🎩 Capítulo 39 🎩

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— Só me digam que acharam. — Fala Clara.

Logo após tudo aquilo, Luan deixou Clara na toca de Íris e foi embora, nos avisando que ela precisava descansar e foi o que fizemos, mas não consegui ficar sem garantir com meus próprios olhos que minha amiga estava bem, sã e salva, fora de perigo, então, uns dez minutos após o aviso prévio dele, adentrei a cabana. Íris, que tentava me acalmar depois de meu surto psicótico, entrou comigo e descobrimos uma Clara muito acordada, porém deitada, com o antebraço por cima da barriga e em um estado que parecia choque. Antes que pudéssemos, no entanto, perguntar sobre como ela estava e o que tinha acontecido, ela nos dispara a questão que nos levou até ali, no meio dessas mentiras, desses jogos e desse terrível acidente: a profecia.

— Achamos. — Responde Íris com um sorriso. Clara, inconscientemente retribui, mas trazendo com esse gesto, um gemido de dor.

— Você está bem? — as palavras saem da minha boca e sei que um vinco está se formando em minha testa neste momento.

— Na medida do possível...Na verdade, dói respirar, dói falar e dói tentar levantar.

— Você precisa descansar, ouviu? Nada de esforços.

— Mas e a profecia? Precisamos desvendá-la, precisamos encontrar uma saída e precisamos descobrir sobre seu passado. — os olhos dela estão em alerta e dá para perceber que ela faz uma força hercúlea para não levantar e sair andando de um lado para o outro em agonia.

— Esqueça o meu passado. O que quero, antes de tudo, é sua recuperação. Quanto a profecia, está com Maurício, daqui a pouco, ele aparece por aqui e podemos tentar decifrar.

— Quem nos ajudou da última vez foi o duque, como faremos para desvendar esta e em tão pouco tempo disponível? É quase uma missão impossível.

— Isso mesmo. Você falou a palavra certa. "Quase".


— Temos que levar esta profecia até o duque. — constata Maurício em voz alta.

— Mas como? Estamos presos aqui, esqueceu? — respondo, a aflição ameaçando virar estresse. — Não vamos conseguir sair daqui sem ajuda de alguém infiltrado nesse plano louco deles de não nos deixarem escapar. Não vão liberar nem a Íris que dirá um de nós três. — começo a andar e deixo o fluxo de ideias correr em voz alta. — Talvez liberassem Clara, mas ela não está em condições para isso e seria muito suspeito se insistíssemos para que ela saísse daqui com urgência...— parei de súbito e levantei o dedo indicador para cima em riste. Todos me olharam como se eu fosse uma fugitiva de um manicômio e aposto que estavam me olhando assim desde o início do meu discurso quando aflorei meus ânimos. — a não ser que, digamos que o quadro dela tenha piorado e de que precisamos de um médico o mais rápido possível... seu pai, Maurício! Essa é uma excelen...

— Isso não vai dar certo. — meu elóquio foi interrompido quando Luan adentrou a cabana. Todos os olhos se voltaram para ele, alguns carregavam raiva, outros receio e uns dúvida. O meu, medo. Esperamos que ele continuasse e assim ele o fez. — O pajé poderia resolver o problema que Clara tivesse como qualquer médico, talvez até melhor... sem ofensas — ele olhou para Maurício, que respondeu com um dar de ombros como quem não se importava, ele sabia que seu pai era um bom médico. — Mas você tem razão, Tara.

— Tenho? — me surpreendi com essa frase.

— Uhum. Se quiserem sair daqui, tem que ser com alguém da confiança deles. Alguém que saiba do plano deles para que vocês fiquem sem saída. Primeiro, eles não sabem que vocês sabem. Por Deus, nem tão pouco eu sabia! — De repente, ele lança um olhar para Clara... aquilo seria angústia? — Aquele circo no rio era parte da estratégia de vocês? — Ele parece raciocinar isso agora e a expressão dele é de incredulidade. — Cacete, Clara, você teria morrido! — O que está acontecendo aqui? Ele a chamou pelo primeiro nome? Quando ele ficou tão próximo dela? Minha amiga está meio recuada na cama, parecendo um bichinho amedrontado e, certamente, com dor (que deve ter ficado esquecida com toda essa agitação), seus olhos, porém, estão concentrados em Luan. — Vocês são uns loucos! Sinceramente, espero que realmente valha a pena isso que estão fazendo... Eu sabia que não gostava de mim, Tara — sua atenção se desviou para mim neste momento. — Mas não achei que me considerasse repugnante.

— Como é que é? — são as primeiras palavras que minha boca consegue pronunciar, sinto os lábios secos e a sensação de que nem a saliva desce mais pela garganta.

— Esse alguém que vocês precisam para sair daqui e se livrarem de todo esse passado que te prende, Tara, ironicamente, — ele ri, mas sua face demonstra que essa não é a verdadeira intenção. — sou eu.

O silêncio recaiu sobre o ambiente e pareceu que o vento lá fora havia cessado, os grilos pararam com sua sinfonia constante e nem nenhuma coruja atrevida ousou chirriar.

— Luan, do que você tá falando? O que tá acontecendo? Se você sabe de alguma coisa sobre mim, eu exijo uma explicação.

Antes que ele pudesse responder, contudo, escutamos uma música sendo cantada em outro idioma e passos como se pessoas estivessem pulando ou dançando.

— O ritual deve ter começado. — fala Íris. — Se isso for verdade, temos que nos apressar em sair daqui.— Ela vai até a entrada da toca. — Os tribalis estão aqui... Por que estão aqui? — seu olhar remete confusão.

— Porque hoje me caso com Luan, não é mesmo? — cruzo os braços, minha boca está retorcida e o encaro com uma sobrancelha levantada.

— Então, você sabe...— Soa mais como uma reflexão que qualquer outra coisa.

— Sei de algumas poucas coisas... mas não sei o motivo e não sei por que eu poderia acabar morta nesta situação. — Eu sei que sou sem papas na língua, mas, sinceramente, não dá para segurar o desabafo que está vindo. — E nem sei quem e tão pouco a razão para você ter matado uma garota!

Todos estão de olhos arregalados, incluindo Luan que parece apresentar um defeito na boca, já que ela sequer fecha.

— Portanto, antes de nos beneficiar com sua repentina boa ação, — digo ironicamente. — Poderia nos contar mais sobre tudo isso e, não me importo, se começar pela parte que remete a palavra assassinato.
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Antes tarde do que nunca, neh? Postado com algumas horas de atraso, mas aqui!
Climão no capítulo de hoje!
Até terça feira! (Amanhã não terá capítulo, mas quem sabe até o fim da semana não recompenso vocês com dois em um dia?)
XoXo 💋

Amando o Visconde             (TRONNOS-2)Where stories live. Discover now