Amando o Visconde (TRONNOS-2)

🎩 Capítulo 08 🎩

Ouvimos um baque forte de janela sendo fechada e nos separamos subitamente. Maurício olhou para trás e eu segui o seu olhar, alguém fechava uma cortina, onde se via uma luz ligada. Alguém nos viu.

- Cacete!- ele passou a mão pelo cabelo, bagunçando mais ainda.

- Qual o problema? Alguém nos viu. E daí?

- Esse é o problema.

- Mas sou sua noiva.- digo com convicção.-Não sou?- pergunto duvidosa agora.

- É claro que é.- ele me observa- Você não sabe mesmo, não é?- balanço a cabeça.- Venha, vamos entrar, não é bom você aqui com esses trajes e comigo.- ele segura minha mão e entramos na hospedaria. Ao chegarmos na recepção, eu paro. Ele não.

- Você não iria me explicar?- pergunto, sem entender.

- Sim, mas não aqui. Qualquer um pode aparecer. Infelizmente, terá de ser em seus aposentos.

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- Pode me explicar agora?- ele fecha a porta atrás de nós. A hora no relógio marca as 01:10 da madrugada. Sento na beirada da cama, mas ele não faz o mesmo e fica em pé na minha frente, uma de suas mãos na cintura.

- Tara, tem coisas que não devem ser feitas, mesmo que estejamos noivos.

- Não estávamos fazendo nada que não tivéssemos feito antes, não vejo mal nisso.

- Estávamos a sós e iriamos acabar fazendo algo que ainda não tínhamos feito, acredite em mim.

- Ah, é? E o que seria?

- Sua mãe haverá de te contar antes do casamento.- fiquei desapontada com aquilo. Eu queria saber, eu sou curiosa e agora ficaria pensando nesse assunto até o dia, eu não vou aguentar.

- Ah, por favor! Isso irá demorar.- eu parecia uma criança atrás do brinquedo que não iria desistir até que entregassem. Com certeza eu não iria desistir.

- Tara. Não.- Uma criança, irrevogavelmente, ou um cachorro.- E não me peça novamente.

- É o que veremos.- murmura minha mente.

- O que disse?- ops, acho que isso eu murmurei de verdade.- Voltando ao assunto principal...não deveríamos ter sido vistos daquela maneira e o pior é que nem sabemos quem nos viu.

- Talvez não devêssemos nos preocupar tanto, essa pessoa já deve ter deixado para lá ou, melhor ainda, nem ter visto.- digo.

- Você é muito inocente, mas talvez esteja certa.- fico contente e um sorriso espreita meu rosto, ele percebe e então diz.- mas só talvez.- porém, também esboça um sorriso. - E agora o que faremos então?

- Eu não estava com sono, mas agora que você falou, acho que se eu não dormir neste exato momento, sinto que amanhã não acordarei mais. Então, boa noite. A porta do quarto é bem ali.- demonstro com a mão.

- Tara, não posso arriscar e se alguém me flagrar saindo de seu quarto? Sua reputação irá água abaixo.

- Sabe o que é engraçado?- mas eu não estava sorrindo, tinha apenas um semblante pensativo.

- O que é engraçado?- ele me olha com interesse.

- A reputação. Se você for parar para pensar, talvez, chegue no mesmo questionamento que eu.

- Que é?

- Para que serve uma reputação? E se eu a perder, a sociedade virará as costas para mim, mas, me pergunto, quando foi que realmente ela se importou comigo ou com qualquer um que fosse? Se essa  sociedade fosse justa, não julgaria por tão pouco...

- Você tem certeza que não passou sua vida viajando e observando as pessoas?- ele diz sorrindo.

- Tenho certeza de que não sai muito, mas nos raros momentos em que tive a oportunidade de aparecer diante da sociedade, pude perceber o quão irônico e contraditório pode ser o convívio social que ao mesmo tempo que preza a boa aparência, a virtude e a prudência, preza também a derrota do outro, isso é tão paradoxal e sem escrúpulos.

- Você tem razão. Sabe, começo a pensar que a sociedade deveria ter um pouco da sua inocência e pureza, mantendo-as não apenas na infância, mas para o resto da vida. Se bem que, acho que não vou conseguir manter essas suas qualidades tão intactas por muito tempo.- o sorriso dele começa a crescer e um olhar meio selvagem aparece, seu corpo está aqui, mas sua mente está em lugar distante, perdida na produção de seus pensamentos. Não sei o que fazer, então me levanto, passo por ele, ainda encarando-o, e vou até uma mesinha de madeira uns 3 metros atrás dele e tento criar uma nova situação com a pergunta:

- Está pensando no que?

- Em quem você quer dizer...- minha saliva desce com dificuldade pela minha garganta e minhas mãos precisam segurar algo para que eu não caia. Ele ama outra, eu sabia. Com esse olhar sonhador e selvagem só pode estar pensando em uma garota amada. NA garota amada. A garota que eu nunca poderei ser. Acabo por alcançar uma cadeira de madeira simples próxima e me sento com pouco equilíbrio e pouca elegância também. Dane-se.

- O que foi? Está se sentindo bem?- as sobrancelhas grossas dele se franzem, formando um V.

- Não, mas espero que eu melhore logo.- Para que mentir? Ele anda até mim

- O que você tem senhorita?- Ah, céus! De novo isso? Faço uma careta involuntária e esqueço que ele está me encarando preocupado.

- Oh, não há nada com o que se preocupar, eu só estava...- ele se abaixa para ficar da mesma altura que eu sentada.

- A senhorita estava...- agora ele está se aproximando e percebo que seu olhar recai sobre meus lábios e o meu também está indo na direção dos lábios dele.

- Se me chamar mais uma vez de senhorita Tara, juro que afundo sua cabeça.- ele ri e abre um sorriso perigoso, os olhos ainda encarando minha boca.

- Ah, Tara, você irá me deixar maluco. Aliás, já está me deixando.- pensei de início que ele falava sério, mas percebi que o sorriso zombeteiro ainda continuava lá, então notei que isso que eu estava fazendo com ele (deixar maluco) era bom. O hálito dele estava tão perto que eu o pude sentir respirar em minha face, conseguia com mais notoriedade perceber os belos detalhes que moldavam seu rosto e foi com essa proximidade que algo estranho começou a perpassar meu corpo. Uma energia. Uma corrente elétrica que tocava em pontos sensíveis e latentes de mim. Então, palavras jorraram da minha boca, sem que eu pudesse as deter e quando percebi já as tinha dito.

- Por que não me beija logo?

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Tá pegando fogoo!! A Tara não tem mesmo "papas na língua", mas vamos dar um desconto para nossa Rapunzel {encarcerada} do século 19...
Até a próxima, meus amores!
XoXo!💋