59. INVASÃO NÃO-AUTORIZADA AO PATRIMÔNIO PÚBLICO.

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– Hazel... Só me diga que você não está pensando em... – tentou Greg, mesmo sem terminar a frase. Apenas fez uma careta para o sorriso dela que somente se alargava mais e mais, só de sentir o cheiro de aventura naquela ideia que surgia.

– Ah, qual é, Greg? Você e eu estamos aqui, agora, nesse instante do tempo e você tem a chave consigo! – insistiu ela.

– Então você está sugerindo que existe algo como o "destino" legitimando uma invasão não-autorizada ao patrimônio público? – perguntou ele, em um tom forçadamente repreensivo.

Hazel riu.

– Como você acha que eu entrei na festa de sexta? – lembrou ela, zombeteira. – Era uma open bar para maiores de 21 anos, lembra?

– Sabe, eu não exultaria o meu histórico criminal tão orgulhosamente assim de graça para ninguém, White – replicou ele. – Ainda mais quando essa pessoa é meio que seu chefe.

– Você não é meu chefe essa noite – lembrou ela. – Só vai ser meu chefe a partir das 14 horas de amanhã. E quando essa hora chegar, você simplesmente esquece tudo que aconteceu essa noite, que tal?

Hazel já estava percorrendo os olhos por todo o perímetro do terreno onde ficava a mansão, procurando uma boa brecha para entrar.

– Eu não sei se conseguirei esquecer desse fato: você é louca, Hazel White! – exclamou ele. – Você acha normal perseguir gatos em labirintos que não conhece, escalar cachoeiras ou provocar corridas de cavalos casualmente depois do cochilo da tarde? Eu consigo até visualizar essa sua mesma carinha travessa convencendo o tonto do Slight a invadir o ensaio da própria banda!

Ela riu com a lembrança.

– Eu apelei para o senso de aventura dele. Ele hesitou menos que você – provocou, por fim.

Greg estreitou os olhos e a encarou, quase que duvidando da audácia dela. Mas tão logo aquelas palavras saíram dos lábios de Hazel, ele já estava puxando ela consigo, pela mão, para dar a volta até o outro lado da quadra onde ficavam os fundos da mansão.

Todo o fundo do terreno era encoberto por um muro de pedras. Àquela hora da noite viram poucos passantes. Hazel viu Greg andar alguns passos à sua frente e encostar-se em uma mureta mais baixa que pertencia à outra casa antiga que ficava ao lado. De fato, parecia bem mais acessível.

– Não acho que precise de ajuda para escalar, White. Mas vou oferecer mesmo assim – disse ele, como se a desafiasse.

Hazel apenas revirou os olhos.

– Eu não estou com a melhor roupa para isso, então vou aceitar – disse, aceitando o apoio dele para seu pé.

Era um pouco vexatório fazer aquilo de vestido, então, ao conseguir apoiar a metade superior do corpo no muro, checou o rapaz, olhando-o de cima. Ele encarava a rua ao longe, como se já soubesse que ela tentaria averiguar que ele não viu mais do que deveria. Hazel teve quase certeza de ver, na escuridão, um ligeiro sorriso nos lábios dele, como se estivesse achando a sua situação engraçada.

– Ok, sua vez – disse ela, por fim, depois de pular para dentro da propriedade.

Em poucos segundos Greg estava ao seu lado. Ali era bem escuro, mas dava para ver que estavam pisando em terra escura, e tinha uma árvore alta bem próxima do muro de Graveyard, com grossos galhos que perpassavam até a propriedade vizinha.

– Você disse que era boa em escalar árvores, uma vez – Greg deu de ombros, tomando sua frente para escalar a árvore e logo os dois se encontravam dentro do silencioso cemitério dos fundos da mansão vizinha.

Além das AveleirasWhere stories live. Discover now