20. JOHN TEM MESMO UMA BANDA!

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O semblante de John parecia triste, torturado. Seu rosto estava tão retorcido de remorso que Hazel desviou o olhar.

O que era aquilo, uma brincadeira? Se fosse, ele estava entregando a melhor atuação da vida. Para que o esforço?

– Vocês se conhecem!? – perguntou Lily, exasperada, apontando para Max e Greg e depois olhando para Hazel e apontando para ela e John – E vocês também? Como? Quando...?

Lily parecia muito desorientada.

Hazel não estava menos confusa. Mas toda aquela comoção da amiga parecia confirmar a história de John.

Mas era impossível, como ele poderia ser duas pessoas ao mesmo tempo?

Ao mesmo tempo...?

Agora a memória daquele ensaio da banda e da ausência do vocalista começou a martelar em sua mente.

A popularidade de John, as maneiras esquisitas das pessoas à sua volta, as próprias esquisitices dele... Aquele primeiro dia no bar, em que ele se escondia. Tudo parecia finalmente se encaixar.

Um silêncio constrangedor corria enquanto ela encarava o chão, congelada no instante em que John falou pela última vez. Lily apenas seguia olhando dela para John e para Max, que fazia uma careta confusa. Greg encarava apenas Hazel, parecendo chocado.

Ela encontrou os olhares dos colegas antes de encarar John de volta, sentindo um calor queimar sua face.

– Você mentiu pra mim – murmurou, audível apenas por conta do silêncio cortante que pairava.

O rapaz pareceu quebrar com as palavras dela. De repente, ele parecia um garoto levado de dez anos de idade, finalmente arrependido por uma travessura.

– Não, Hazel. Por favor, eu não menti! Eu me esforcei ao máximo para dizer sempre a verdade. Eu apenas... Omiti muita coisa. Eu disse que tinha uma banda, disse que não poderia faltar ao show... – tentou se explicar, mas Hazel soltou uma risada irônica, interrompendo-o.

– John, me faça um favor? Não me trate como se eu fosse estúpida! Vamos trabalhar só com a realidade aqui: você mentiu! Você falou de si mesmo na terceira pessoa inúmeras vezes. Você se passou por um fã da banda. Deve ter sido divertido rir da caipira idiota que não conhecia você, não é? – disparou.

John se aproximou do balcão e se apoiou nele com as duas mãos, encarando-a de perto com os olhos suplicantes.

– Por favor, não foi nada disso, acredite em mim! Essa nunca foi a minha intenção, eu juro que nunca ri de você, eu...

– Sinceramente, por que eu deveria acreditar em você? – interrompeu ele de novo, afastando-se para trás.

O rapaz suspirou e encarou as mãos.

– Tudo bem, eu assumo. Eu menti – murmurou, derrotado. – Mas você precisa ouvir os meus motivos! Você lembra do que eu disse aquela vez sobre... Sobre as fãs não gostarem de um rockstar por quem ele realmente é? Essa tem sido a minha vida. Quando você me tratou como John, apenas John, o seu colega de Economia... Eu senti como se pudesse ser eu mesmo – tentou explicar, num rompante.

Ela ouvia sua explicação em silêncio, sem responder. Então ele continuou.

– Essa sensação... Eu nem sabia direito que era isso que eu procurava quando vim para Vallert, mas tive certeza quando conheci você. Por isso não tive coragem de contar, ainda mais quando você disse o que achava de astros do rock – seus olhos eram tão expressivos e passavam tanto remorso que Hazel precisou desviar deles novamente.

Além das AveleirasWhere stories live. Discover now