Strong of Character - Quente como o inferno

Strong Owls têm sentimentos, mesmo que não desejem tê-los.

Eram quatro e meia da tarde e finalmente estávamos nos preparando para enfrentar John Crowler ao anoitecer. Além de armas perigosas na mochila enorme de Jeon Jungkook, havia coletes e equipamentos para guarda-las e as deixar imperceptíveis no corpo conforme movimentos bruscos. Ele possuía granadas e todos os tipos de facas.

Olhando para mim de cima a baixo com tal malicia, parou diante do meu corpo e ajeitou a pistola que pendia na bainha de minha calça. Sentia-me preso com tantas armas, porque preferia utilizar os poderes naturais. Todavia, para um feiticeiro tão potente como John, é preciso.

Ele sorriu para mim, guardando para si os mil significados que poderia ter, retornando a ser enigmático e inexpressivo — só que a diferença é: agora eu o compreendo. Os olhos parecem distintos de antes, algo que me conforta. Podia vislumbrá-lo através deles. Desde que havíamos tido o sexo casual — apenas pra ressaltar, sério. — os sentimentos dele transbordavam com mais facilidade. Ou é isso ou estou completamente louco.

Por um período de tempo tinha achado que seria embaraçoso lidar e conviver o restante do tempo que tínhamos após o sexo louco que fizemos. Encará-lo seria diferente, porque ele já havia me visto nu de alma, coração — embora tenha sido intenso demais e provavelmente não reciproco — e corpo. Havia derrubado muros e barreiras e tinha me consumido em seus braços. Quaisquer toques ou comportamento iriam ser diferentes. Mas, na verdade, o resultado me surpreendeu. Parecíamos mais íntimos e cada vez mais próximos. Gosto disso.

— Nós vamos conseguir. — Ele mordeu os lábios assim que coloquei a jaqueta de couro, libidinosamente. — Uma pena não termos mais tempo.

Os braços envolveram minha cintura, fungando as narinas pelo meu pescoço, o que me deixou estático. Não me acostumei — e talvez jamais me acostumasse — com os toques tão cautelosos de Jungkook sobre mim que fazia parecer que a qualquer ato poderia me fazer rachar e quebrar. Achei que para ele seria somente sexo e depois fingiria que nada houvesse ocorrido. Porém ele estava aproveitando a intimidade para possuirmos ainda mais, dando-se a liberdade de me tocar.

— Gosto do seu cheiro.

Estremeci à medida que as palavras foram sussurradas e meu corpo parecia derreter, outra vez, para Jungkook. Sei que isso ocorreria mais de duzentas vezes e ainda sim ele não se cansaria de me agarrar em seus braços firmes e eu jamais me aborreceria comigo mesmo pelo efeito incontrolável que Jeon causa.

— Sabe que não precisa disso, não é?

Ele se afastou um pouco, semicerrando as sobrancelhas. Os braços enlaçaram-me ainda mais como se pensasse que eu fosse fugir.

— Disso o quê?

Arfe um tanto quanto exausto, abaixando o olhar para repensar como colocaria em palavras que eu sabia ter sido somente sexo.

Erguendo meu rosto e obrigando-me a olhá-lo, ele disse enquanto sorria:

— Meu bem, eu...

— Não precisa. Estou bem. — Desvencilhei-me, afagando com o polegar os braços alheios antes de afastá-lo. — Não tem necessidade fingir que somos assim diariamente, — Utilizei a mão direita para apontar para mim e para ele constantemente. — porque não somos. E, você sabe que não é fazendo sexo que mudaria isso.

Ele aparentou pensar, porém o sorriso ainda emanava de seus lábios.

— Dane-se que estavam vermelhos. — Referi à cor de minhas íris, abominando-me grandiosamente por não tê-las sentido antes de demonstrar a Jeon. Não sentia nada referente a cores quando se tratava de Jungkook. — Nada disso é realmente preciso.