17. UMA TRAVESSURA.

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John tentou espiar entre os arbustos, mas tudo que conseguiu enxergar foi um vislumbre da sombra de uma bicicleta. Ele foi caminhando de volta por onde tinha vindo, acompanhando o som das vozes das garotas conversando. Elas conversavam sobre alguém que não gostava de Hazel, e esta perguntou onde a companheira almoçaria.

"Será que eu dou as caras?" pensou John.

Ela estava acompanhada da amiga, quais eram as chances de que a outra garota também não o reconhecesse? Mas afinal, por que ele estava deixando essa omissão de quem era ir tão longe? Talvez fosse melhor que ele contasse logo para ela quem era. Será que as coisas iriam mudar?

Quando a cerca viva que os separava acabou, ele pôde ver Hazel seguir em frente, com uma amiga mais alta que ela de um lado e uma bicicleta azul do outro. Sua amiga carregava outra bicicleta, esta vermelha. Elas não o viram e pararam por um momento, de costas para ele.

Ela vestia botas de montaria, jeans justos, uma bata delicada quase da cor de sua cútis e seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo. Contrastava bastante com sua amiga, que vestia uma jaqueta de motoqueiro cheia de tachinhas prateadas e calças muito surradas.

– Vixe... eu não vou ter tempo para almoçar hoje, amiga. Preciso resolver umas paradas com a minha matrícula. Inclusive acho que vou perder a primeira aula – disse a garota se dirigindo à Hazel, chateada.

– Tudo bem, não se preocupe! Acho que vou comer na cantina mesmo. Nos vemos na Antropologia às 16h?

Elas se despediram e a garota de jaqueta montou em sua bicicleta e foi embora, deixando-a sozinha por um instante.

"Perfeito!" pensou John, agradecendo por haver uma desculpa que legitimasse o que estava fazendo, ainda que para si próprio.

Agora ela estava sozinha, de qualquer forma.

John se aproximou de Hazel ao perceber que ela começara a seguir seu caminho. Não havia ninguém por perto.

– Hazel! Vai almoçar? – perguntou, juntando-se a ela.

A garota teve um pequeno sobressalto, mas ao reconhecer John, o recepcionou com um sorriso.

– Olá John! Eu estava indo para a cantina – respondeu, sem desconfiar que John a observava antes.

Ele apressou o passo para se colocar na frente dela e segurar sua bicicleta, parando-a gentilmente.

– Você não quer almoçar comigo? Eu estava indo comer um pretzel ótimo que tem ali passando a biblioteca. Eu compro para nós dois e almoçamos por lá, o que acha? ­– perguntou, com seu melhor sorriso, um pouco próximo demais.

Ela piscou, surpresa.

Que interesse ele tinha nela, afinal? Hazel não tinha se enganado quando pensou que John tentava ser galanteador com ela. E ele estava excepcionalmente bonito na claridade natural da rua, com aquela camiseta branca de gola cavada.

– C-claro, por que não? – respondeu, desviando o olhar de John e organizando seus pensamentos. Tomou uma distância mais confortável de John e continuou: – Digo, eu adoraria. Mas eu pago o meu!

John sorriu com a ressalva, mas pediu:

– Tudo bem, mas não me prive completamente de qualquer cavalheirismo. Deixe eu carregar a sua bicicleta para você.

Ela deu de ombros.

– Tudo bem! – respondeu, contente.

Os dois então voltaram na direção por onde ela veio. Passaram em frente ao depósito e ela viu novamente os cartazes do show da Garlical 4.

Além das AveleirasWhere stories live. Discover now