47. QUENTE DEMAIS PARA MIM.

48 8 9
                                    

– Acorda, pestinha! Já deixei você dormir até demais – surgiu a voz da mãe, despertando Hazel de algum sonho que incluía sátiros e ninfas em uma floresta.

A luz da manhã já banhava todo o quarto, e Lily já estava de pé também, encarando-a divertida.

– Minha... cabeça... – reclamou, ao perceber uma pontada de enxaqueca, além de estar com a boca muito seca. Apressou-se em apanhar água da moringa na mesinha de cabeceira e beber até saciar-se.

– Ressaca é complicado – solidarizou-se Lily.

Ressaca?!

Imagens da noite de ontem surgiram como flashes em sua mente.

– Argh... M-me desculpa, mãe. Eu juro que não costumo fazer isso em Bewitt – explicou-se.

Ela riu em resposta.

– Tudo bem, Haze. É melhor que tenha sido em casa, mesmo... – abrandou ela. – E também, não foi nenhuma grande bebedeira. Você só ficou meio tontinha e apagou no sofá. Greg a carregou até aqui.

Greg!

Hazel sentou-se rápido demais, e sua cabeça latejou.

– Greg? – murmurou, esfregando a fronte.

– Sim, ele é um bom menino, não é? Parece preocupado com você – comentou a mãe.

Lily deu um sorriso torto para a amiga e sentou-se ao seu lado na cama, logo as duas ficaram sozinhas. Meredith foi buscar um remédio para a dor de cabeça da filha.

– Amiga, acho que falhei com você – Lily se desculpou. – Perdi você de vista ontem por alguns minutos, bêbada. E seu caminho cruzou a última pessoa no mundo que você deveria ver bêbada... Acha que disse algo comprometedor a ele?

A amiga realmente estava lendo seus pensamentos, pois Hazel agora vasculhava mentalmente toda a interação que teve com Greg.

– Tudo bem, Lily. Eu acho que não... – ponderou.

– Eu, sua mãe e Milo encontramos você dormindo aninhada no peito dele uma meia hora depois que entrou em casa para usar o banheiro – contou ela.

Hazel afundou a cabeça nas mãos, lembrando da interação dos dois no sofá da sala.

– Talvez eu tenha dito algumas coisas... – ocorreu-lhe.

Lily havia lhe contado sobre estar de rolo com Max ontem, quando as duas se arrumavam juntas para a festa. Estava feliz e, sinceramente, merecia ser poupada da angústia que ela sentia. Então Hazel sacudiu a cabeça e abriu seu melhor sorriso, anunciando que estava com fome e deveria tomar logo um banho para descer.

Agora sozinha com seus pensamentos, só queria bater com a cabeça até perder a consciência novamente. Aquilo parecia não ter saída: ela estava namorando John. Ele tinha suas falhas, mas era um bom rapaz. Os dois já se divertiram muito juntos.

Mas Greg... Só de pensar no rosto dele, seu peito preenchia-se. Quando ele estava por perto e seus olhos se encontravam, borboletas faziam um rebuliço no seu estômago. Ela só conseguia pedir aos céus todas as manhãs que aquele dia fosse diferente.

Só que apenas ficava pior. Todos os sintomas se repetiram, em dobro, quando deu de cara com o garoto no andar de baixo após descer as escadas. Ele sempre parecia reparar nela inteira, mesmo que cuidadoso para não ser indecoroso. Mas ela sentia os olhos dele a percorrendo de cima à baixo, pousando de volta no seu rosto.

Eram os instantes em que ela ficava superconsciente de sua aparência no dia: seus cabelos estavam presos em duas tranças por causa do calor e vestia um mini vestidinho de alfaiataria em um xadrez miúdo amarelo, com os ombros de fora.

Além das AveleirasWhere stories live. Discover now