🎩 Capítulo 43 🎩

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Luan parece paralisado, como se tivesse parado no tempo. Congelado.

— Tem? — a voz sai abafada. — Nada nunca foi encontrado.

— Porque ninguém sabia que ele escrevia diários e todas as noites suas mãos estavam sujas de tinta, o que significa que a pena e os cadernos o acompanhavam. Veja bem, não estou afirmando com toda certeza que sua carta de alforria estará lá, mas é uma possibilidade da existência de uma prova de seus dizeres. — Ele continua olhando para ela.

— E onde estão esses tais diários?

— Comigo. Eu os guardei. Nunca abri nenhum pela privacidade de Thauan, porém nunca pensei que precisasse fazê-lo. Até agora.

— Não temos como voltar para pega-los, não dará certo. É isso ou fugir daqui.

— Só que aí, as pessoas continuarão apontando o dedo para você, acusando-o. — Fala Clara.

— Nada com que eu já não esteja acostumado. Não se preocupem mais comigo. Minha fama me acompanha, independentemente. Quando uma mentira cai na boca do povo, ela permanece circulando e acompanhando o alvo dela por muitos e muitos anos, uma pena que a verdade não pareça tão interessante quanto e logo cai em desuso e no esquecimento alheio.

— Tão pouco eu me importo com o que os outros digam sobre você, já que eu te enxergo, mas e você? Sua consciência poderá relaxar quando você olhar, por escrito, a confissão do verdadeiro algoz. — Clara diz com suavidade.

— Você está certa. Sabe o que me deixou mais feliz agora? — Ela balança a cabeça negativamente — É saber que você acredita em mim e não liga por meu nome sair sujo na boca dos outros, pois você me enxerga e eu te enxergo, Clara. E o que vejo é tão lindo. Não apenas por fora, mas por dentro também. — Ela abre um sorriso tímido que é correspondido e é minha vez de fingir estar engasgando.

— Não temos tempo para melação, pessoal. Vamos sair daqui e vocês continuam a ladainha. — Digo.

— Olha quem fala. — Caçoa Clara, revirando os olhos. Está pouco iluminado onde estamos, mas consigo ver seu bom humor exalar. Apesar de estarmos enrascados, minha irmã de coração está feliz, o que me deixa aliviada e tranquila.

— Tudo bem. Vamos. — Luan começa a apontar para que o sigamos.

É quando olhamos para os lados , porém, que percebemos o primeiro problema.

— Cadê a Íris?— Questiono e Luan bufa, colocando a mão na testa. Escuto o grunhido de Maurício e vejo Clara colocar a mão na boca, enquanto afirma baixinho:

— Os diários. Ela deve ter ido atrás deles.

☀️

— Só pode ser brincadeira! — Maurício passa as mãos pelo cabelo de modo irracional, tentando aplacar sua raiva utilizando os fios. — O que o destino está fazendo conosco? Pregando uma peça? Não é possível que eu não consiga casar com a mulher que amo e ter um final feliz logo.

— E o pior é que podem encontrar Íris e ela estará em problemas, assim como nós... Então, temos que seguir com o plano e torcer para que funcione.— Luan tenta parecer calmo, mas seus olhos demonstram certo nervosismo.

— E deixá-la para trás? — Questiona Clara.

— Se não começarmos logo, todos estarão em risco, inclusive ela. E, além disso, estarei casado com Tara antes do amanhecer.

— O que estamos esperando então? Comecemos. — Continua Maurício.

— Vamos. Já parece cheio o suficiente. Acho que todos chegaram. — Vejo que Luan encara a frente, a parte da fogueira, onde muita gente se encontra. Ele começa a se movimentar lentamente e nós ficamos esperando o sinal. — Espera — Ele se vira para nós — Vocês têm todos os ingredientes, não é?

— Sim. Por sorte, Íris falou que todos tinham na tribo ou na floresta, logo, deu um jeito de coletar tudo que você pediu. — Falo.

— Ótimo. — E assim ele sai.

☀️

Por Luan

— De onde você surgiu, rapaz? — A pergunta do pajé é direcionada para mim quando me aproximo vagarosamente, com as mãos atrás das costas.

— Não importa, porém eu estava procurando pelo cacique. —  Informo do modo mais natural que consigo.

— Curioso... Ele saiu agora mesmo, procurando por você e pela senhorita Tara. —  Ele parece desconfiado de algo e me olha de cima a baixo e de baixo a cima.

— Que desastre termos nos desencontrado, então. Encontrei a senhorita Tara há pouco tempo, estava com o noivinho dela e suas duas amigas. Confabulando. Parecem desconfiados.

— Eu acho terrível o que está para acontecer, se quer minha opinião. Ninguém deveria ser obrigado a nada, ainda que seja pelo bem maior. Eu acho que sempre há um jeito de conseguir com que as coisas deem certo. Basta procurar.

— Desculpe-me, porém não quero sua opinião. Apenas desejo que isso acabe logo para que minha sanidade seja restaurada e a porcaria dessa profecia finalize.

— Vejo que você não acredita nisso, não é mesmo? — Sua cabeça pende para o lado, intrigado.

— De modo algum. Só estou participando desta loucura porque não aguento mais essa aporrinhação para meu lado. Não consigo permanecer em um emprego, graças a vocês. Sempre me encontram, aonde quer que eu esteja, e dão um jeito de convencer a todos que sou um amaldiçoado e que quando eu ruir, todos ao redor cairão comigo. Ninguém, por mais que acredite ser superstição, quer um mau agouro por perto rodeando seus negócios, sua família, sua pessoa.

—  Infelizmente, toda profecia pede perdas de um lado para que haja ganhos de outro. Eu não concordo com nada que estão fazendo com vocês... todos vocês. Mas tenha paciência, meu caro. Tudo se ajeitará. Você vai ver.

— Ah, aí está ele! —  Grita o cacique ao me ver. — Por onde andava? Busquei você e Tara por tudo que é canto! E, por falar nisso, onde ela e os outros estão?

— Logo mais terminaremos esta conversa. Dentro de algumas horas, espero. — O pajé complementa para mim antes que eu possa mirar e responder ao que acaba de chegar.

— Estavam a caminho da última vez que os vi, menos a senhorita Clara que preferiu ficar.

—  Eu não a vi na cabana. Cheguei a chamar, mas não entrei, é claro. Estava tudo apagado.

— Deve ter dormido, então. Parecia cansada desde a última vez que a vi.

— E os demais? — Nesse momento, passo o braço por seus ombros, como se fôssemos velhos amigos e eu precisasse lhe dizer algo sério, dou uma batidinha em suas costas e iniciamos um andar.

— Já disse que os vi chegando. Antes, precisamos repassar o que acontecerá hoje.

☀️

— Ali!— sussurro, apontando. — A batidinha nas costas. É o sinal.

— Vamos, Clara. Está em nossa hora. Boa sorte, Tara. E tome cuidado, entendeu? Não faça nenhuma besteira.

— Prometo. — Cruzo os dedos, pois sei que se for preciso, para protegê-los, eu faria qualquer bobagem. — Mas prometam que tomarão cuidado também.

— Prometemos. — Responde Clara por ela e por Maurício. — Agora, vamos pôr fim nisso de uma vez por todas e fazer o que pessoas normais fazem: simplesmente vivem uma vida.

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Tá chegando ao fim 🤧
Depois de toda essa correria, vocês acham que eles vão conseguir? Que dará tudo certo? Estou na torcida!
Até segunda, amores.
Aaah, e lembrem- se de me seguir no insta (almaclair_author), as novidades chegam antes e vocês ganham um seguidor 🙃
XoXo 💋

Amando o Visconde             (TRONNOS-2)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora