8. WANDERER

50 8 6
                                    

– Você está horrível. Não deve ter dormido nada. Pode passar a noite aqui se quiser... – disse Greg, esfregando as têmporas e sentando no sofá.

Esse era o "jeito Greg" de dizer que estava agradecido pelo cuidado do amigo. Max suspirou, rindo para si.

Greg o fitou, curioso.

– Max, eu... te dei muito trabalho ontem? – sondou.

Max divertiu-se com o fato de que o amigo havia de fato esquecido da noite passada. Mas ao olhar para ele, desmanchou o sorriso. Greg parecia, como de costume nessas ocasiões, perdido e arrependido.

– Tudo bem, Greg. Não tem nada de errado em fazer essas bobagens de vez em quando, eu sempre digo. Você apenas deveria tentar fazer com mais frequência e menos intensidade – brincou, sentando-se ao lado do amigo.

Ele bufou em resposta.

– Está doido? Sempre que eu for tentar vou acabar assim. Não deveria fazer isso nunca mais. É a última vez que eu aceito um convite seu... – reclamou, jogando-se para trás no sofá e esfregando a cabeça.

Max riu.

– Você já sabe o que eu acho... – respondeu, por fim.

Ele sempre aconselhava o amigo a ser menos carrancudo, mais sociável, encarar mais eventos sociais. Assim se divertiria mais e nunca teria tanta urgência em exagerar na bebida quando isso acontecia.

Greg estava tentando matar e enterrar a sua velha persona com uma seriedade que também parecia lhe fazer mal. Ele parecia acreditar que só conseguiria se divertir ou ser carismático e sociável se estivesse sob efeito de pelo menos alguma bebida. E como ele não queria voltar aos velhos hábitos que lhe fizeram sair praticamente fugido de Malibu, preferia apenas vetar e ignorar tudo que fosse relacionado à circulação social e uso de drogas de qualquer natureza.

Quando o amigo soltou um longo suspiro, Max preferiu trocar de assunto.

– Como passou o dia? Você lembra de algo de ontem à noite?

Greg demorou um pouco para responder.

– Só estou com muita dor de cabeça ainda. Não lembro de muita coisa, mas também não parei para pensar. Lembro da casa, de algumas pessoas que vi no início da noite...

Max levantou do sofá e foi até o armário do banheiro pegar pílulas de analgésicos para alcançar ao amigo.

– Eu passei um tempo com algumas amigas, não vi muito o que você ficou fazendo. Não lembra de nenhuma garota? – sondou, lembrando dos episódios de mal entendidos com as garotas que o amigo esquecia.

– Não que eu possa lembrar... – Greg franziu o cenho – Espera... Acho que tinha uma garota... Bonita. Eu não consigo lembrar do seu rosto, só que era bonita. Talvez a mais bonita que já vi na vida. Lembro de cabelos longos, castanhos... Bochechas coradas, ombros de fora... Belas clavículas – lembrou, com uma expressão confusa.

Max soltou uma gargalhada com a observação do amigo.

– Dezenas de garotas daquela festa se encaixavam nessa descrição. Você está ferrado, amigo – zombou.

Greg ficou mais uns instantes pensativo antes de falar.

– Eu não fiz nada com ela. Isso deve ser o que mais me lembro. A frustração de não tê-la alcançado... – murmurou, ainda pensativo. – Talvez tenha sido só um sonho. Sim, provavelmente foi um sonho depois de ter apagado. Eu não costumo eleger garotas como "a mais bonita que já vi" e nem ficar tão frustrado por elas desse jeito – concluiu.

Além das AveleirasWhere stories live. Discover now