🎩 Capítulo 20 🎩

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Estamos voltando para minha casa e de minuto em minuto olho para Maurício que mantém-se pensativo encarando a janela da carruagem, sua mão   quase encostando o nariz em um gesto de pensativo.
- Como vocês...- ele para e olha para mim por alguns segundos, mas é como se estivesse tentando entender e formular uma pergunta que o leve a ter uma resposta que ateste que não perdemos a sanidade e não somos loucas e volta para a posição inicial. Percebe-se que está louco para questionar.- Como vocês fazem planos como estes?.- quase berra, mas ao voltar a falar ele começa em um sussurro não tão baixo, mesmo que não haja mais ninguém exceto a Clara e eu.- Como pensaram em visitar um duque que sabe se lá quem é?

- Eu já disse que é o Duque de Gray. Luísa disse que ele é bem conhecido.- meu tom está suave e convincente (eu espero) e tento fazer uma expressão de inocência.

- Conhecido de quem? Seu? Não. Conhecido de maneira geral. Todos conhecem o que ele quer que conheçam, você não pode se basear na opinião do senso comum, tem que ter um contato real, próximo e, às vezes, nem assim, para que se conheça de fato uma pessoa e possa criar seu senso crítico a cerca da mesma. Vocês, me perdoem, mas foram tolas em pensar em visitar um homem que não conhecem, ah, esperem, deixem-me corrigir, de quem ouviram falar. E se eu bem entendi, o Duque de Gray, que tem a fama de misterioso.

- Parece que Felipe é amigo dele, achei que, como você é amigo de Felipe, talvez pudesse ser amigo do tal duque. Então, não estaria correndo perigo...- revelo.

- Ah, Tara.- ele balança a cabeça.- Você tem tanto para aprender. As coisas não funcionam assim, mas aos poucos, compreenderá isso. Eu só espero que a vida não deixe ser da pior maneira.- Fico em silêncio e Clara está com a cabeça virada para o outro lado, evitando contato visual conosco.  Assim que percebe que ninguém comentará nada, Maurício continua.- Mas não sou eu que vou estragar a aventura de vocês, podemos ir.-
Minha animação é tão grande que não consigo conter o sorriso que se abre em meu rosto.
Espera.
Ele disse podemos? Ele errou a concordância, não foi? Ficou no plural.
- Você disse podemos?
- Sim.
- No plural?
- Como é perceptiva...- ironia pura, percebo pelo tom inegável. - Eu também irei.

☀️

Como iríamos todos, pedimos que a carruagem parasse no lugar endereçado que o duque estava hospedado temporariamente. Em alguns minutos, estávamos lá, era um lugar um pouco afastado da sociedade para alguém com um título e ainda mais um tão grandioso quanto o ducado, mesmo assim, ainda tinham casas nas redondezas próximas, o que dava a conjecturar que ele era apenas reservado. A carruagem parou em frente à casa, que não era uma simples moradia, mesmo para um homem que passaria apenas algum tempo e não anos, mas ele não era qualquer homem, era um duque, contudo, aquilo já era um exagero, olhei pela janela a suntuosa mansão que abrigava três andares em cores tom bege e cinza, entretanto, sua distância em relação ao quanto da calçada pertencia à moradia não era tão grandiosa assim, era até quase comum. Eu disse quase. Maurício me deu a mão para ajudar-me a descer, já que ele e Clara já o tinham feito. Ficamos por um tempo, os três, parados e contemplando a residência a nossa frente.

- Tem certeza de que ele não mora aqui?- perguntou o Visconde.

- A Luísa costuma mentir?- devolvo.

- Não. Não atualmente e não com frequência, imagino.

- Pois é, mas até eu estou começando a duvidar se ele realmente não mora aqui... Por que uma casa dessas para alguns dias?

- Benefícios de um duque.- responde ele.

- Se a casa de "férias" dele é quase do tamanho da minha, nem imagino qual seria a grandiosidade da que ele passa mais tempo desfrutando. Exceto, em sua largura, a minha parece tomar extensões maiores.

- Concordo.- Olho para ele.

- Os senhores vão continuar admirando a beleza e oponência da casa ou vão bater à porta?- interrompeu-nos Clara e ambos olhamos para ela, um tanto constrangidos, já que parecíamos nunca ter visto uma casa, ainda que tivéssemos uma bastante semelhante. Acho que o que nos intrigava no fundo, não era a construção, mas sim, quem residia nela naquele momento. Eu não conhecia nenhum duque, sabia apenas da grandiosidade que o título carregava. A questão é: isso seria bom para um homem ou um fardo que ele carrega? Maurício certamente sabia quem era o duque, mas já, de fato, conversara com ele ou com qualquer um com tal título? Era intimidante, mas precisávamos encarar o misterioso e reservado Duque de Gray.

Seguramos a aldrava prata em formato de leão e batemos na porta. Em menos de dois minutos, o mordomo nos aborda. Era um idoso com cara de carrancudo que me fez lembrar dos vampiros literários, pálido e com um semblante, como já dito antes, nada simpático e o que dizia isso era a boca com formato de linha. Ah, e o candelabro que ele carrega em uma das mãos, enquanto a outra segurava a porta.

- Uma de vocês, exceto o senhor- ele olhou para Maurício em um lento movimento com a cabeça.- é a senhorita Fernandes?

- Eu.

- O senhor Gray me pediu para que eu a permitisse entrar para buscar o livro.

- Está bem.- dou um passo a frente e meus companheiros também, mas logo somos barrados pelo Sr. Carrancudo/vampiro.

- Ele me deu ordens restritas para apenas a senhorita Fernandes e não mencionou ninguém mais.- olho para trás, com um olhar de sinto muito, mas só irei eu, então para eles.

- Nem pensar.- Maurício logo me repreende.- Você não vai só. Ou entram todos ou não entra ninguém.

- Será ninguém então.- e o senil sanguessuga começa a fechar a porta.

- Espere. Eu irei. Sozinha- me viro para meu noivo e começo a dizer.- Me desculpe, mas preciso deste livro, preciso da minha história e, se esse livro é crucial para minha investigação, moverei céus e terras para consegui-lo.- Começo a andar para frente, mas meu noivo pega em meu braço, não machuca, mas faz uma leve força para que eu não siga em frente.

- Tara. Você não pode fazer isso.- encaro-o com minha expressão sincera, tomada pela tristeza de saber que há dois caminhos: Um em que descubro minha história e posso entender tudo que se passou comigo e o segundo em que serei esposa de Maurício e não saberei o que tanto obscurece a relação de meus pais para comigo e a minha para com um mundo fora das paredes de casa. Ele parece entender que preciso disto e me solta, mas diz.- Se você não estiver aqui em 30 minutos, eu juro por tudo que é mais sagrado que arrombo essa porta.- dou um sorriso para ele.

- Obrigada.- e logo, quando a porta fecha atrás de mim, deixo a carruagem, Clara e meu futuro marido para trás, enquanto sou engolida pela escuridão anormal à minha frente.
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Ahhh, Além de charmoso, preocupado e gente boa também é compreensivo? Mais alguém quer um Maurício ou só eu?
Até domingo, babies! Cruzem os dedos para que tudo dê certo com Tara.
Xoxo! 💋

Amando o Visconde             (TRONNOS-2)Where stories live. Discover now