42. SOUTHSHIRE

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A visitação à fazenda que Fred tinha interesse em comprar estava marcada para às nove horas da manhã. Às oito, o tio já estava esperando na porta de seu prédio quando Greg passou de carro para buscá-lo.

O dia realmente estava prometendo calor. Tio Fred já estava reclamando do fato de que o carro de Greg não tinha ar condicionado antes mesmo de chegarem ao apartamento das garotas.

Max desceu junto com ele quando Lily apareceu com sua pequena bagagem em mãos e foi ajudar a ajeitá-la no porta-malas. Hazel estava mais atrás, conversando com um garotinho na porta do prédio, com a mão sobre seu ombro.

– Obrigada de novo, Jim. E não esqueça também de trocar a água do potinho dele, certo? – Greg a ouviu lembrando o garoto, quando se aproximou. Deveria ser o vizinho que cuidaria de seu gato.

Quando a garota se virou e encontrou seus olhos, sorriu timidamente.

– Bom dia, Greg – murmurou, um pouco rouca da manhã.

– Bom dia... – respondeu ele, procurando por alguma mala ou mochila em suas mãos. – Não tem bagagem?

– Ah... É só um fim de semana e eu tenho muita coisa lá em casa ainda.

– Onde está o John? – perguntou o garotinho. Ele encarava Greg parecendo decepcionado.

"Era só o que me faltava!", pensou Greg.

– Ele está trabalhando, Jim. Não vai comigo – explicou Hazel. – Agora cuide bem do Edgar para mim, ok? – pediu, afagando a cabeça do garoto, que entrou de volta para o prédio. Depois virou-se para acompanhar Greg até o carro.

Ele riu baixinho.

– Edgar Allan Poe? – quis saber.

Ela realmente levava esses nomes literários a sério. Sua careta a denunciou.

– Você não pode mais me chamar de nerd literária, está quase completando um minor em literatura! – defendeu-se ela.

– Seu gato não era brasino? Eu teria guardado esse nome para um gato preto – disse, presunçoso, em referência ao famoso conto do autor.

Hazel riu dessa vez.

– Está fazendo sua lição de casa, Mitchell. Mas nada muda o fato de que você é uma negação sobre outros gatos literários – zombou ela, lembrando-se da vez em que ele referenciou muito mal "Alice no País das Maravilhas", naquela entrevista de emprego.

Os dois encontraram Lily e Max antes de entrarem no carro e todos se cumprimentaram. Algo entre os quatro estava definitivamente esquisito, como se várias verdades desconfortáveis estivessem pairando no ar, subentendidas. Então Greg teve a leve impressão de que as meninas também conversaram até tarde na noite passada.

A viagem até Southshire era breve, apenas uns quarenta e cinco minutos que poderiam ser feitos em meia hora em corrida mais rápida. Porém, Tio Fred estava com tempo e queria apreciar a paisagem.

Saindo de Bewitt e rumando pela rodovia que passava por todas as cidades interioranas mais próximas, a paisagem ficava mais plana, com campos verdejantes e pequenas colinas sobrepostas em belas imagens pitorescas. À frente dos pinheiros, algumas árvores estavam alaranjadas pelo outono e vários milharais e campos de abóboras se estendiam pela região, no auge da estação, embelezando a zona rural.

O carro estava silencioso, todos ainda pareciam quietos com exceção de Tio Fred, no banco do passageiro, que de vez em quando tagarelava sobre as belezas da paisagem ou aumentava o volume do rádio. Hazel, de vez em quando, cantarolava baixinho algumas músicas que conhecia, era irritantemente adorável.

Além das AveleirasWhere stories live. Discover now