51. ABÓBORAS INSEGURAS NÃO ENTRAM EM FESTAS.

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Greg encarou a abóbora que acabara de encravar e fez uma careta. Era provavelmente a abóbora de Halloween mais torta, triste e deprimente que já havia visto na vida.

– Ei... Que humor é esse? – quis saber Max ao observar o trabalho do amigo, confuso ao perceber que Greg e sua abóbora combinavam o semblante. – Hazel e John provavelmente terminaram, você e seu Jack O' Lantern deveriam estar ostentando o maior sorriso de todos na sala.

A mais repentina e escura nuvem fechou o veranico de outono daquele final de semana com uma pesada chuva com direito a tempestade de raios. O grupo foi poupado por muito pouco no caminho de volta da cachoeira até em casa.

De volta aos seus celulares, não demorou muito para que todos descobrissem o motivo de Hazel ter se encerrado em seu quarto desde a chegada. Lily e a Srª White foram vê-la, e parece que a garota se sentia muito desconfortável de encarar o resto da casa naquela noite, depois de toda a exposição da traição de John.

Greg não teve outra opção que não ficar na mesa de jantar encravando abóboras de Halloween com o resto do grupo, já que era a atividade caseira que decidiram para aquele fim de viagem chuvoso.

Max fez suas observações em um tom baixo, quando a maior parte do grupo estava localizada na cozinha.

– Max... Você não entende – suspirou Greg. – Lá na cachoeira, antes de voltarmos... eu a beijei – contou.

Max abriu o mais malicioso dos sorrisos.

– Só vejo vantagens. Mas e ela? – indagou, curioso.

Greg não sabia responder aquela pergunta nem para si mesmo.

– Eu não sei dizer – ponderou. – Acho que fui correspondido... mas também acho que fui dispensado.

A voz de Milo surgiu de repente atrás de suas cabeças:

– Não vai me dizer que essa é a parte da comédia romântica em que os mocinhos não ficam juntos pura e simplesmente por problemas de comunicação que poderiam ser resolvidos com uma conversa de cinco minutos? – ironizou o rapaz.

Greg o encarou confuso.

– Você não queria poder conhecer John e promover seu trabalho? – perguntou ao garoto.

Ele deu de ombros.

– Ainda vou vestir gente bem mais importante que ele, e que de quebra não tenha humilhado a minha irmãzinha publicamente – disparou.

Aquilo parecia alguma espécie de bênção. Mesmo que muito esquisita...

– Escute – continuou Milo –, não existe nenhum Juan ou Tyson e nem mais John Slight entre você e ela. Só essa estúpida abóbora fatigada.

Milo tinha razão. Greg precisava fazer algo sobre isso mas, ao mesmo tempo, queria respeitar o espaço de Hazel. Ela acabara de terminar o relacionamento e ainda estava lidando com muitas coisas relacionadas a isso. O último olhar que viu no rosto dela era tão culpado e desconcertado que deixava-o nervoso cogitar procurá-la para conversar agora.

E foi assim que aquela tão longa breve viagem acabou. Após calorosas despedidas e a renovação de um convite para mais finais de semana futuros, o mesmo grupo que adentrou Southshire no carro de Greg, agora voltava para as ruas pedregosas de Bewitt após o almoço do dia seguinte.

***

Os próximos dias que se passaram naquela nova semana foram muito parecidos com a viagem de volta à cidade: Max e Lily grudados e inseparáveis; Hazel e Greg silenciosos e constrangidos na presença um do outro. Está certo que a semana do Halloween normalmente era a conclusão de uma dura etapa de provas em Vallert e ninguém tinha muito tempo livre para gastar com outras pessoas. Mas isso não parecia impedir o primeiro casal.

Além das AveleirasOù les histoires vivent. Découvrez maintenant