🎩 Capítulo 42 🎩

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— Ent...então vo...você — Íris limpa a garganta para continuar. — você está insinuando que meu irmão te atacou e que ele...— e limpa mais uma vez, parece que está tentando fazer um bolo preso voltar para o estômago e parece segurar as lágrimas — ele matou Nala? Nunca achei que você fosse o responsável por aquilo, mas meu irmão? Meu irmão deixou uma carta e...nunca pensei que... — ela se senta em um baú próximo abruptamente, seus olhos marejados não focam em nada, apenas balança a cabeça lentamente e tenta digerir as informações do jeito que pode. Ninguém se prontifica a falar algo, já que estamos todos chocados e sem saber como reagir àquela confissão inesperada.

— A maldita carta. A carta que o deixava como um inocente, como um afetado pela vida, como um suicida sem esperança quando, na verdade, aquele homem parecia não ter apreço por nada: nem pela vida dos outros, nem por sua própria. Ele foi capaz de se matar para não levar a culpa pelo que fez de modo pensado, não foi capaz de me tirar de seu plano e querer me encaixar como uma luva para que eu fosse incriminado. Se ele não podia ter o que queria, ela também não. E eu fui apenas um peão em seu jogo doentio.

— Mas você não foi incriminado. — Fala Íris, olhando para Luan, enquanto uma lágrima solitária escapa e ela enxuga rapidamente, como se não quisesse demonstrar fraqueza. Não agora. Talvez, nem nunca. 

Íris sempre se mostrou uma pessoa extrovertida, generosa, empática, auxiliadora e amorosa durante esses dias que estivemos aqui. Eu já a considero uma amiga, na verdade, parte da família, minha segunda irmã (sendo Clara minha primeira, é claro) e me quebra o coração vê-la tão triste, tão quebrada e querendo segurar seus pedaços para que não despenquem no chão. Toda a realidade que ela conhecia, que ela achava conhecer, está sendo desmontada em seus pés em minutos, sendo tudo de uma vez, por uma pessoa que não é sua amiga, que não é de sua família. Eu gostaria, com todo meu ser, de parar aquela tortura, de abraçá-la e dizer que tudo ficará bem , que estou aqui por ela, porém não posso fazer isso, ela jamais me perdoaria se eu interrompesse a descoberta da verdade. Verdade essa que busco para  a minha história, mas que, agora, faz parte da dela também. Então, a única coisa que faço é chegar perto de minha irmã, sentada no baú, passar os braços ao redor de seus ombros e segurá-la forte, transmitindo a ideia de que se ela desabar, estarei aqui, pronta para segurá-la.

— Não, eu não fui. Nunca provaram que não fui eu quem a matou, porém, o contrário também nunca apareceu. Seu irmão foi considerado suspeito, mas ele se afogou no rio, não estava na mesma floresta que nós. Contudo, apenas eu sobrei como suspeito principal, já que uma testemunha me viu escoltando Nala até a clareira, quando a chamei para conversar com Thauan. Resumindo o furdunço, a história chegou nos ouvidos dos pais de Tara, fazendo com que ela se mudasse e, aparentemente, deixasse de frequentar bailes e outras festas. 

— A sorte da minha sanidade foi Clara. — olho para minha amiga irmã e lembro de sua extrema importância em minha vida, minha eterna companheira para todas as horas. — Acho que teria enlouquecido se estivesse completamente isolada de pessoas de minha idade por tanto tempo.

— Sinto muito por todo mal que causei a todos vocês.

— Não fez mal algum, Luan. — digo, mas sou interrompida por Clara que complementa meu argumento.

— Foi tão vítima quanto os que se enrolaram nesta história horrenda.

— Então, vocês acreditam na minha versão?

— Eu acredito. — diz Clara.

Luan observa todos da sala, que parecem convencidos com seu monólogo, e para sua atenção em Íris.

— Você não pode querer que eu perca a fé em meu irmão. — sua voz está baixa. Aperto-a carinhosamente.

— Não, claro que não. Porém, nunca poderei provar a veracidade de minhas palavras tendo, assim, que aceitar a livre interpretação de vocês para o ocorrido.—

O silêncio reina pelo que parece uma eternidade até Maurício quebrá-lo.

— Bom, temos que arranjar um jeito de sair daqui. Não permitirei, em hipótese alguma, que Tara case com você porque ela será a minha esposa. E, acredite, meu amigo, não estou disposto a cedê-la por ninguém. Nem por você e nem por essa maldita profecia. — ele me olha e eu vejo sinceridade, desejo e um brilho a mais que faz meu coração se aquecer e minha pele se arrepiar. Um sorriso inevitável acaba escapando de meus lábios e temo que um suspiro atrevido também.

— E eu não planejo passar um dia sequer longe de você, Visconde M. — Se esse sorriso bobo não desaparecer, minha cara ficará dolorida logo logo.

— Muito menos eu de ti, senhorita confusão e futura Sra. Moraes. — Percebo que nossos rostos estão tão próximos apenas porque alguém na sala (Clara) pareceu estar com um novelo de lã entalado, já que não parava de tossir alto e com uma interpretação de disfarce terrível. — Como, eu estava dizendo anteriormente, — ele parece se afastar contra seu querer, resistindo sua vontade de tocar meus lábios com os seus. — temos que sair daqui de forma segura e, para isso, temos que bolar um plano antes mesmo que o ritual entre tribos comece e sintam falta de Luan e Tara pelas redondezas.

— Eu tenho uma ideia, mas devo avisá-los que será arriscado.

— É a única chance que temos? — Questiona meu futuro marido.

— Provavelmente.— Luan pende a cabeça para o lado momentaneamente para enfatizar sua afirmação.

— Então, vamos ouvi-la.— Todos concordam. 

☀️

Estamos todos nos esgueirando por detrás de uma moita, andando agachados em fileira para não sermos vistos, tendo que chegar mais para frente, onde o ritual acontecerá. As chamas que iluminam a aldeia foram acesas e o barulho dos tambores se intensificam a cada passo que damos em sua direção. As vozes das pessoas das duas tribos são constantemente ouvidas em todas as direções, estamos afastados alguns metros das tocas, tendo uma visão privilegiada caso nos arrisquemos a levantar cuidadosamente a cabeça e espiar a movimentação sem sermos sequer vistos. Continuamos caminhando em total silêncio até, depois de alguns poucos minutos, chegarmos ao nosso ponto desejado: o local do ritual. 

Continuamos atrás da moita, esperando a hora certa. O cacique, que estava conversando com um índio, parece sair de cena em direção às tocas mais ao longe e percebemos que nossa ação deverá acontecer dentro de alguns minutos. Estamos colocando nossas vidas nas mãos de Luan, espero que ele nos ajude de verdade e não seja mais uma armação. 

— Está quase na hora. Façam tudo como expliquei e dará certo. Um passo em falso e estamos todos ferrados. Entenderam?— Há apenas balanços de afirmação com a cabeça.

Porém, antes de pôr o plano em prática, Íris, que estava calada até agora desde aquela revelação, puxa Luan pelo braço e afirma em um sussurro audível para todos:

— Há sim. — a sobrancelha dele forma um V e o restante de nós presta atenção na interação. — Há sim um jeito de provar se sua história é verdadeira ou não.

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Tá aí! Promessa é dívida!

Gente, lembrem-se que as novidades são postadas antes para quem me segue no instagram (almaclair_author) e, rememorando, que eu sigo de volta! 

Até sábado! 

XoXo 💋

Amando o Visconde             (TRONNOS-2)Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang