Meus olhos pesavam e minha tontura aumentava gradativamente. Não conseguia mantê-los abertos. Sentia as chamas percorrerem meu corpo, dilacerando cada pequena parte e partículas diminutas. Ardia, queimava em uma agonia e padecimento terrível. A dor não pode ser retratada tão definidamente, mas doía tanto que minhas energias para gritar estavam nulas. Totalmente nulas. Apenas sentia minha expressão se contorcer e revirar-se como minha família sofrera um dia. Iria morrer da mesma forma sem nem mesmo ter tocado em John Crowler? Seria tão fácil assim?
— Por que você não me deixa em paz, porra? — Utilizei qualquer energia que houvesse em mim e me joguei contra o campo de força invisível. Deduzo que poderia ultrapassá-lo, porque para prevenir havia barras de ferro em espaçamentos de centímetros uma da outra por todo o lugar, rodeando-me.
— Ah, Jimin... — Ele acendeu o charuto e desejei imensamente que ele se engasgasse com essa merda.
O vi apertar alguma coisa entre os dedos e o ambiente que se assemelhava à fogo me torturou ainda mais, aumentando o grau gradativamente. Estava calor, muito calor. Tanto que pude sentir minha pele derreter. Literalmente.
E, caralho, como essa merda doí.
— Se você é tão corajoso por que não me enfrenta?
Ele riu, alto e cinicamente. A imagem dele estava como uma vertigem para mim, turva demais para que eu soubesse mesmo se era Crowler ou apenas uma sombra qualquer.
— Bem, — Ele expeliu a fumaça vaga e sentou na cadeira no centro do lugar, que dava para me ver perfeitamente. — não é tão bom quanto ver você sofrer. Mas até que você resistiu bem. Lembra como seus pais eram tão fracos que foram os primeiros a explodir? Foi incrível.
— Seu filho da puta. — Rosnei e a densidade do calor aumentou.
Meu corpo fraquejava e havia me traído. Queria manter minha postura, estar de pé, o encarando. Porém, ao invés disso, estava ajoelhado, sentindo o sangue escorrer dos meus braços e minha pele ser levada junto.
— Não fizemos nada, Crowler. — Balbuciei, exausto. Completamente acabado.
Embora fosse insuportável a dor física, nada se compararia ou chegaria tão perto da psicológica. Estou fodido da cabeça, completamente acabado. Se ele quer jogar, que o faça sozinho.
Ele sorriu, satisfeito, apreciando com os olhos azuis flamejantes a minha derrota mais do que certa.
— Se serve de consolo pra você, — Ele se inclinou, agarrando com uma mão a barra de ferro. — eles brilham bastante ao anoitecer. — Jogou o charuto no chão, longe de onde estávamos e se direcionou para mim. — Mas, você — Murmurou, dando a ênfase que tanto detesto. — Ah, você é por diversão.
Vislumbrei em seus olhos íris psicopatas, loucas e insanas. Como ele havia me encontrado? Meu coração apertou, remoendo toda a dor psíquica e física.
— Como se sente ao tentar se vingar e dar errado, de estar no lugar que desejaria me ver? — Pisou nas minhas costas, empurrando-me violentamente para o chão. Meus braços fraquejaram e meu peito debateu-se ao soalheiro tropical e abrasador, fazendo jorrar sangue e queimando a barra da minha camisa. — Não deve ser muito legal, não é?
O olhei de soslaio e pude ver o suor deslizar da testa alheia. Gemi de dor ao notar que apertava o calçado para que me empurrasse cada vez mais no detestável e asfixiante lugar. Quente como o inferno que vi quando os ralés foram puxados dele.
Agressivo e impetuosamente John retirou minha jaqueta de couro e por um ínterim sentia leveza do frescor, o que obviamente não durou muito. Com as próprias mãos rasgou a camisa que estava sendo queimada e a chutou distantemente.
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Strong of Character - Quente como o inferno
Teen FictionO internato Strong Of Character abriga os seres sobrenaturais - que conhecem os três mundos - e os humanos, que pertence somente a um, mas que não sabem que convivem com espécies celestiais. Os diretores resolvem dar a oportunidade de todos terem a...