🎩 Capítulo 40 🎩

640 65 3
                                    




Por Luan

Instintivamente coloco as mãos na cabeça e despenteio os fios de meu cabelo, começo a andar de um lado para o outro atordoado e com a visão ameaçando embaçar e me jogar em um limbo reflexivo, relapsos do que aconteceu naquele dia invadem minha memória e a única coisa que consigo sentir é culpa. Olho para Clara e depois para Tara - que traz nos olhos uma aflição gigante, ela praticamente implora pela verdade com seu semblante- e decido que passou da hora de contar tudo que aconteceu. Tudo que sei.

— Tudo que peço, antes de tudo, é que apenas escutem, não opinem até que eu finalize e que tentem compreender. Sei que estive errado diversas vezes, tantas que nem consigo contar nos dedos, porém, meu apelo é a compreensão de vocês. — Todos sinalizam positivamente, exceto Maurício que apenas encara desconfiado, mas não nega. — Vocês não precisam que alguém decifre a profecia porque eu mesmo a conheço de cor e salteado, se não confiarem em mim, podem pedir depois para que algum especialista de confiança traduza e lhes confirme, por enquanto, terão de crer em mim. — Faço uma pausa e solto o ar que nem percebi estar prendendo, uma dor lateja do lado direito de minha cabeça. — Tudo começou antes mesmo de nascermos com um conflito entre duas tribos, os Zoewas (de sua mãe) e os Tribalis (de meu pai), havia uma profecia antiga que envolvia essas tribos, antes inimigas, uma profecia que prometia mudar tudo, prometia paz. Era inquebrável e se não fosse realizada, uma maldição cairia nos braços de ambos os grupos.

Segundo essa escritura antiga, um dos caciques dos Zoewas, ao longo do tempo, seria o primeiro a casar-se com uma inglesa e apaixonar-se tão perdidamente por ela que a proporia em casamento e a moça, tão avidamente apaixonada, aceitaria com louvor e passaria, mesmo negando a "sociedade", a conviver com a tribo, mas não acabaria aí, já que a primeira filha do casal também casaria com um não-índio. Paralelamente, os Tribalis seguiriam um ramo parecido, uma índia da tribo se casaria com um português, gerando um filho que se casaria com uma não-índia. Os netos dos primeiros envolvidos ( a primeira neta e o primeiro neto, respectivamente) deveriam casar-se e evitar que uma maldição recaísse sobre as tribos inimigas e as sucumbissem a autodestruição. Acontece, Tara, que esses últimos somos nós. Seu pai, brasileiro nato, casou com sua mãe, índia mestiça. Minha mãe, brasileira de pais ingleses, casou com meu pai, índio mestiço. Nossos pais tiveram que aceitar o que lhes foi imposto e estavam resignados, por isso, nos víamos constantemente na infância, mas, diferente de você, criada apenas dentro da sociedade, convivi nos dois locais e, por certo tempo, morei com meus familiares indígenas. Acontece que aos 12 anos fui mandado, contra minha vontade, para uma escola de meninos, a grande parte era metida a besta e me enfrentava a todo custo por ser diferente deles, então, passei a me defender dos ataques e, com isso, ganhei fama de ser de má índole, um "futuro devasso", um arruaceiro. Com pouco tempo, uns dois anos, me meti em uma briga ferrenha, na qual meu opositor infantil, porém uns dois anos mais velho que eu,  ficou em coma por alguns dias. A notícia, não sei como, chegou em seus pais e, aparentemente, vocês se mudaram, já que alguns dias após esse ocorrido, minha mãe tinha ido ao encontro da sua para marcar um novo encontro entre nós (que já não nos víamos há anos) e explicar o que havia acontecido, mas, segundo vizinhos, você e sua família já não moravam mais lá. Quanto a parte do assassinato... Bem, acho que essa foi a gota d'água para seus pais, que sumiram de vez da sociedade para escondê-la.

— Então, explique-nos sobre isso. — Pede uma atônita Tara e vejo que todas as expressões das pessoas no cômodo revelam espanto quanto a tudo que sai de minha boca e, parecem, ansiosos para que eu chegue nos "finalmentes" do homicídio.

— Tudo não passa de uma tremenda armação. Armaram contra mim. E preciso que acreditem, pois, infelizmente tudo que terão como provas serão minhas palavras e apenas elas.
—————————————————————————-
Hello, it's me! 🎶
E aí, gente? O que vocês acham?
Acreditam em Luan? E, se acreditam, acertaram o motivo da Tara ter sido escondida pelos pais esse tempo todo? (Que era uma profecia e acerca do conteúdo que estava presente nela)
Quero saber, hein?
XoXo 💋

Amando o Visconde             (TRONNOS-2)Where stories live. Discover now