🎩 Capítulo 12 🎩

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Uma vez, aos 18, descobri um livro um tanto peculiar que ensinava aos homens quando uma mulher está se insinuando (algumas formas bem escandalosas, devo acrescentar) para ele, era quase como um diário, explicando como uma mulher faria um homem ceder aos seus encantos, não explicava muito o que acontecia depois de toda a sedução, mas dizia que qualquer um que visse algum desses movimentos realizados por uma dama estaria perdido, seria como ser fisgado pelo canto da sereia. E, pela primeira vez, vi a oportunidade de testar isso que li. Parece ter funcionado, pois enquanto eu colocava chá na xícara de Maurício senti que ele não desviara o olhar de meu colo.

- Então.- ele tosse.- Permite-me perguntá-la o motivo para nenhum daqueles extravagantes penteados que as mulheres costumam usar?.- olho para ele e percebo que agora me olha (nos olhos).

- Bem... o senhor já perguntou, não é mesmo? Ainda preciso autorizar a pergunta já feita?- ele ri e isso faz meu coração se apertar.

- Touché.- aguarda minha resposta, posso ver.

- Meu cabelo, por nenhuma oração, feitiço, força da natureza ou qualquer outro tipo de coisa, segura-se em um penteado. Consigo, com algum custo, fazer um coque com minha tiara segurando e é o mesmo coque sem graça de sempre. Como estou sem tiara, fico assim...

- Linda.- ele murmura, mas eu escuto e meu coração parece que a qualquer momento vai sair pela boca.- Por isso, ficou tão atordoada quando a perdeu.- não foi uma pergunta. Uma constatação.

- Eu já não saio e agora meus pais tem uma desculpa plausível para isso.

- E por que eles não deixam você sair?- seu olhar está curioso e questionador. Olho para Clara e não consigo decifrar sua expressão que parece normal, mas eu a conheço e ela está com sua opinião na cabeça.

- Bem, nem eu mesma sei.- uma resposta segura,- E é isso que planejo descobrir.-olho novamente para Clara, seu olhar levemente espantado, ela acha que vou compartilhar o que conversamos para ele. E vou, mas não aqui e não agora. Quanto mais pessoas de confiança me ajudarem, melhor. Maurício parece perceber a movimentação em que sempre me viro para ser aprovada ou não, através dos olhos com minha amiga.

- Alguém vai me explicar o que está acontecendo?

- Pretendo fazer isso. O que acha de uma ida ao parque do centro?

- Quando?

- Agora mesmo. Que tal?- pergunto.

- A senhorita disse que estava proibida de sair e seu cabelo, ahn, não está apropriado para isso.

- Tem razão.- digo, decepcionada.

- Espere aqui. Amanhã por volta das nove da manhã, virei. Esteja pronta.- ele se levanta, nem bebeu o chá, e coloca uma cartola preta na cabeça que, eu nem havia reparado, estava ao seu lado no sofá.

- Estou impossibilitada de sair. Esqueceu?- não estou entendendo, ele enlouqueceu?

- Temos que conversar sobre nosso casamento apressado que se aproxima.- ele pisca para que apenas eu veja e meu Deus! Tá calor aqui, não é? ele pega minha mão carinhosamente e planta um beijo nas costas dela e vai embora. Sento com tudo no sofá, soltando um longo suspiro e coloco a cabeça para cima. Esse homem vai fazer com que eu tenha um ataque cardíaco a qualquer momento, já estou até sentindo os sintomas.

- Ele está acabando com você, Tara.- diz Clara, no mesmo lugar, parada com as mãos juntas na frente do corpo, ela está sorrindo.

- Cala a boca!- digo sorrindo e ela gargalha.

- Ah, amiga, você não sabe na encrenca que se meteu.- mas continua sorrindo.

- Acredite, já estou começando a perceber e vejo que essa encrenca vem com nome.

- Talvez ele pense o mesmo da senhorita.- continua com o tom doce de voz.

- Você acha?- digo sorrindo.- Porque eu tenho a mais absoluta certeza e deixe o senhorita fora do meu campo de audição. Ele só é meio misterioso.

- Você acha?- ela devolve, fazendo a imitação perfeita do mesmo tom de voz que eu havia feito.

🔆

Em meu quarto, mas precisamente enquanto relaxo na banheira, estava tentando, mais uma vez, fazer com que as coisas que passei se liguem de alguma forma e me deem a resposta de que necessito, acreditei que ela poderia, como um passe de mágica, aparecer e fazer com que esses anos tivessem sentido, para deixar claro as motivações de meus pais para me trancafiarem em casa e toda essa áurea de segredo poderia ser finalmente explicada.
Saio do banho, obstinada a interrogar meus pais sobre certas coisas, mas de modo que eles não desconfiem, pois sei que se tiver algo errado, (o que eu sei que tem)tentariam me impedir de descobrir. Então, tentarei ser sutil.

🔆

- Mamãe.- digo lentamente.- conte-me sobre meu passado.- exijo firme no jantar. Ela engasga.

- Cof cof. O que disse?- ela olha para meu pai e para mim e sua face começa a ficar vermelha. Clara que estava em pé ali perto, coloca a mão na testa e balança a cabeça (meio para baixo) negativamente

- Isso mesmo.- mas Clara está de olhos arregalados para mim e parece alarmada. Percebo que não foi uma boa ideia começar assim. Enquanto olho para ela, tento perguntar outra coisa.- Não, não é isso. Eu quis dizer que queria saber se esconde algo de mim.- Clara se agita, mais uma vez, agora balança os braços para que eu pare e meus pais olham para trás. Ela para e eu, aflita, tento mudar o rumo da conversa.

- O que está acontecendo, Tara?

- Nada, mamãe. É só que não sei me expressar corretamente. O que realmente, realmente mesmo quis perguntar foi sobre nossa família.- olho para Clara que faz um joinha, mas faz com a boca o nome "plural", sem emitir nenhum som. Ah sim, entendi.- As duas famílias, a da senhora e a de papai também. Percebi que a família da parte de papai só vem nos visitar raramente e ainda não conheci a sua, mamãe.

- Bem, mas creio que isso não seja tema para um jantar, querida.

- E por que não?

- Meu bem, acho que já está na hora de falar algumas coisinhas para Tara.- fala pela primeira vez meu pai.  Minha mãe lança um olhar mortal em sua direção.- Não me olhe assim, algumas coisas precisam ser ditas e, creio eu, que não fará nenhum mal nossa filha saber sobre a família que também é dela.

- Também acho!- afirmo batendo a mão na mesa. Agora é a vez de meu pai lançar um olhar mortal e para mim.- ops.- falo baixinho.

- Tudo bem.- mas para ela não parece estar tão bem assim.- Contudo, não hoje. Amanhã. Lembro do meu compromisso amanhã. 

- Falando em amanhã...- digo de forma cautelosa, lenta e arrastada.- Não estarei aqui pela manhã.

- E onde você estará, Tara? Está de castigo.- mamãe está tentando manter a paciência, percebo, aprecio sua força de vontade e sinto muito por quebrá-la em seguida, mas, simplesmente, às vezes, não consigo fechar minha boca.

- Eu sempre estou.- murmuro, olhando para o outro lado.

- O que disse?- ela questiona.

- Terá de ser necessário.- desvio o rumo, pois tenho amor a minha vida.- Sairei com o Senhor Moraes para conversar sobre o casamento e também ele é meu noivo, oras.

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A Tara não sabe mesmo ser discreta, neh? Mas é isso que faz nossa mocinha ter seu diferencial 😉

XoXo! 💋

Amando o Visconde             (TRONNOS-2)Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu