Além das Aveleiras

35. HALTEROFILISTAS E NADADORES CASUAIS.

Lily teve uma ótima ideia para aquele final de semana livre de Hazel: yoga. Parece que uma aula demonstrativa gratuita estava abrindo naquele sábado em uma academia da zona Sul e seria uma atividade perfeita para distraírem-se, já que não tinham nenhum outro programa para fazer.

Sim, Hazel não faria nada com John, de novo. Ele estava em Los Angeles a trabalho desde sexta.

Na verdade, desde a discussão que tiveram na quarta, falaram-se muito pouco. Ele a acompanhou para fazer a denúncia na reitoria, mas mandou Cassandra em seu lugar para denunciar o fã clube à polícia, pois sua imagem em uma delegacia não seria bem vista. A agente cuidou para que tudo fosse o mais sigiloso possível.

Depois ele ligou para ela uma vez na quinta para perguntar como estava se sentindo e informar que estava viajando para LA e, desde então, só trocaram poucas mensagens.

Era estranho como tudo entre os dois estava se encaminhando. Hazel tentava ser compreensiva com John, mas ele não parecia fazer o mesmo esforço. Porém, por mais angustiante que fosse tudo aquilo, ela raramente se sentia solitária. Quando não estava com a cabeça ocupada com os estudos, tinha que trabalhar.

Mas aquela tarde de sábado ela havia tirado para relaxar. Rachou um Uber com a amiga e as duas tiveram duas horas agradáveis de uma sessão de yoga para iniciantes em uma grande academia.

A sala em que as sessões se realizavam ficava em um espaço bonito e ensolarado, ladeada por grandes janelas de vidro que se projetavam para um jardim no exterior, e outras que se projetavam para a área da piscina interna.

Enquanto praticavam a vriksasana – postura de árvore – deram de cara com um rosto conhecido, andando de uma sala à outra das que cercam a piscina: Max. Ele acenou para elas, surpreso, e apontou a sala em que estaria.

Depois que a sessão acabou, encontraram o amigo na sala ao lado, que tinha aparelhos de musculação. Ele terminava uma série de levantamentos de halteres e logo às viu, aproximando-se enquanto secava o suor da testa com uma toalhinha.

– Meninas! Que surpresa ver vocês por aqui. Belas trancinhas, Hazel – saudou-as com um sorriso caloroso. Ele estava com uma grande mancha de suor na regata branca que vestia e seus músculos pareciam reluzir como nunca.

– Estávamos na aula experimental de yoga que anunciaram na internet – disse Lily. – Você sabe como eu sou com coisas gratuitas né? Mas e você? Achei que malhava no ginásio do campus...

– Durante quase toda a semana, sim – explicou ele. – Mas de vez em quando eu venho com o Greg, quando fico na casa dele. Ele é membro aqui e – diminuiu a voz em um sussurro, inclinando-se na direção das meninas – eu uso o cartão de membro do Tio Fred, que nunca vem e tem preguiça de cancelar a associação.

Lily riu e deu um tapinha nas costas do amigo.

– Eca! Você está todo suado! – reclamou, limpando a mão na barra da regata dele, aos risos.

– Eu imagino que você, como a fada mítica que é, provavelmente não sua ao malhar. Deve soltar purpurina – caçoou ele, rindo de volta.

Hazel sorriu para os amigos, mas estava mais distraída rastreando o ambiente, agora ciente de que Greg estava por lá também. Ele não parecia estar em nenhum canto daquela sala, mas alguém se dirigia à porta, pronto para ir embora: Matt.

– Matt! – chamou ela, fazendo com que o irmão se virasse e encontrasse seus olhos, sorrindo ao reconhecê-la e vindo em sua direção.

– Tampinha! O que faz aqui? – quis saber, surpreso.

Ao reconhecer Lily e Max, também os cumprimentou, simpático. Hazel explicou sobre a aula experimental e Lily era só sorrisos.

– Você malha aqui desde quando? – Max perguntou. – Nunca o vi por aqui, aliás não te vejo desde a faculdade! Fiquei surpreso quando soube que você e Hazel eram irmãos. Como anda, meu velho?