11. A PIOR ENTREVISTA DE EMPREGO DE TODOS OS TEMPOS.

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– Srta. White? Resolveu aparecer? – disse o rapaz, desdenhoso.

Ele definitivamente não a reconheceu, por ora.

Era tão formal e sério, mas sua voz era jovial e seu porte também. Aquele contraste a divertiu um pouco, mas não o suficiente para que seu semblante lhe traísse.

Hazel corou.

– Ah, me desculpe, senhor. Eu... Eu jamais me atrasaria para uma entrevista de emprego, isso não faz o meu perfil, mas tive uma emergência.

Ela se aproximou da mesa e passou a notar que o garoto com quem falava era extremamente alto. Não havia notado na noite passada, pois só o viu sentado ou à distância. Parecia ter quase um metro e noventa, e ela não era a garota mais baixa do mundo, tinha um metro e sessenta.

Ele a olhou de cima e franziu o cenho.

– Eu adoraria escutar a história espetacular sobre a sua emergência.

Hazel irritou-se com a postura dele e bufou, mas manteve a compostura.

– Eu falo sério. Eu estava a caminho daqui, estava com bastante tempo. Mas então eu ouvi um gatinho miando. Eu colocaria poucas coisas no mundo acima de meus compromissos, mas acontece que uma delas é... Eu tenho um forte senso de moralidade, sabe?

O garoto revirou os olhos e a interrompeu.

– Ah sim! Virtuosa Srta. White! Foi resgatar um gatinho de uma árvore? Eu estava esperando algo mais original, sabe?

Dessa vez ela não conseguiu disfarçar a indignação com o desdém de seu futuro superior.

– Eu não resgatei ele de uma árvore! – explicou com irritação. – Ele estava dentro do labirinto. Eu sou nova aqui e não sei me orientar lá dentro... Bom, eu não sabia até então. Eu encontrei ele no centro, em cima da estátua do chafariz.

– Ah, tudo bem. Agora ficou melhor. A Senhora Alice no País das Maravilhas foi procurar o gato no labirinto? – debochou o rapaz.

Ela começou a sentir o sangue subindo até suas orelhas e sentia que ia explodir se não desse uma resposta à altura. Aquilo pareceu divertir um pouco seu entrevistador sarcástico, e quando ela notou o esboço de divertimento em seus lábios, acabou perdendo a paciência.

– Ok, você obviamente nunca leu Carroll, pois Alice procurava um coelho branco. Ela não foi atrás de gato nenhum, o gato do qual você se refere era o que apareceu em seu caminho quando visitou a casa da Duquesa e...

– Eu não ligo para Carroll! Isso não vem ao caso! – interrompeu o rapaz, sentindo-se insultado. – E se você resgatou o gato, bem, onde o deixou?

Hazel agora não sabia como começar.

– Bom... eu vou ser sincera. Eu trouxe ele nos braços, mas li a placa na entrada que dizia que não permitia animais então eu... Eu o guardei.

O rapaz levantou uma sobrancelha.

– Você quis dizer "escondeu"? – sondou, desdenhoso.

Ela mexia constrangida nas mãos e olhava para baixo. Depois de pensar por um momento, o encarou nos olhos e deu de ombros.

– Tudo bem! Eu escondi. O que você... O senhor faria? Eu não poderia largar ele na rua, sozinho. E com certeza não entraria aqui com o gato nos braços, depois das descrições assustadoras que ouvi sobre o sen... – Oops!

Ela se interrompeu, corando até a raíz do cabelo.

– Ah, claro. Eu sou um carrasco comedor de gatinhos? – ofendeu-se o rapaz, em um tom um pouco forçado demais, o que pareceu um pouco cômico. Hazel riu.

Além das AveleirasKde žijí příběhy. Začni objevovat