Os Strong Owls não devem fazer muito mais do que somente olhar.

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Havíamos andado durante horas, da 6h até às 20h30. Meus pés doíam, mas Jeon parecia cada vez mais animado. Um humano jamais conseguiria andar tanto e continuar com bastante energia e especialmente animo. Não sabia para onde estávamos indo, mas não ousei questionar.

As estrelas decoravam a noite e a cidade ficava repleta de decorações, como no natal. Mas ao invés de árvores e carros com o trenó de papai Noel, havia pisca-pisca em todo lugar. Não conhecia nada daquela extremidade, tampouco sabia que poderia haver um lugar tão bonito quanto.

Claramente no meio do caminho Jungkook comprara frutas para mim e três latinhas de Sprite. Ainda não estava acostumado com a forma que ele me conhecia tão bem exteriormente mesmo sem ter convivido comigo. Ele apenas entrara no mercadinho da esquina e pegara o que sabia que iria me agradar. Peculiar para uma personalidade a qual não possui essa palavra no vocabulário.

A sacola cheirava a cigarro por conta do atendente gordo devido tanta cerveja, com a camisa branca suja de algo marrom nas mangas e amarelo embaixo das axilas.

— Diz que estamos chegando, por favor.

Ele olhou para mim e sorriu.

— Estamos chegando.

— De verdade?

Ele assentiu com a cabeça e fizemos a curva direita. Andando alguns passos pude ver escadas formadas no chão da rua, dando a um rio fechado do outro lado, mas ainda sim vasto suficiente para caber muitas pessoas dentro. Tipo assim, muitas mesmo.

Havia uma ponte de madeira arqueada que atravessava o horizonte e Jeon estava me levando para lá, por alguma razão. Contornamos as escadas, indo até o fim delas, que daria no centro para o lago. A ponte tremia, feita de cordas grossas e madeira como piso. A cada movimento sentia que ela fosse me jogar para longe, porque a distância de buracos nas laterais delas — que serviriam como corrimão — era gigantesca. Bastava à ponte virar de lado que cairíamos no lago.

— Não vou conseguir subir, olha como essa coisa se move. — Apontei e Jeon sorriu divertidamente.

— Estou com você. — Assegurou, deslizando os dedos pelo meu braço até que alcançasse minha mão esquerda. — Bom, se você cair vou ter que me jogar, também.

— Sério? Isso ajudou muito. — Ironizei.

Dei um passo para trás, recuando. Mas não sabia se era dele ou da ponte.

— Qual é, vamos. Pode ser o último dia de nossas vidas. — Ele deu um passo para frente e me questionei mentalmente o que ele queria dizer ao falar isso. Estávamos cada passo mais perto de Crowler, teria ficado tão forte a ponto de nos deter tão facilmente?

Meu corpo cedeu espontaneamente, mesmo que eu preferisse sentar na escada ao invés da ponte tremula. E, como se eu fosse um bebê ou algo relacionado, Jeon me levou para o centro da ponte, andando lentamente como se me ensinasse a fazê-lo — até porque pelo medo tinha me esquecido de que forma praticá-lo.

— Pode ser mesmo se essa coisa nos matar.

Ele riu, o som da gargalhada aparentemente sincera de Jungkook me trouxe felicidade e coragem, sendo ela doce e bonita. Hipnotizante, eu diria. Poderia escutá-la o tempo inteiro se eu pudesse.

— Não vai, confia em mim. — Confiar é algo bastante profundo e com diversos significados. Acontece que fazê-lo com Jeon parece uma missão impossível, considerando as atitudes que ele vem tendo ultimamente. Tudo bem que me protegeu durante o tempo que passamos juntos, mas isso pode ser o suficiente para que eu consiga acreditar mais nele a ponto de parar de indagar a qualquer movimento aparentemente suspeito?

Strong of Character - Quente como o infernoWhere stories live. Discover now