🎩 Capítulo 04 🎩

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Sou puxada para trás com tanta força que percebo que isso não é um sonho, é tão real e estou acordada e todos a volta olham, meus olhos vão até o Visconde M deitado no chão ainda olhando ao redor, até que seu olhar recai sobre mim. Devo estar com uma cara muito assustada porque ele se levanta de ímpeto e para diante de mim.

- Viu o que fez senhor? Agora, terá que pedir minha filha em casamento! É por isso que não a costumo trazer a bailes.- duvido que seja apenas por isso, mas permaneço calada quanto a isso. Espera... ela disse casamento?

- CASAMENTO?- eu disse que permaneceria calada quanto aquilo, não quanto a isto. Grito sem querer.

- Sei que a senhorita não desejava esse momento, porém depois de tais acontecimentos, creio que não seja possível um casamento não acontecer, então- ele se ajoelha- quer se casar comigo?

- E Eu tenho escolha?-questiono baixo retoricamente, mas ele escuta.

- Infelizmente, sem consequências não.

- Nós não podemos resolver isso, querido.- diz minha mãe para meu pai.- o foco do mês serão eles. Eles tem que casar, porque senão o foco não será apenas o mês e sim, a vida.- não entendi nada do que eles falaram e mais uma vez permaneço calada em mais um dos mistérios.

- Aceito.- digo com meus olhos marejando, as pessoas ao redor aplaudem, alguns sorriem, mulheres com pesar também aplaudem a contra gosto e, as lágrimas que estavam em meu rosto começam a escorrer e só percebo porque o visconde passa o nó do dedo indicador para limpá-las, todos, provavelmente, acham que são de alegria, porém não deveriam ter essa certeza.- Nos casaremos quando?

- Este mês ainda.- diz mamãe.

- O que?- digo e olho para o noivo em questão, seu olhar está vago em mim e ele apenas concorda com qualquer coisa que os outros dizem.

- Acho difícil conseguir o casório para tão perto.- diz a senhora Bourbon, que agora me lembrei que estava atrás de nós no sonho, digo, caminho totalmente real até a entrada da casa.

- Tem razão, mas acho que consigo para a primeira semana de dezembro.- pondera minha mãe.

Pelo que percebo, as pessoas já não mais mantém o foco no circo que se formou e voltam a atenção para seus pares ou para suas conversas, enquanto a orquestra volta a tocar lentamente e eu não sei mais o que fazer, então decido olhar para o visconde novamente, ele olhava para mim esse tempo inteiro e agora que me vê o olhando, me oferece o braço e eu aceito. 

- Já que estou noivo da senhorita Fernandes, então posso conduzi-la em um passeio pelo jardim?- ele parece mirar minha mãe.

- Com acompanhante, estou certa que sim. Eu irei com vocês.- acredito que meu novo noivo queira me dizer algo, mas com mamãe por perto tenho dúvidas se ele irá querer sequer proferir algo em sua presença.

- Não se incomode, milady. Eu mesma me encarrego disso.- oferece a senhora Bourbon e eu a agradeço mentalmente e tentarei lembrar de agradecer de verdade depois. Minha mãe parece relutante em aceitar, mas o faz.

- Está certo, Senhora Bourbon. Agradeço a gentileza. Não desvie seus olhos deles.

- Farei meu possível- ela sorri e nos acompanha. Quando já estamos na entrada, longe de meus pais. Ainda vejo a Senhora Luísa virar-se e dar um sorriso caloroso, por curiosidade, mexo minha cabeça na direção que ela mira e vejo o Senhor Felipe devolver o gesto da esposa e gesticular com a boca, sem emitir som algum, um "Eu te amo" e juro por tudo que é mais sagrado ter entendido ele gesticular no final um "boca de alguma coisa", mas não sou tão boa leitora de lábios assim. Voltamos a andar e em poucos minutos estamos no enorme jardim.

- Então agora os futuros marido e esposa podem colocar o assunto em dia.- eu não tenho o que falar, principalmente com a Senhora Bourbon ali, então apenas continuo andando com a mão segurando o antebraço dele e, enquanto sinto recorrentes arrepios percorrerem meu corpo, olhando o horizonte com as luzes no jardim escuro e casais mais a frente passeando ou conversando ou ambos.- Ah meu Deus!- fala de súbito e eu a olho com meu semblante assustado.- Oh não é nada demais, minha querida.- ela me olha e fala isso provavelmente por causa da expressão que devo ter feito.- Me lembrei de um compromisso importantíssimo lá na festa. Vocês se importam de ficarem aqui?

- A sós?- me ouço perguntar e minha voz sai mais assustada do que eu realmente gostaria.

- É apenas um instante...- ela suplica, mas temo que não seja uma verdade.

- Não queremos ser um peso, Luísa. Pode ir.- O visconde diz o nome dela como íntimos e parece relancear um sorriso, como se fossem cúmplices em alguma trama. Em que será que me meti?

- Ora, não são peso algum, entretanto, necessito me retirar. Tenho uns assuntos para resolver com... com...meu marido. Me perdoem a minha retirada tão repentina.

- Mas...mas... A senhorita prometeu ficar de olho em nós.- digo parecendo uma criança prestes a cair no choro pelo brinquedo quebrado.

- Eu disse que faria meu possível e meu "possível" é um horror.- e com isso ela saiu. ELA SIMPLESMENTE SAIU. Evaporou do lugar, sem mais nada dizer, atravessando calmamente o jardim, rumo a casa.

- Acho que devemos discutir nosso casamento agora, não é?- fala de repente meu novo-e primeiro, é claro- noivo.

- O que o senhor Morais quer decidir primeiro?- questiono, mas mantenho meu olhar vidrado para frente, minha mão, antes em seu antebraço, desliza involuntariamente, para a dobra de seu cotovelo e eu sinto quando subitamente paramos.

- Primeiro, você tem que parar de me chamar de senhor ou Moraes ou todas essas formalidades, quero que me chame de Maurício, por favor.

- Pode me chamar apenas de Tara também, não estou tão acostumada com essas formalidades, já que não passo tanto tempo em bailes.

- Esse é um dos assuntos que eu gostaria de conversar com a senhorita depois, mas quero antes dizer o segundo tópico. Não vou decidir nada, pelo menos não sozinho. Pode escolher o que quiser ou pedir minha ajuda para que façamos isso juntos, estamos juntos nessa.

- Olha, a culpa foi minha- sinto minhas bochechas queimarem- Eu que te beijei.- agora, elas estão em brasa pura.

- E eu retribui. 

- Eu comecei.- olho para ele e seus olhos me revelam intensidade, é tão forte que parece ter algo a mais por trás daquelas belas íris, é como se ele pudesse me ver por inteiro, ver quem eu realmente sou, me entender, é tão intenso que parece íntimo, era para eu estar em pânico com as emoções confusas que passam por mim agora, mas eu só sinto que é certo, qualquer coisa entre nós, que nos mantenha juntos, é certo.

Sinto uma mão passando em meu pescoço, me instigando a chegar mais perto, meu olhar vai descendo até encontrar uma boca carnuda conhecida e a minha boca começa a formigar com o possível reencontro, mas tinha começado a chover forte e não teríamos percebido se um casal não tivesse esbarrado em nós, meu transe acaba e percebo que Maurício também estava em um parecido, já que seus olhos desviavam relutantes de meus lábios e ele parece frustrado com isso. Saímos correndo pelo jardim e ao chegar no salão principal, percebo que estamos encharcados. 

- Acho que não será mais necessário tomar outro banho hoje.- ele diz aliviando a tensão, já que mamãe com a cara de poucos amigos aparece ao lado de papai, me fazendo rir

- Hora de ir.- ela diz em um tom seco. Por que? Por que ela está sendo tão horrível, nunca a vi tratar assim as pessoas antes. Algo não está normal.
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Olá!! Eu ouvi/li a palavra casamento? É isso mesmo!! E este foi o último capítulo do ano!! Decidi que vou postar capítulo às quintas e aos domingos!
Ent aguarda mais um pouquinho que o próximo é só no ano que vem! XoXo!💋

Amando o Visconde             (TRONNOS-2)Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora