🎩 Capítulo 22 🎩

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- Você não acha que está um pouco tarde para começar, Tara?- pergunta Clara.

Estamos na sala de visitas da Casa Fernandes (a minha). Tentamos ver o conteúdo do livro em minhas mãos que estavam trêmulas por segurar um dos possíveis reveladores de meu destino, mas, infelizmente, estava muito escuro para que pudéssemos ler qualquer coisa, então, resolvemos, esperar para chegar. Entretanto, não esperávamos que o relógio indicasse 23:20.

- Não posso esperar nem mais um minuto, Clara.- olho para ela e para o Visconde.- Se vocês quiserem se retirar, quem sou eu para impedir?

- Minha noiva.

- Minha amiga.

Eu os miro com devoção e meus olhos começam a encher de água.

- Eu ajudarei você e ficarei aqui até a hora necessária, até o dia necessário. Isto é uma promessa. Ajudarei você a descobrir seu passado.

- Conte comigo também.- Diz Clara, se aproximando.- Você não vai se livrar da gente tão fácil.- ela sorri e eu sorrio olhando para os dois.

- Ah vocês...-minha voz está carregada de emoção.- Eu sou tão grata por tê-los.- enxugo lágrimas inexistentes.- Bom, vamos ao trabalho então.- pego uma lamparina e coloco na mesa de centro, junto ao livro. Em um de meus lados, está Clara e do outro, Maurício. Me sento no chão, sem cortesia ou modos e eles me olham desconfiados, mas logo em seguida abandonam o decoro e fazem o mesmo.

☀️

- Achei que seria bem mais fácil, mas pelo visto eu estava enganada.- suspira Clara, de um modo que a sociedade imporia como nada feminino.

- Já está querendo desistir?- digo com um sorriso.

- Longe de mim, mas este livro é enorme e não tem índice, estamos há horas buscando o nome de uma das tribos e nada! Será mesmo que elas são citadas aqui?

- Devem ser. Meus pais não moveriam céus e terras para nada. Alguma coisa aqui tem.

- Decerto que sim, aliás, não alguma coisa, mas sim, muita coisa. Esse livro é gigante demais.- ela pega o livro e Maurício, que estava lendo, lança um "ei".- perdoe-me. É rapidinho.- ela vai (com alguma dificuldade, já que é um pouco pesado) até a última página e diz.- Eu falei que era um monstro. 3096 páginas. Não vamos achar os nomes nunca!- ela cai para encostar-se na parte de baixo do sofá.

- Que otimista.- falo ironicamente e reviro os olhos.

- Espere.- Maurício pega o livro novamente, mas sem dificuldade nenhuma, como se aquilo pesasse meia grama.- Vocês lembram em que capítulo estamos?- questiona.

- No 22.- fala Clara, ainda encostada, mas agora tem os olhos fechados e o braço na testa, exausta.

- Mas qual era o título?.- ele a olha e eu a olho. Ainda na mesma posição, sem nada mudar, ela franze a testa.

- Hmmm... era um nome esquisito... Tupinambés... Não, Tupinambás. Isso, era isso.- a testa dela volta ao normal e ela fica em silêncio. Todos estamos, mas vejo a expressão de Maurício mudar, consigo ver sua mente trabalhando daqui. A memória de Clara é boa e ela consegue se lembrar de coisas que até os céus duvidam. Maurício parece perceber o talento de minha amiga, porque logo questiona novamente.

- Você se lembra do título dos dois capítulos anteriores.

- Eu lembraria de todos, mas estou cansada demais para isso e me lembro apenas dos cinco anteriores e dos cinco primeiros. Os do meio estão um pouco difusos em minha mente.

- Cite os que puder, por favor.- ele pede. Ela nem abre os olhos e por um momento, parece que dormiu, mas abre a boca e começa.

- Capítulo 21: Caiapós. Capítulo 20: Awá. Capítulo 19: Terras brasileiras em 1550. Capítulo 18: Animais exóticos do Brasil. Capítulo 17: Ticunas. Capítulo 16: Amazônia. Capítulo 01: Tapuias. Capí...

Amando o Visconde             (TRONNOS-2)Where stories live. Discover now