48. GREG, JOHN E O SR. DARCY.

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Beijos como aquele eram do tipo que vale uma passagem só de ida para o purgatório: escondido, proibido e inflamado de desejo acumulado.

Hazel gostaria de dizer que não correspondeu, mas não seria verdade. Quando sentiu os lábios urgentes de Greg nos seus, seu hálito quente, seus braços a envolvendo e pressionando-a contra seu corpo, poucos foram os segundos em que ela ficou sem reação.

Era como se o seu próprio corpo agisse por conta própria, ignorando seus comandos básicos. Seu cérebro já estava embriagado pela óbvia paixão que sentia por ele e agora deixava que seus braços se enroscassem no pescoço dele e puxassem seu rosto para mais perto, até que não existisse mais nada em seu mundo sensorial além da água e Greg Mitchell.

Ela só percebeu que estava sem fôlego quando o garoto tirou os lábios dos seus por um instante, um pouco ofegante também. Ele levou a mão que segurava a sua nuca até sua bochecha, afagando-a enquanto a olhava nos olhos com ternura. Depois, subiu a mão que agarrava sua cintura e pousou em seu queixo, acariciando seus lábios com o polegar.

Aqueles olhos negros passeavam por todo o seu rosto, e ele não parecia pronto para largá-la. Hazel fechou os olhos por um instante, sentindo o toque molhado de seus dedos queimar na pele do rosto.

Quando Greg encarou sua boca, como se fosse beijá-la mais uma vez, Hazel quase não encontrou forças para protestar. Mas uma dor aguda de angústia surgiu em seu âmago, trazendo-a para a realidade por um instante, e ela balançou a cabeça em negação.

– G-Greg... Isso... Isso não está certo – murmurou. – Eu... Eu tenho namorado.

Ele olhou para a água abaixo, pensativo. Então a olhou de volta.

– Eu sei – respondeu Greg. – Conheço ele. Aposto que nunca beijou você assim... – disse, beijando-a novamente.

E ele estava certo, afinal. Na verdade, ninguém a beijou daquele jeito antes.

Não era como se fosse algo sobre "técnica", isso Greg parecia ter de sobra, mas tanto quanto tinha John. Era algo inexplicável, como uma sede, uma urgência, um desejo pungente que transbordava de cada toque. Era quase febril e delirante, mas não havia nada em seus movimentos que ultrapassasse algum limite do quanto ela própria já estava cedendo.

E ela estava cedendo.

– N-não, Greg! – balbuciou ela em seus lábios, finalmente o empurrando, o que ele prontamente obedeceu.

Hazel sabia que já tinha perdido a capacidade de negá-lo ou sequer pensar racionalmente se o estivesse olhando de frente, então virou-se de costas, encarando apenas a cachoeira. Suspirou profundamente, uma, duas e três vezes. Greg a esperava pacientemente.

Longe de sentir-se recomposta mas, ainda assim, com os pensamentos um pouco mais clareados, Hazel lembrou-se de John e um nó em sua garganta quase a impediu de falar:

– Isso não poderia ter acontecido! Eu-eu sou uma pessoa horrível...! – disparou ela, sentindo-se mais culpada do que nunca em sua vida.

– Hazel... – tentou Greg, como se a consolasse, pousando uma mãos em seu ombro.

Mas ela virou-se de volta para ele e, com uma expressão de desespero, o interrompeu:

– Não importa o que você diga. Eu tenho um namorado, Greg! Eu não posso fazer esse tipo de coisa quando... – se interrompeu, então seu rosto caiu em uma expressão de grave pesar. – Como posso criticar o meu pai pelo que ele fez e agir igual?

Greg fez uma careta de incredulidade e inclinou-se para afagar o seu rosto.

– Você está delirando, Hazel. Não pode comparar o que aconteceu aqui com uma vida dupla de dez anos! – argumentou.

Além das AveleirasWhere stories live. Discover now