🎩 Capítulo 27 🎩

1.4K 129 17
                                    

- Como raios isso aconteceu?- já está tarde, estou cansada, chateada e agora isso?

- Enquanto eu estava andando, achei que poderia trazer sozinha todas nossas malas de uma vez só. Bem, acontece que eu estava errada. Elas caíram na nascente de um rio, que existe percorrendo aparentemente o meio da tribo, já que ela (a nascente) estava a caminho da nossa cabana. Consegui retirar todas a tempo, graças ao visconde que chegou na hora para me auxiliar, aliás, só consegui trazer todas de forma eficiente por causa dele que carregou e me deixou levando apenas uma pequenina. De qualquer forma, parece que a água atravessou o tecido e molhou tudo.

- Espera, de quem é esta cabana?- pergunto, pois além de ter entendido que nossas coisas serão inúteis até que sequem, percebi que ela falou "cabana de hospedagem" e como, provavelmente, os índios não tem uma dessas só para visitas, alguém ou uma família mora aqui.

- Ah, de uma índia muito simpática que precisou sair, mas disse que já voltava.

- Hmm.- digo desconfiada.- Mas voltando ao nosso problema inicial, o que iremos vestir? Nossa roupa do corpo ficará suja logo e...

- E eu tenho a solução.- fala uma voz conhecida vinda da entrada da cabana. Clara e eu nos viramos, e reconheço imediatamente a índia que a pouco falara comigo.- Como eu já havia dito, posso emprestar as minhas.- ela anda até um objeto que parece um baú feito artesanalmente de bambu e abre a tampa.- Aqui- ela levanta uma saia parecida com a que ela veste.- Vocês não vão querer ficar sem nada na parte de cima, não é?- arregalo os olhos e olho para Clara que tem expressão parecida com a minha.

- Claro que não!- Dizemos em uníssono e a moça ri.- Olha, a senhorita é muito simpática, mas não podemos aceitar sua oferta.- digo

- Me chame de "você" ou de Íris, nada de senhorita. E acreditem em mim, mudarão de opinião amanhã quando formos ao rio. Além do mais, não tem nada de higiênico ficar até o ritual, amanhã à noite, no caso, hoje à noite, com as mesmas roupas.

- Como assim um ritual?- recapitulo a palavra que me chamou atenção.

- Quando eu estava voltando... não que estivesse espiando, é claro.- a ponta da minha sobrancelha direita sobe.- Não tenho culpa se ele começou a discutir algo interessante no momento em que eu passava.

- Claro que não.- digo, tentando parecer séria, mas meu sorriso teima em querer aparecer e me delatar.

- Não consegue nem esconder o sarcasmo.- diz Clara, começando, nitidamente, a sorrir.

- Oras, garotas! A curiosidade é amiga das descobertas.- Comenta íris com um sorriso. Nós três começamos a rir e, ainda entre risadas, ela continuou.- Eu voltava e, como eu já disse, acidentalmente, ouvi a conversa do cacique com nosso pajé, que já parece ter uns bons anos de vivência. Eles diziam que deveriam fazer o ritual amanhã, antes que uma guerra comece, ouvi-os dizendo em aproveitar a oportunidade e fazer dar certo, que eram os deuses que tinham destinado a vinda de vocês. Por isso, acho que esse ritual é para vocês.

- Mas por que será?- coloco meu dedo indicador no queixo e começo a caminhar para lá e para cá.

- Também não sei e estou muito curiosa. Isso nunca aconteceu antes, sabem, rituais para visitantes... Espera, você disse que sua mãe é indígena desta tribo, não é? Talvez tenha algo a ver com isso.

- Talvez, mas não temos certeza.- digo. Um silêncio de um minuto vaga pela cabana, quebrado por Íris.

- Por que você usa esse troço no seu cabelo?- instintivamente ponho as mãos em minha cabeça e sinto minha fiel companheira lá.

- Ah, você está falando da minha tiara?

- Seja lá como chame isso...

- Bem, preciso prender meu cabelo de alguma forma e como ele não fica de maneira nenhuma preso preci...- ela praticamente arranca o objeto de meu cabelo.- Ei!- e o leva bem próximo ao rosto, parece examiná-lo minuciosamente, como se estivesse admirada por ele.

- É realmente bonito, mas- ela levanta a cabeça em minha direção.- você é mais. E seu cabelo assim... puxa!

- Olhando bem, parece com o seu.- digo, enquanto aliso uma mecha negra minha.

- E eu o deixo solto, está vendo?- ela leva as mãos para trás do pescoço e joga os fios para cima.-Livre para que o vento sopre, solto para que a água dos rios o percorra e para que os peixinhos nadem entre ele, para que as crianças brinquem e admirem, mas, acima de tudo, porque é meu. Porque posso mantê-lo como quiser, para que ninguém possa interferir em como ele deve ser usado. Essa é uma decisão minha. Assim como o seu é teu patrimônio, zele por ele. Da sua maneira.- Ela vai até seu baú e pega um espelho de mão, coloca minha tiara em sua cabeça, se vira para Clara e eu e abre um sorriso.- E então, como fiquei?

- Está radiante.- minha voz treme de emoção mais pelas palavras ditas do que pela beleza natural que ela transpassa. Na verdade, acho que por ambas as coisas. Eu invejo isso, não de um modo ruim, mas eu queria ter a coragem que ela tem de puramente ser ela. Se eu fosse assim, corajosa, teria toda essa necessidade de busca pela verdade? Ou estaria me sentindo completa comigo mesma? O problema sou eu?

- Decerto que sim.- Clara diz e sinto que de coração.- Esperem, estava pensando em nossa conversa sobre o ritual e... Bem, não devemos participar de um sem saber do que se trata. Essa pode ser a tribo mais confiável do mundo, mas eu não participaria de nada sem ter a plena consciência do que estou me envolvendo. Perdoe-me se de algum modo eu as ofendi.

- Claro que não.- diz Íris.

- Você está certa, não podemos participar de algo que não sabemos o que é. Temos que buscar informações primeiro.

- Estou super de acordo.- fala a índia de franja negra.

- Está?- perguntamos juntas, minha amiga e eu.

- Claro que estou. Sou dessa tribo, mas não é nada prudente vocês se envolverem em algo desconhecido. Tenho que reconhecer que é perigoso. Mexerão, provavelmente, com forças da natureza, espíritos e outras coisas. Vocês têm, ao menos, o direito de saber do que se trata, para negar ou não a participação deste evento.

- Então o que faremos?- questiona Clara.

- Íris, você acha que os dois ainda estão acordados a esta hora?- ela entende a quem me refiro e balança a cabeça firmemente uma vez.- Então, acho que a madrugada está agradável para conhecer o pajé.- ela sorri, eu sorrio e Clara nos olha como se fôssemos duas loucas.
———————————————————————————
Feliz Páscoa, leitores! ❤️ 🐰
Hoje o capítulo saiu cedo, como presentinho do dia.
Devo dizer que vem surpresa por aí!! Aguardem.
Quem sabe também não veremos em breve as fotos da Clara e da Íris...?
A do Luan segue a baixo:

?A do Luan segue a baixo:

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

XoXo!💋

Amando o Visconde             (TRONNOS-2)Where stories live. Discover now