um desses caras? — A pergunta neutra foi feita e eu sinceramente não sabia a resposta.
— Eu cresci vendo isso, se até meu pai foi um desses caras... — Novamente dou de ombros, agora, em desprezo. Dou a resposta que ele não quer, mas o que eu posso dizer?.
— Acha que eu quero te usar? — Olhei para ele de novo, ele estava querendo rir! — Chaveirinho, se você soubesse as coisas que eu penso... — Tento adivinhar o que é, mas só imagino ele querendo noites de sexo exclusivo — No mínimo. — Guarda as suas garra gatinha. Você que não me deu oportunidade de me conhecer.
Ele joga na minha cara, eu faço uma careta.
— Nossa primeira conversa não foi um ponto positivo, desculpa — Ironizei, ele desviou o olhar com vergonha.
— Já pedi desculpas — Ele estava certo, porém tudo o que passei desde minha infância não iria apagar só porque ele está falando para confiar nele de uma hora pra outra.
— O que você quer de mim, Balthazar? — Perguntei cansada.
— Tudo Felicity — Meus olhos encontraram os seus. — Tudo o que quiser, puder ou estar disposta a me dar, eu quero tudo.
Me senti estranhamente quente com a sua afirmação. Meu coração bateu mais forte e a ansiedade correu pelas minhas veias.
— Você já transou com uma mulher casada? — Meus olhos se estreitaram, ele se surpreendeu.
— Desculpa? — Franziu o cenho confuso.
— Já fez sexo com uma mulher comprometida? — Pergunto novamente, dando pausas em cada palavra.
— Não! Nunca, porque faria isso? — Perguntou confuso e eu o analisei por alguns segundos.
Me pareceu verdadeiro, mas as vozes da minha irmã gritaram na minha cabeça me lembrando do episódio mais triste da minha vida.
— Eu não quero me apaixonar por você Balthazar — Lhe disse, direta.
Ele sorriu, fodida estou. Pegou a minha mão fazendo um carinho tão delicado que fiquei surpresa.
— Você já está apaixonada por mim, só precisa aceitar.
*****
Estávamos voltando para seu rancho, a trilha de terra não era muito longe e a caminhada me dava tempo de botar minha cabeça no lugar. Balthazar caminhava ao meu lado, levando seu cavalo pelo cabresto, eu o olhei, ele estava tão tranquilo e eu não sei dá onde ele tirava essa calma, ou como se mostrava estar calmo.
A gente não tinha falado sobre ontem e o episódio vergonhoso hoje de manhã, quer dizer, eu mostrei meus peitos para um bêbado que provavelmente não lembra nem de ⅓ do que aconteceu ontem.
Eu precisava urgentemente falar com o meu avô.
*****
— VOVÔ! — Entrei em casa jogando minhas botas no canto da porta e fui fazer a busca atrás do velho que não parava quieto. — VOVÔ!
— AQUI QUERIDA!
Segui a sua voz e entrei na sala, o velho estava lendo um jornal sentado na sua poltrona que a vovó tinha comprado em um dos seus aniversário de casamento.
Peguei um banquinho que estava de decoração e me sentei na sua frente, ele abaixou o jornal erguendo uma das sobrancelhas fazendo aquela cara que me lembrava a infância quando eu ia pedir alguma coisa para ele.
— O que foi? — Ele me pergunta assim que repara na minha cara.
— Você foi feliz com a vovó?
— Que pergunta é essa querida? — Ele ri. — Sua avó foi a única da minha vida, sempre. Claro que eu fui feliz com ela, por que pergunta? — Exalei minha respiração, nervosa.
— Como você sabia que a amava? Quando descobriu? — Ele me olha desconfiado, se ajeita na cadeira cruzando seus dedos em cima da sua barriga.
— Eu sempre soube que ela era a minha única, sua avó fazia meu coração acelerar, me deixava nervoso, ansioso... por que está perguntando querida? — Eu reflito sobre o amor deles.
— Nem todos os homens são como meu pai ou o Wilson, não é? — Meu vô me analisa e eu fico nervosa.
— Por que está perguntando? — O tom suave me fez acalmar minha ansiedade.
— Amar machuca, eu não quero isso. — Finalmente admito.
Ele sorri de uma forma acolhedora e me chama para o seu colo. Mesmo tendo quase trinta anos na cara eu vou para o seu colo como uma bebê, como previsto eu não fico tão confortável como quando eu era criança, mas ele embala meu corpo e beija a minha testa me fazendo ter um sentimento nostálgico.
— Muitas vezes o amor pode machucar, mas talvez esse amor não o seja verdadeiro. Pelo menos para mim, o amor cria vida, raízes, agrega, o falso amor machuca e destrói.
Eu suspiro perdida.
— Paixão?.
— Paixão é a faísca, o começo, é intenso, rápido, selvagem. Está apaixonada querida? — Ele me nina e eu estremeço só de imaginar.
— Não, pelo menos é isso o que eu quero acreditar.
— Vai lutar contra isso se estiver?
Engulo em seco. Irei?
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