Um Strong Owl sabe quando está no inferno.

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Mordi o lábio veementemente, rasgando as vestimentas de Jimin onde sabia que estava lesionado. Pequenas partes haviam curado, mas ainda sim não eram as que tornavam uma vida letal. Sentia como se minha mente houvesse gravado cada canto em que ele fora ferido, me martirizando por ter permitido que ocorresse, porque os rasgos eram certeiros e desesperados. Pela primeira vez havia compreendido por que James prender a respiração com tanta frequência.

James e Taehyung quase haviam o deixado cair no chão quando cruzaram para fora do internato de tão atrapalhados que eram, realmente cômicos juntos. Até pode ser difícil carregar um corpo sem existência sozinho, mas qual é, eles poderiam encontrar formas para que não deixassem ocorrer. E, falando sério, sorte a deles que não permitiram que nada ocorresse, porque, com vida ou sem ela, não faria mal a Jimin outra vez. Eles quem sofreriam as consequências.

— Está indo bem. — Carter comentou, embora estivesse mais desesperado que eu.

— Estou preocupado com Áurea. — Taehyung encarou o Walk Tok diversas vezes, sem saber ao correto se deveria falar algo e ter a grande chance de foder com tudo ou esperar uma resposta por parte dela.

— Indo bem? — Encarei Carter, dilacerando cegamente o tecido de sua calça. O elfo estava atordoado o bastante para proferir quaisquer palavras que passassem por sua cabeça. Melhor assim. Contanto que ele faça a parte dele está tudo certo. — Olha essa merda, James. Mal demos uma chance pra ele.

— Tínhamos três dias. — Carter afirmou, convicto de que estava certo. Deduzo que ele soubesse que considerava da mesma forma, só que, de qualquer maneira, ele estava curando aos poucos. — Não daria pra esconder por tanto tempo, Jungkook.

De qualquer maneira, eles não estavam enxergando as curas sendo efetuadas gradativamente? Jimin poderia ter um tempo necessário para que ocorresse por completo, por que não nos arriscarmos e vermos até onde isso vai? Tudo bem, não me importa se eu seja pego ou qualquer dessa merda. Já estou vivendo a pior fase que um demônio poderia ter, o que mais pode acontecer? Áurea e Julian são consequências dos meus atos, mas não era para Jimin estar nessas condições.

Um barulho alto rangeu e Taehyung pegou Park Jimin para aproximá-lo do portão. Ninguém parecia realmente se importar com o som, embora pudesse ser ameaçador e comprometedor. Estávamos tão voltados à situação que o frio parecia incendiante e ardente e a noite refletia como o calor do sol em minhas entranhas. Nada fazia sentido; Os braços envolviam os ferros caoticamente, deixando a cena melodramática afrontar meu coração.

— Ele estava sem camisa quando você o pegou. — Carter proferiu, extraindo do forjado bruscamente. Não evitei em olhá-lo por repreensão.

— Vamos precisar rasgar isso aí. — Áurea saltou, em um pousar estonteante. Os cabelos estavam bagunçados, porém não perdiam o brilho. As expressões estavam aflitas antes que ela soubesse disfarçar perfeitamente.

Taehyung sorriu, sentindo-se felizardo por vê-la bem. Qual era a deles?

— Mais ainda? — Carter questionou, aproximando-se dela cuidadosamente.

— As feridas estão curando, eles não vão acreditar.

Observei Áurea por sobre o ombro com mistura de raiva e tristeza mesclando-se profundamente em meu interior.

— E você quer ter a honra de fazer isso? — Inqueri, dando-me nos nervos a possibilidade de que ela estivesse se divertindo com a situação do meu pequeno Jimin.

Áurea contorceu o nariz, pensando em uma maneira para me responder de forma que convictamente mexesse comigo.

— Eu não. — Proferiu de forma repulsiva, dando um passo para trás para dar ênfase ao nojo.

— Então eu faço. — Taehyung murmurou, caminhando para perto do portão. Eu o faria com muita dificuldade, mas não deixaria ninguém tocar dessa maneira em Park Jimin. Não tinha absolutamente nada. A espada de arcanjo está no plano celestial e minhas armas em meu quarto. A opção é enfrentar toda essa merda e permitir que o machuquem novamente.

— Por que você estava chorando? — Ouvi James questionar em tons diminutos de sua voz, tentando distrair a si mesmo na expectativa de que fosse esquecer algo que está diante de seus olhos.

Não me importava, é verdade. Os sentimentos de todos eram nulos para mim e a existência deles são inteiramente indiferente. Queria apenas e somente ter Jimin em meus braços novamente, me excitando, fazendo-me rir com sua doçura e ter a sensação de que devo agradá-lo. Certamente que não como uma obrigação ou articulação, contudo, como um querer que gritava do meu coração, que jorrava da minha alma para que fosse feito; Que fazia com que partículas minhas estremecessem sensivelmente por cada toque sentimental dele e poder demonstrar o sentimentalismo que ele fez formar em mim para ele, o amando, o tocando, o tendo em minhas mãos como minha prioridade, o colocando no meu melhor pedestal. Queria o ter eternamente para mim e nunca mais fazê-lo desvanecer.

Levantei, encarando o elfo barrigudo seriamente. O cara começou a assentir, como se repassasse em sua consciência o que havia o dito.

— Não temos tanto tempo. — Áurea tentou não surtar, ignorando totalmente Carter. A garota faz o tipo de pessoa que deseja ser almejada, que todos se preocupem com ela, apenas para que ela não os dê atenção. Ambos estavam sendo ridículos em inflar um ego que, apenas com a minha presença, desmorona rapidamente. Ela caminhou até o corpo de Catherine, a fada que havia se atraído por mim, ondes os hormônios eram incontroláveis. — Penny gordona está por aí.

As unhas largas de Áurea penetrava a pele bronzeada da garota cruelmente, fazendo com que extraísse sangue para todos os lados. O vestido bege dela movimentou-se à medida que se inclinava para derramá-lo cuidadosamente em Jimin, em uma pressa inabalável. O sorriso diabólico em seus lábios não deixava de ser sensual, porém nada de tão cativante comparado aos de Jimin. Nada poderia se igualar a ele.

Por sorte tínhamos os adolescentes loucos para darem lição de moral, então temos um tempo considerável até que terminássemos com perfeição, sem rastros ou pegadas. Podíamos repassar algumas coisas com o elfo e o ameaçar. É divertido deixa-lo tremendo, com as penas tão bambas incapazes de sustentar o próprio corpo. Hilário.

Logicamente não iriamos matar Catherine, porque a volta de um fada e o sumiço de outra seriam provas mais que evidentes para Julian contra nós. Taehyung cuidaria dela no final e tudo sairia da forma que planejamos. Estar confiante em Jimin é tudo o que eu tenho, não posso simplesmente deixar de acreditar, ainda mais quando a pele dele está sendo curada cautelosamente.

Olhei para meu lado esquerdo e vi as unhas grossas e afiadas de Taehyung rasgarem as marcas dos ferimentos recém-curados. Ele não desejava demonstrar, mas fazê-lo o destruía tanto quanto ocorria em mim. Nada poderia retratar essa dor que esfarela minha alma até o último, até porque, como um demônio, não saberia descrevê-la perfeitamente. É algo estranho, que incomoda e te tortura. O psicológico fica extremamente frágil às situações envolvendo alguém que amamos e meu físico não existe mais. Todo vigor que havia em mim está em acreditar que ele não vá nos deixar na mão, mesmo que não sejamos merecedores de sua presença, do brilho emanado exclusivamente de seu sorriso. Ah, como sinto falta disso, da sensualidade e meiguice misturada e balanceada de maneira que o tornava cada vez mais envolvente, cativante, atrativo. Não posso deixar de cogitar que ele havia se entregado a mim e eu fui capaz de deixa-lo desumanamente. Estar sem Jimin é como estar sem rumo, em um caminho que havia criado, mas que fora apagado. É como pertencer ao vazio inebriante, que assusta e te corroí singelamente, pedacinho por pedacinho, até que esteja implorando pela morte, até que não te reste mais nada...

E, bem, nada que havia passado no inferno se comparava o padecimento de perdê-lo, a tortura do arrependimento. Remorso. Não sabia o que essa palavra significava até que deixei o meu Jimin nas mãos de quem eu sabia que com toda a certeza iria destruí-lo, divertindo-se histericamente com isso. Nada jamais poderia descrever a sensação de insuficiência que existe dentro de mim, a lacuna impreenchível, inalcançável que pertence apenas para Jimin, porém que por tolice fui capaz de arrancar tudo o que ele tinha de mais precioso.

Strong of Character - Quente como o infernoWhere stories live. Discover now