🎩 Capítulo 29 🎩

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Por Clara

Tara saiu da cabana determinada a cumprir a ideia maluca que colocou na cabeça de falar com o pajé aquela hora, mas já conheço essa menina desde que tem onze e posso afirmar que quando ela inventa uma coisa e diz que vai fazer, é porque realmente vai.
Comecei a trabalhar para a família Fernandes dez anos atrás e reconheço que eles escondem algo da filha. Coisas que pareceriam simples para olhos externos. Para quem observasse com um pouquinho mais de atenção que fosse, perceberia que algumas peças estavam erradas e não pareciam se encaixar. O fato de isolar uma família poderosa da sociedade, afastar uma jovem na melhor idade para potencial casamento, entre tantas outras características sem sentido, demonstravam uma ilicitude. Só espero que minha amiga não esteja se metendo em uma encrenca indo falar com um homem desconhecido às duas da manhã.
Impaciente, roo as unhas e ando para lá e para cá. Queria estar em casa (a dos Fernandes), dormindo em minha pequena (mas confortável) e humilde (quentinha também) caminha, acordando cedo para fazer meu trabalho, ter tomado um banho e vestir roupas limpinhas, muito embora, estou aqui, concretizando um total oposto ao meu desejo: Em pé, agoniada, sem sono, cansada, em uma tribo no meio do nada, não tenho onde tomar banho e completamente suja com todas as roupas que me sobram molhadas.

- Se acalma, garota!- diz Íris que, não sei como, está plenamente deitada em uma esteira de palha, com uma perna no joelho da outra e observando meu andar.- Assim, você vai abrir um buraco no chão.

- Como consegue estar calma? Tara saiu faz quase dez minutos e não deu notícias. Qualquer coisa pode ter acontecido com ela.

- Mas só se passaram dez minutos...- fala como se fosse uma ótima resposta.

- Muita coisa pode acontecer nesse período.- digo aflita e, pela primeira vez, desde a saída de Tara, parada.

- Está exagerando.

- Não estou não e acho bom eu ir conferir.

- Por que você não relaxa, troca de roupa e...

- Que roupa? Está tudo molhado.

- Eu já falei que pode pegar qualquer coisa do baú. Amanhã bem cedo, iremos no rio nos banhar e você as veste novamente ou troca por outra. Podemos deixar suas vestes no sol e quando voltar para casa, pode ir com uma sua, a não ser que goste tanto da minha que queira levar e te darei como um presente de bom grado.- ela abre um sorriso encantador.

- Olha, sem querer ser rude, mas, não sei se eu ficaria confortável com suas vestes.

- Por que? São limpinhas.- sua expressão demonstra indignação.

- Não tenho dúvidas de que sejam, mas são muito... digamos que não cubra muito a pele.

- Suas vestes são diferentes das minhas e você tem razão que cubram menos que as suas, mas ainda assim, tem a mesma função. Aqui você não precisa se preocupar em usá-las, ninguém julgará vocês ou desrespeitará. Respeito é uma base fundamental e prometo cumpri-la para com vocês.- penso no que ela falou. Ela tem razão: Por que não usar? Estou sem minhas coisas e ela foi educada e simpática em oferecer as dela de bom grado, seria injusto e incoerente de minha parte recusar.

- Está bem.- Ela abre um amplo sorriso entendendo minha resposta e se levanta em um pulo, indo até o baú. Me mostra uma saia semelhante à que usa e, literalmente, joga para mim que pego com um pouco de desequilíbrio.

Amando o Visconde             (TRONNOS-2)Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin