Maré Vermelha

بواسطة carlosmrocha

20.1K 3.4K 381

Kyle e seus companheiros atravessam mares no navio, Estrela do Crepúsculo, com a ajuda do capitão Dacsiniano... المزيد

Lembrete
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 44
CAPÍTULO 45
CAPÍTULO 46
CAPÍTULO 47
CAPÍTULO 48
CAPÍTULO 49
CAPÍTULO 50
CAPÍTULO 51
CAPÍTULO 52
CAPÍTULO 53
CAPÍTULO 54
CAPÍTULO 55
CAPÍTULO 56
CAPÍTULO 57
CAPÍTULO 58
CAPÍTULO 59
CAPÍTULO 60
CAPÍTULO 61
CAPÍTULO 62
CAPÍTULO 63
CAPÍTULO 64
CAPÍTULO 65
CAPÍTULO 66
CAPÍTULO 67
CAPÍTULO 68
CAPÍTULO 69
CAPÍTULO 70
CAPÍTULO 71
CAPÍTULO 72
CAPÍTULO 73
CAPÍTULO 74
CAPÍTULO 75
CAPÍTULO 76
CAPÍTULO 77
CAPÍTULO 78
CAPÍTULO 79
Epílogo

CAPÍTULO 2

418 55 5
بواسطة carlosmrocha

Amanhecia. O céu estava limpo e um vento firme esticava as velas do navio que deslizava na superfície do oceano, acompanhando o balanço das ondas. Devido ao bom tempo, e ao fato da embarcação ainda não ter alcançado águas profundas, o navio jogava suavemente.

Na proa do navio havia um jovem conhecido pelo nome de Kyle Blackwing. Possuía longos cabelos negros que o vento carregava de acordo com sua vontade. Tinha uma expressão séria e contempladora. Seu olhar era maduro e revelava muita experiência. Era filho de um famoso cavaleiro do reino de Lacoresh. Armand Blackwing, seu pai, havia lutado em uma guerra contra criaturas chamadas bestiais vinte e dois anos passados. Morrera durante essa guerra, e seja por mérito próprio ou não, seu nome ficou marcado como o nome de um herói.

Kyle havia se ordenado cavaleiro seguindo os passos de um pai que nunca conheceu. Foi criado por Gorum, um cavaleiro muito amigo de Armand, a quem, no momento da morte, lhe foi confiada a tarefa de cuidar da esposa e do filho que ainda estava por vir. Por uma infelicidade do destino, a mãe de Kyle também morreu, devido a complicações no parto.

Kyle cresceu em Kamanesh, segunda maior cidade do reino de Lacoresh e capital de um ducado de mesmo nome. Inclusive o jovem Blackwing teve a oportunidade de conhecer e conversar com o próprio Duque de Kamanesh em certas ocasiões.

Durante sua infância fez dois amigos com os quais firmou laços cada vez mais fortes até os dias atuais. Archibald DeReifos e Kiorina de Lars. Acompanhou o caminho de ambos e profundas transformações que sofreram. Viu seu amigo Archibald perder a família e treinar para tornar-se um Monge Naomir. Da mesma forma que viu Kiorina, uma menina travessa, ingressar na Alta escola de Magia e desvendar seus segredos, trilhando o caminho que poderá levá-la a ser uma poderosa feiticeira.

Tinha uma vida tranqüila até o dia em que fora ordenado cavaleiro. Neste mesmo dia, nasceu uma criança com olhos completamente negros. O menino foi batizado com o nome Armand, em homenagem ao herói, pai de Kyle. Participou de uma expedição juntamente com seus amigos, Kiorina e Archibald, em busca de informações sobre a criança de olhos negros. Confrontaram bestiais que surgiram misteriosamente. Viajaram até a cidade de Tisamir para encontrarem Kivion, um sábio. Em seu lugar, conheceram Noran, seu discípulo, e pouco depois souberam da morte de Kivion. Na floresta de Shind, lar dos Silfos silvícolas, conheceram Mishtra, uma jovem silfa silenciosa e enigmática. E daí para frente tudo aconteceu como num turbilhão.

Guerra, intrigas, traições, mortes, prisões, sofrimentos e privações. No final, descobriram que a guerra contra os bestiais, não passava de uma distração. Era parte de um plano para a tomada de poder em Lacoresh. O rei foi morto, bispos, nobres e pessoas importantes foram substituídos. Os necromantes, bruxos poderosos que lidam com limites da vida e da morte, tomaram o poder. E daí veio a perseguição. Por isso, tiveram que fugir.

Mas isso não era tudo, não era uma simples fuga, também havia uma busca. Kyle passou por grandes privações enquanto foi escravo dos necromantes. Trabalhou em uma mina de metais por mais de um ano e foi resgatado por seus companheiros e por um misterioso silfo. Alunil era um grande guerreiro. Também um mago que detinha grande poder e sabedoria. Este, sendo um ser de natureza dupla, revelou-se também como o silfo Modevarsh, um ancião entre os silfos, vivo há mais de 800 anos. Foi nas mãos deste que Kyle retomou suas esperanças na vida. Modevarsh literalmente soprou a vida de volta para o corpo de Kyle, que padecia de graves doenças e ferimentos que sofrera nas minas. Retirando-o das trevas, deu-lhe uma grande motivação: Encontrar o oráculo de Shimitsu, porta voz de um dos grandes deuses do passado. Shimitsu era o deus da magia e tinha grande sensibilidade predileção pela humanidade.

Modevarsh advertiu que os necromantes não visavam apenas o poder em Lacoresh, eles tinham objetivos maiores e mais perversos. Escutando-se o que o oráculo teria a dizer poder-se-ia trazer grande luz para combater as grandes e obscuras ameaças que surgiam.

Kyle olhava para o mar e refletia sobre sua vida. Tanta coisa havia acontecido que era difícil entender. Talvez aquele fosse o primeiro momento que Kyle teve para refletir sozinho e com certo afastamento desde que fora resgatado das minas. E então quando todo seu passado começou a preencher-lhe os pensamentos ficou bastante confuso.

E agora? O que aconteceria? Parecia loucura, buscar um oráculo sabia-se lá onde! Não tinham muitas pistas, sabiam apenas que o encontrariam nos chamados Reinos Bárbaros. Dava medo saber que ficariam longe do lar por tanto tempo. E enquanto isso, seus lares eram ameaçados pelo perverso governo dos necromantes e suas intenções desconhecidas. Pensava naqueles que haviam ficado e lutariam por Lacoresh. O Misterioso Nasbit, o silfo Modevarsh, Vekkardi, e o cavaleiro Felear. Tinha memórias vivas de sua luta com Felear. E depois aquela estranha sensação, os arrepios e o calor que sentiu por dentro. Impulsos estranhos que fizeram que pudesse derrotar com as mãos limpas o terrível Cavaleiro Negro. O Cavaleiro Negro, na verdade, era o cavaleiro Roy pervertido pelas forças malignas dos necromantes. Havia perdido sua face, tornando-se forte como um gigante e aparentemente era invencível. Lembrava-se de seu rosto disforme, a face de um esqueleto animado com olhos sem pálpebras. O estranho muco amarelado que lhe escapava pelos orifícios. Aquilo sim era uma coisa nojenta. E ainda assim, de forma distante, podia reconhecer a voz do homem que havia sido.

O que teria acontecido? Como conceber a vitória sobre o Cavaleiro Negro? Pensava e pensava, mas não conseguia uma explicação para o ocorrido.

Assustou-se repentinamente quando uma mão tocou-lhe o ombro. Seus músculos se contraíram, mas em seguida, ao ver o tamanho da mão que pousava sobre seu ombro esquerdo relaxou.

A voz muito grave de Gorum soou, – garoto, você precisa descansar.

Kyle virou-se para encarar Gorum. Sentia um grande cansaço e concordou com um gesto. Olhava para cima para poder encarar seu tutor e observava as linhas que haviam surgido em seu rosto. Com as rugas vieram também as mechas brancas em seus cabelos negros, longos, anelados e em sua barba generosa. Ele estava envelhecendo. Começava aos poucos a deixar de ser o homem vigoroso que sempre fora. Ainda assim, Gorum ainda seria um oponente poderoso a qualquer um que ficasse em seu caminho. Em sua juventude foi conhecido como o mais feroz dos Cavaleiros de sua ordem e mais tarde como um dos mais experientes.

– Vamos lá, não fique com essa cara! Está parecendo um peixe morto! Ao menos fique animado para dormir um pouco! – disse o gigante sorrindo.

Como era usual, o humor de Kyle melhorou um pouco. Foi descansar junto com os outros.

Gorum, tendo dormido pouco menos da metade da noite sentia-se alerta e não voltaria a dormir. Logo se entrosava com os marinheiros do navio. Sentindo a necessidade de ocupar seu corpo de esvaziar seus pensamentos e começou a ajudar nas tarefas cotidianas do navio. Ainda sentia dores nas costelas, mas isso não o impediria de trabalhar. Antes do meio dia e um pouco depois de dezenas e dezenas de piadas, muitos marinheiros já começavam a considerar Gorum como um dos seus. A receptividade dos marinheiros fez bem ao humor de Gorum e logo começou a sentir-se bem entre eles. Da tripulação de vinte e poucos homens, Gorum ficou mais próximo de três: Celix, Kleon e Georges.

Celix era um sujeito risonho, baixo e magro, mas apesar disso possuía os músculos mais delineados que Gorum já havia visto. De pele morena e cabelos castanhos curtos, vestia-se com um colete negro e calças de um amarelo vibrante. Um tipo de vestimenta exótica para os olhos do velho Cavaleiro. Kleon era um rapaz jovem e de constituição física comum. Seus cabelos vermelhos de brilho intenso era seu traço mais marcante. Não era como os outros, natural de Dacs, era um Chilli, fosse lá o que fosse isso. Era também o timoneiro do navio e usava uma roupa de couro trançado. Georges era quase tão grande quanto Gorum e era um pouco mais gordo, ao contrário do que sua aparência indicaria era o mais esperto e ocupava a posição de segundo oficial depois do Imediato, Erles, um homem mais velho que não era de muita conversa, mas fora um homem do mar durante toda sua vida. O imediato era baixo e tinha o rosto cheio de irregularidades com barba e cabelos ralos e grisalhos. Costumava usar uma toca azul marinho para proteger a careca do frio.

– Afinal, o que é um Chilli? – quis saber Gorum

– É um fruto vermelho e amargo que nasce em nosso país. – respondeu o debochado Celix com seu forte sotaque Dacsiniano, cantando os finais das palavras e pronunciando erres brandos.

– Ah, então Chilli é o seu apelido? – dirigiu-se a Kleon.

Kleon, muito sério e compenetrado disse em Lacorês quase perfeito, – Infelizmente não. É disso que eles chamam qualquer homem que vem da minha terra.

– Percebo. De onde você vem então?

– De Kâtor, uma grande cidade estado muito a sul de Dacs.

– Nunca ouvi falar.

– Nem eu! – concordou o risonho Celix em tom de deboche, e Georges acompanhou às garagalhadas.

– Por que deixou sua terra, Kleon?

– Poucas pessoas deixam Kâtor, eu devo ser uma das raras exceções. A deixei justamente pelo motivo que muitos não a deixam, devido à religião.

– Religião?! exclamou Georges surpreso. – Que conversa é essa?

– É foi por isso que deixei minha terra, por causa de sua religião.

– Que conversa maluca é essa Chilli, como você nunca falou disso antes? – indagou Celix.

– Ora! Vocês nunca me perguntaram!

– Chilli, quantas vezes já te falaram que você é um louco?

Kleon sorriu e disse – Com essa são duzentas e trinta e seis vezes.

Gorum riu com vigor.

– O que houve grandão? – quis saber Celix.

– Lembrei-me de uma boa piada, há há há!

Gorum começou a contar a piada, que era mais como uma história longa. Tinha o hábito de puxar a barba com as mãos, em especial quando contava piadas. Além de Celix, Kleon e Georges outros marinheiros começaram a aproximar-se para escutar. Perto do final da história, vários os marinheiros foram limpando os sorrisos de seus rostos e ficando rijos. Gorum não percebeu o que acontecia até que veio de trás, uma voz que falou em Dacsiniano.

– Por que essas caras homens!?

Gorum interrompeu a anedota e virou-se para ver um homem de cabelos loiros penteados para formar uma franja projetada e espetada. Vestia-se como um nobre Dacsiniano, uma túnica azul com botões dourados, calças brancas, botas negras e lustrosas e bordados de tecido branco e delicado presos a uma gargantilha prateada. Não pode deixar de notar uma das ‘espadinhas’ características do povo de Dacs presa a uma bainha ricamente ornamentada.

– Hoje estou de bom humor! – Disse em Dacsiniano e com isso todos relaxaram. – Por dois motivos. O primeiro: finalmente, estamos voltando para casa. – Fez uma pausa. – Segundo, fui informado pelo imediato Erles que temos passageiros pagantes conosco, e, dentre estes temos duas lindas damas.

Aquele que obviamente era o capitão do navio completou – E vocês sabem como eu aprecio a oportunidade de dar transporte a belas damas. Portanto homens, fiquem a vontade e voltem logo a suas atividades.

– Perdoe meu mau jeito, meu nome é An LePard, sou o capitão desta nau. – Disse o capitão estendendo a mão para um cumprimento. Agora que falou em Lacorês, Gorum percebeu seu forte sotaque, mais acentuado até que o de Celix.

– Sou Gorum, prazer em conhecê-lo, e perdoe-me pelo mau jeito.

– Ah... não foi nada! Vejo que meus homens gostam de você, presumo então que deve ser um dos bons, caso contrário não teria a atenção deles.

Gorum apenas sorriu. – Posso saber o que disse a eles?

– Pode sim, apenas dei bom dia e disse-lhes que estava feliz por receber passageiros em nossa nau, o que torna as viagens menos entediantes. Depois mandei que voltassem ao trabalho.

– Entendi.

– E então onde estão os outros? – quis saber o capitão.

– Estão descasando.

– Não me diga que estão no porão?

Gorum ficou um pouco sem jeito e respondeu apenas com seu olhar.

– Erles! Gritou An Lepard.

Em instantes o velho marujo apareceu para atender seu capitão. Vestia uma calça de couro cinza e uma camisa branca bem folgada aberta na altura do peito. Pela abertura podiam se ver abundantes pelos brancos que cobriam seu peitoral. Usava barba rala e um gorro azul escuro na cabeça. Quando falava notava-se que tinha poucos dentes.

– Sim, senhor capitão. – Respondeu o velho em Dacsiniano.

An Lepard advertiu irritado: – Não fale em nossa língua, temos visitas. Somente use nossa língua quando estiver falando a toda a tripulação, pois você sabe que alguns dos homens ainda não aprenderam o idioma de nossos clientes.

– Sim, senhor capitão. – Disse Erles em Lacorês.

– Por que? Por que você acomodou nossos passageiros no porão? E ainda pior, acomodou mulheres em nosso porão?

Erles engoliu seco. – Me desculpe senhor, mas não queria incomodá-lo, o senhor já havia se recolhido e não achei que...

– Pode parar! Vou ter que lembrá-lo novamente!?! Você é o imediato deste navio, isto que dizer que não estando eu a bordo, você toma as decisões. Responda-me! Eu estava a bordo quando você recebeu os passageiros?

– Sim, senhor capitão.

– Muito bem, como castigo por sua quebra de hierarquia você irá ceder seus aposentos para nossos passageiros. Trate de retirar suas coisas e mande que limpem o local.

– Sim, senhor capitão.

– Muito bem, dispensado!

– Perdoe meus modos, senhor Gorum. Mas se não formos duros com nossos subordinados as coisas podem fugir ao controle com grande facilidade.

– Entendo o que quer dizer, já comandei homens em guerras e percebo a semelhança.

– É mesmo? Que interessante! Estou certo que depois você poderá me contar sobre esses feitos. Porém, no momento, tenho que checar as cartas de navegação e realizar alguns ajustes em nossa rota.

– Certo capitão, foi um prazer conhecê-lo. – Estendeu a mão para um cumprimento de reafirmação.

– Acredite-me, o prazer foi todo meu. – respondeu An Lepard e correspondeu o aperto de mãos.

واصل القراءة

ستعجبك أيضاً

5.7K 292 8
💛 React 💛 Imagine 💛e oq seis quiserem
80.7K 8.5K 45
𝐖𝐈𝐍𝐆𝐒 | Conta a história de Alyssa Targaryen, sua emancipação, erros, atos de rebeldia e fidelidade. Como lutou pelos seus ideais, por sua honr...
5.1K 633 6
Dazai se considerava um ótimo escritor, ele adorava retratar o mundo do seu ponto de vista nas páginas...isso obviamente significava que a maior part...
114K 8K 42
Reimaginando o universo de House of the Dragon (A Casa do Dragão) se a história acontecesse de outra forma, e se apenas mais um personagem fosse acre...