🎩 Capítulo 05 🎩

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Eu gostaria de saber como tão rapidamente fiquei noiva? Questiono assim que acordo, fico sentada na cama e encaro a parede a minha frente. Um novo dia, mas certamente não comum e rotineiro como todos os outros, já que agora vou precisar resolver as coisas do meu casamento, que já está mais próximo que uma chuva prestes a cair quando as nuvens ficam cinzas e o céu arroxeado, eu pensava que não fosse sequer sair da minha pacata cidade, aliás, nem de minha casa, agora irei rumo ao desconhecido de uma vida conjugal.
Um dia. Foi em apenas um dia que sai para um baile e já irei casar com um completo desconhecido, que apenas ouvi falar e nem sequer foram elogios.
Uma batida à porta me tira do devaneio e por instinto olho para o local e pergunto:

- Quem é?

- Senhorita Fernandes, seu noivo a aguarda com os vossos pais na sala de visitas.- fala do outro lado o mordomo, já não tão novo, senhor Fitz.

- Obrigada, Sr. Fitz. Descerei em breve.- escuto ele se afastar e me levanto de súbito.
Outra batida. 

- Oras, mas quem será?- questiono baixo.- Quem é?- agora para que a pessoa possa me ouvir. 

- Sou eu, senhorita. Clara.

- Ah, Clara! Entre, por favor. 

- Como a senhorita está?

- Já me pedi para me chamar informalmente de "você", quantas vezes terei de repetir? Nos conhecemos há anos e você tem sido minha única amiga nesse cárcere.

- Cárcere esse que parece estar findando.- ela diz com um sorriso doce no rosto.

- Mas não estou acostumada a viver fora dele! Não sei o que fazer, Clara. Estou surtando! Não sei como administrar uma casa, não sei nada sobre maridos, não sei nada sobre uma vida social. Nada! 

- Calma, Tara. Vou te ajudar com o que precisar. Se acalme primeiro.-
Clara sempre me acalmou nos meus piores momentos, ela é minha camareira pessoal, me ajuda a me vestir, me faz companhia e está nessa casa há dez anos. Ela não é tão velha, começou a trabalhar aqui cedo, com seus 15 anos, eu era apenas uma criança solitária cercada por adultos e acho que meus pais acharam vantajoso alguém jovem e responsável para cuidar de mim, eles viviam viajando e até hoje não sei o que eles faziam nessas viagens, nunca me contaram. 

- Estou tentando manter a calma, mas é praticamente impossível.

- Vamos primeiro colocar um vestido bem bonito em você, o que acha?

- Acho uma ótima ideia.- sorrio para ela.

- Pois bem.- ela vai até meu quarto anexo, o lugar em que ficam minhas roupas, e abre meu guarda roupa, tira de lá um lindo vestido vermelho e os acessórios, como o espartilho, anágua e os outros torturadores de uma mulher.- Que tal este?

- Perfeito.- Eu também não escolho minhas roupas, tenho medo de fazer um estrago perante a sociedade que mal vejo, portanto quem escolhe meus vestidos é mamãe, quem compra é papai, quem escolhe qual melhor para vestir e me veste é Clara. Sou uma menina de poucas escolhas. Uma menina que não conhece o mundo lá fora e vive aprisionada com opiniões que a ninguém importam. 

- Está tão pensativa...- reflete minha amiga.

- Como todos os outros dias.- digo.

- Fato, mas está diferente.- diferente? O que será que ela quis dizer com isso?

🔆

- Você está realmente linda.- diz Maurício quebrando o agoniante silêncio que circundava esta minúscula carruagem que balança me causando náuseas.

- Grata.- e dou um sorriso que sei que é agradável.- O senhor também apresenta uma bela aparência.- Bela aparecia? Que tosca! Ele está radiante, esplendoroso! E eu gostaria mesmo de dizer isso para ele, estou louca para falar isso, mas até eu, que não sei muito a cerca da sociedade, sei que não se deve falar isso para um cavalheiro que mal conhece, mesmo que seja o noivo.

Amando o Visconde             (TRONNOS-2)Where stories live. Discover now