🎩 Capítulo 09 🎩

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- Por que não me beija logo?- eu disse com meu olhar fixo em sua boca e indo para encarar seus olhos, que me encaravam com um desejo selvagem. Ele me desejava. Ao menos isso eu sabia reconhecer. O desejo animalesco de um homem por uma mulher, era tudo que eu sabia que ele sentia por mim naquele momento. O problema é que eu não sabia se eu sentia apenas aquilo por ele ou se meu coração já estava com outros planos. Planos perigosos. Senti sua mão em minhas costas, me empurrando delicadamente para frente, nossa distância sendo reduzida a cada segundo, enquanto minha respiração, quase de maneira proporcional, aumentava.  Até que alguém bateu forte na porta. Maurício gemeu carrancudo. Meu coração palpitou alegre dentro do peito por ele ter ficado com raiva pelo não-beijo. Mais uma batida urgente e mais uma. Maurício se levantou.

- Já vai! Céus! Quem em sã consciência bate na porta de alguém em plena madrugada?- ele estava irado.- E na porta da minha noiva! Se não for um incêndio, irei esganar o ser.- ele abre a porta em um ímpeto e eu me levanto. É o cocheiro e ele está com uma expressão de alerta, com o rosto um pouco suado, seu paletó colocado de qualquer jeito e o chapéu meio torto.

-Senhor, perdoe-me, mas é um incêndio. 

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Em menos de cinco minutos, minhas coisas estavam sendo levadas por Maurício e eu corria atrás dele. A pensão, que não era tão pequena e estava completamente cheia, representava o próprio caos, pessoas correndo para lá e para cá com as bagagens, com os filhos, com os acompanhantes. Eu tentava atravessar os corredores e seguir o visconde com dificuldade, já que eu nunca precisei saber sobreviver em uma correria histérica, até porque olhe o que aconteceu da última vez que minha mãe tentou me tirar as pressas do salão, pois é, acabei noiva e com um machucado na testa, que até hoje, apresenta uma cor vermelho-arroxeado. Não sou muito boa em situações assim. Meu noivo olhava constantemente para trás, como que para conferir se estava tudo bem comigo, já que ele não tinha como segurar uma de minhas mãos, já que as suas estavam ocupadas com bagagens de coisas que ele comprara para a nossa futura casa, além de carregar minha bolsa de mão, em que eu pusera, de forma mal dobrada, meu vestido que usei na viagem, já que Maurício teve a simpatia de pedir que uma camareira comprasse minha camisola e robe. Lembro-me agora que estou correndo com muitas pessoas ao redor e visto apenas um robe fino, esse fato me faz abrir um sorriso e esse momento de distração é o suficiente para fazer com que eu, a completa desastrada, comece a utilizar o seu dom do "efeito dominó do azar." Tropeço em alguma coisa e caio e não foi uma pequena e simples queda, foi uma bem vergonhosa e feia. A correria está grande e quando levanto percebo que pedi Maurício de vista. Oh céus. Continuo correndo. Mesmo sem saber em que direção, já que está tão cheio.

- Maurício! Maurício!- olho atordoada para todos os lados, as pessoas me empurrando, até que alguém esbarra em mim, um homem alto com um chapéu Panamá marrom claro e com um sobretudo de mesma cor. Como se ele estivesse disfarçado.

- Deixe-me ajudá-la.- ele abre um sorriso para mim e isso incomoda minhas entranhas.

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Por Maurício
Uma mulher esbarra em mim e quando olho para trás mais uma vez para conferir Tara, vejo que ela não está mais lá.

- CACETE! Que inferno, Tara!- começo a olhar para os lados, conferindo se ela não está distante, mas, infelizmente, parece estar, já que não a vejo e sou alto o suficiente para localiza-la a metros de distância. Eu já estou na recepção e decido colocar as malas atrás do balcão.

-Senhor, a carruagem já está pronta. Já podemos ir.- o cocheiro chega para me avisar.

- Onde você disse que era o incêndio, mesmo?- digo com a esperança de que Tara não esteja lá.

- É na saída dos fundos da pensão, senhor, mas parece que está se alastrando rapidamente. O socorro já foi chamado, mas estão demorando para chegar.- percebo que as pessoas tentam salvar a si mesmas em uma correria frenética que não parece ter fim.

- Está certo. Coloque, por favor, as malas no veículo. Vou procurar por Tara.

- O senhor não estava com a senhorita?- ele parece não entender. Mas já estou ficando impaciente com o tempo que está passando, então me apresso em responder sucintamente.

- Falou certo. Estava.- e assim parti para os corredores dos quartos da pensão.- Tara! Tara!- vou passando entre as pessoas, tentando abrir caminho. O barulho é grande, mas percebo que tem menos gente que antes. A metade parece ter saído. E eu vou andando contra a corrente de indivíduos, em locais menos cheios.- Tara!- vasculho todos os lugares, até que um calafrio e uma ideia nada boa surgem. Será?
Viro o corredor. Vazio. Meu coração está mais rápido. Me aproximo cada vez mais das portas do fundo. Apenas um corredor a frente.-Tara!

- Maurício? Maurício!- meu corpo relaxa e meu coração parece se agitar. Graças a Deus ela está bem. Nunca fiquei tão preocupado e...- É o Maurício, Luan.- quem?
Finalmente Tara aparece em meu campo de visão e o que vejo não me agrada nada. Ela está sendo carregada por um homem alto e forte, cabelo preto e liso, olhos verdes, ele está usando um sobretudo marrom e um chapéu.

- Ah, Maurício! Graças aos céus!- ela não usava o robe, estava apenas com a camisola que mostrava suas curvas, ele segurava ela por trás dos joelhos e ela estava com a mão em seu pescoço. Minha raiva aumentou.

- Onde diabos você estava?- não consigo me controlar muito com a cena que presencio, afinal, sei reconhecer pessoas boas e cafajestes e esse homem não me convenceu estar na primeira opção. Algo me diz que suas intenções não são boas. Nada boas.

- Pode me colocar no chão, está tudo bem.- ela diz.

- Nós temos que correr, antes que sejamos queimados junto com o prédio e a senhorita, nesta situação, não poderá fazer tal feito. 

- Que situação?- pergunto olhando para ele.

- Primeiro vamos sair daqui. Que tal?- ele tinha razão quanto a isso. Ele saiu correndo com Tara, minha noiva, em seus braços e eu fui acompanhando.
Quando, enfim, estávamos na calçada do prédio, que agora estava completamente vazio, pude retomar minha pergunta.

- Por que ela não pôde correr? Está ferida?- agora meus olhos vasculharam rapidamente o corpo dela, procurando por algo.

- Está, o pé dela. Acho, porém, que foi apenas uma torção. Nada grave.- ainda segurando Tara...Ele por acaso acha que estou gostando disso? Aliás, ele parece muito bem achar, já que não fez a menor menção de querer soltá-la.

- Está tudo bem. Eu consigo ficar de pé.- ele parece não querer tentar fazer com que ela ande com os próprios pés, parece relutante em larga-la. Eu, com toda certeza do mundo, não estou gostando nada disso. Quem ele pensa que é?
Assim que ela coloca o pés no chão, faz uma careta de dor e seu equilíbrio vacila. Estou próximo, mas ainda assim, corro para ampará-la. O problema é que não fui o único e ergo a cabeça para olhar-de modo nada feliz- o segundo herói.

- O que o senhor acha que está fazendo?- as palavras saem da minha boca sem que eu perceba, mas já é tarde demais, pois elas já foram ditas. Ótimo. Não fui com a cara dele.

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Eitaa! Eu sinto um cheiro de ciúmes, seu Maurício? Porque se esse sentimento tivesse odor, eu diria que eu, definitivamente, estaria o sentindo a quilômetros! E vocês?

Até a próxima e XoXo! 💋

Amando o Visconde             (TRONNOS-2)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora