- O que você disse, Tara?- questiona Íris.
- Acusar alguém de algo assim é extremamente sério, Tara. Não se pode falar isso sem ter certeza.- a expressão que as duas mantém no rosto é vazia. Clara parece mais pálida que o comum. A cor de minha amiga se esvaiu tão rápido que temo que desmaie.
- É melhor você se sentar, Clara.- e ela o faz, o olhar vago e perdido, enquanto tateia a parede em busca de apoio. Assim que não está mais em pé, continuo.- E sim, é verdade. Maurício e eu ouvimos, sem que eles nos vissem, o pajé e o cacique conversando.- conto tudo que escutamos para as duas e no final, elas não dizem muito, na verdade, quase nada, contudo, os rostos já exprimem a resposta necessária. Nem sempre palavras são necessárias.
- Mas não é possível... Ele foi tão gentil, tão atencioso, tão...- minha amiga parece perturbada enquanto fala.- Ele quem me ajudou a procurá-la ontem, digo, pela madrugada de hoje.
- Eu entendo. Sinto muito que tenha ficado amiga dele, mas agora, temos que pensar em como vamos sair daqui.
- Como assim?- Íris que estava calada desde então, pergunta.
- É isso mesmo que vocês ouviram. Estamos presos aqui e suspeito que Luan bolou uma armadilha para nós. Há guardas indígenas por todos os lados de saída e o único acesso é a floresta que é impossível de passar. E parece que tem gente vindo para cá. Outra tribo, não sei. O cacique disse que queria falar comigo depois de uma tal ida ao rio, mas o ouvi dizer que só irá dizer as coisas das quais necessito saber, ou seja, ele vai ocultar praticamente tudo que ouvimos.
- E qual a finalidade de nos encarcerar aqui?- Clara forma um "v" entre as sobrancelhas. É muita informação em tão pouco tempo.
- Querem que me case com Luan.
- O QUE? (Clara) - POR QUE? (Íris) (em uníssono)
- O mais importante é quando.- digo.- E será hoje. Temos que dar um jeito de sair daqui antes do anoitecer e antes que essa outra tribo, uma tal de tribalis, chegue aqui.
- Espera você disse tribalis?
- Disse.
- Tara, por acaso você tem problema de memória?- Os olhos de Clara estão tão arregalados que me preocupo com o fato de realmente ter.
- Não?- a pergunta sai arrastada.
- Caramba! É a tribo do livro. A do mesmo capítulo dos zoewas.
- Se você disse que a Tribalis está vindo é porque tem muito mais coisa aí.- diz Íris.
- Como assim?- dessa vez é minha amiga que pergunta.
- São nossos inimigos e diz a lenda que há uma profecia que os envolve escondida aqui na tribo e que se ela não se concretizar haverá guerra entre as duas e uma maldição cairá sobre a parte que descumprir tal profecia.
- E onde está?
- Ninguém sabe exatamente. Dizem que o pajé é quem guarda. Deve estar nas coisas dele, mas nunca ousaram mexer... É um pouco desrespeitoso e se não fosse verdade, seria apenas em vão.
- Então vamos procurar.- afirmo com convicção.
- E como conseguiremos entrar sem ser vistos?- Clara está em pé novamente.
- Eu tenho uma ideia.- Íris se aproxima.- A Clara vai ter que ir para o banho de rio e nós vamos ter que sumir no meio do caos, Tara.
- Que caos?- Clara e eu perguntamos simultaneamente. A índia apenas faz uma expressão de quem vai aprontar e não vai ser nada bobo. Isso vai chamar atenção.
- O caos que Clara vai armar.- O sorriso que ela abre me deixa no dilema: Devo rir ou devo me preocupar.
- Como é?- Minha amiga faz uma expressão da segunda opção do meu dilema, nada se sorrir.
☀️
- Olha, todos vão ao rio hoje. Está quente demais e também deve estar ótimo para pescar. É como um dia especial. Todos se juntam e não fica ninguém nas cabanas. Sorte nossa. Porque Tara e eu poderemos procurar a profecia.
- E por que eu devo fazer o caos? Porque não chamamos o Visconde para fazer seja lá o que vocês planejam que eu faça?
- Será mais convincente com você. E, além do mais, chamaremos o noivo de Tara para nos acompanhar, caso precisemos da ajuda dele. Eu conheço a tribo melhor. Você saberá armar um escândalo ótimo.
- Não serei não.- ela diz e apavorada olha para mim.
- Não será não. A Clara é a pessoa mais calma que existe. Ela não vai se sentir confortável em seu plano.
- Você se sairá bem. Deixe disso.
- E se algo sair fora do combinado?
- Improvise.- Íris fala como se não fosse nada de mais.
- Mas...
- Calma. Olha já deve ser tarde e precisamos entrar em contato com o Visconde agora.
- Comigo?- nós três nos viramos imediatamente, já que, como em um passe de mágica lá estava ele, como se tivesse ouvido nossas preces.
☀️
Depois de tudo explicado, caminhamos em direção ao rio. Como Íris havia dito está ensolarado e bastante quente.
- Eu tenho mesmo que usar esses trajes, Íris?- Clara tenta puxar a saia miúda mais para baixo.
- Deve. Era isso ou ter que nadar como as outras índias. Umas nada vestem, além de acessórios. Outras saem com os seios à mostra e outras, assim como eu, preferem usar essa 'vestimenta' de folhas ao redor do busto.
- Mas é pequena! Menor que as vestes que eu estava usando... Não posso colocar aquelas de volta?
- E quer o mesmo destino das suas roupas em minhas vestes... molhadas? Essa que você está usando não chamará muita atenção e veja, estou com uma igual.
- Você é mais baixa que eu. Fica mais curta em mim. E por que Tara usa a mesma roupa desde que chegou?
- Eu sei, já está me deixando louca. Eu só queria um bom banho e roupas limpas agora.- digo em minha defesa.- Ademais,- continuo.- lembre-se que Íris disse que isso ajudaria a colocar o plano em prática.- Ela revira os olhos e fecha a cara, mas logo se lembra da presença de Maurício ao meu lado e cora, puxando a saia de folhas que cobre apenas dois palmos abaixo de suas intimidades, mais para baixo. O visconde parece tão envergonhado quanto, já que não olhou para Clara, mantendo apenas a educação de responder a todas quando lhe dirigíamos a palavra.
O barulho da água corrente chega em meus ouvidos e sei que é agora ou nunca. Começo a ajeitar minha tiara e Maurício, ao meu lado, dá um reconfortante aperto em minha cintura.
- Ei, calma, vai dar certo. Vamos conseguir.- sussurra em meu ouvido.
- É nossa única chance de descobrir o que está acontecendo, com quem vamos ter que lidar e, com sorte, como sair daqui. Tem que dar certo.
Íris e Tara que estavam à nossa frente param.
- Está na hora.- diz íris.- Vamos descobrir o que cacete está acontecendo.- Todos nós nos espantamos com o palavreado.- Vamos desvendar esse mistério e tirar vocês daqui sãos e salvos. E sou eu que estou prometendo isso e eu nunca descumpro uma promessa. Nunca.
--------------------------------------------------------------------------------
Eita! Está na hora da ação! Será que existe mesmo essa profecia e se existe, eles irão conseguir tê-la em mãos?
Bom, isso são cenas para os próximos capítulos...
Como devem ter percebido, estou postando nos dias de domingo, espero conseguir manter essa rotina.
XoXo! 💋
Instagram: almaclair_author (sigo de volta) (as novidades chegam lá primeiro, hein 😉)
ESTÁS LEYENDO
Amando o Visconde (TRONNOS-2)
RomanceTara é uma jovem que possui uma beleza exótica que chama atenção por onde passa, mas desconhece a aparência que tem, já que usa sempre o mesmo penteado e vestidos que não a favorecem tanto. Sua personalidade afasta os seus pretendentes porque ela é...