Strong Owls nunca devem atrapalhar um discurso.

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O ar de gramas recém-cortadas emanava pelo ar e os perfumes de adolescente riquinhos e mimados mesclavam-se em uma única colônia. Era de madrugada, mas dava para sentir o cheiro que se transportava de todos os cubículos.

Maia havia nos dado uma semana e hoje havíamos acabado de completa-las. Nada melhor do que aparecer na Strong bem cedo, porque não haveria um monte de pessoas aguardando minha chegada. Quanto menos pessoas souberem, menor a quantidade de questionamentos, sem alvoroço algum.

Encarei o portão de ouro e deslizei para Park Jimin, que estava gelado em meus braços. Seria difícil acreditar que ele teria mesmo ido embora caso ele não tivesse morrido literalmente em meus braços. E, deveria ser muito fácil, porque como vivi séculos estou acostumado com execuções, corpos sem vida. Mas, que merda, estamos falando de Jimin, o meu primeiro e provavelmente único amor, sem sinal algum de existência. Tive essa conclusão quando, em míseros segundos após matar Serafim, a sensação havia acabado. Fora momentânea, temporária e demorei um tempo de discussão comigo mesmo e com o resto da cidade — quebrando tudo e matando inúmeras pessoas caoticamente feito um louco insaciável — até que aceitasse e provasse para mim que Park era a única coisa que poderia me completar. Isso porque toda aquela merda de sentimentos ficavam tranquilos quando cogitava em nós dois juntos, agarradinhos, em um clichê adolescente como de costume, se beijando e supreendentemente se amando. Não havia escapatória; A pele tornou-se ainda mais branca e, por incrível que pareça, mal consigo olhá-lo. Não tem nada a ver em questão de beleza ou repulso. Só que, ele está assim por mim. Sem camisa, com a pele dilacerada, queimada e inchada, em bolhas horríveis de sangue.

— Abre, seu infeliz. — Enrijeci as asas quando o porteiro colocara a cabeça por fora do vidro que nos separava.

— Senti sua falta também, Jungkook. — Ele sorriu, rindo cinicamente. — Que viagem louca, não? Você está acabado.

Os olhos do porteiro metade elfo, metade humano brilharam, contornando meu rosto para os de James, que estava ao meu lado desde que sai da casa de John Crowler. Posso sentir a raiva dele, a frustração e ele não hesitaria em tentar me matar, sem temor algum, caso não estivesse totalmente abalado pela morte de Jimin. Droga, por que é tão difícil acreditar? Não é como se ele pudesse acordar repentinamente e sorrir lindamente com seus lábios cheios e vermelhinhos. Mas que agora, por culpa minha, estavam esbranquiçados.

Havia percebido que amava Jimin quando o deixei, porque tentava a todo o momento negar o óbvio. Achei que se eu o deixasse o quanto antes com Crowler essa merda passaria, mas é eterno e duradouro.

Não quero que ele viva por esperança de sermos felizes — embora quisesse mesmo que ocorresse —, porque aposto que ele irá me odiar eternamente. E é totalmente compreensível. Eu sou a porra de um babaca escroto que não merece nada além de tristeza perpetua. Acontece que Jimin tinha planos com sua família, merecia mais do que qualquer outra pessoa ser muito feliz e eu tirei tudo dele, até a própria vida.

Eu, Jeon Jungkook, que só conhecia a dor externa, agora sei o quão é fodido estar psicologicamente abalado, perdido, sentindo-se um lixo, que não merece nada e não pertence a nenhum lugar. Serafim tinha razão, afinal. Todas as pessoas em minha volta eram farsas, falsidade vestida de amigos para se aproximar e, de alguma forma, tornarem-se populares. Mas, o único cara que evitou tudo isso e me amou de verdade por mais que soubesse da minha espécie está aqui, sob meus dedos que o apertam. Morto.

Nem mesmo Áurea me ama verdadeiramente, ela só não suporta a ideia de não poder se relacionar com mais ninguém e inventa para si mesma acreditar que é algo real. Mas com Jimin não, foi sincero e intenso a todo o momento, embora ele não dissesse em palavras era evidente em seus olhos, em seus atos.

Strong of Character - Quente como o infernoWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu