Strong of Character - Quente como o inferno

Um verdadeiro Strong Owl acorda cedo.

A barraca por dentro era enorme para ocupar dois corpos, porém parecia mais imenso ainda, agora. Rolei para o lado, sentindo e preenchendo todo o vazio com o corpo. O lugar estava frio e as pontinhas da grama amassaram embaixo de mim.

Bocejei, ouvindo o barulho das faíscas de fogo. Meu corpo não estava lá essas coisas como no cotidiano. Acontece que havia feito tanto esforço ultimamente que me sentia fraco e desprovido de proteção. Tenho certeza que a primeira ameaça Jeon não vai se importar em me deixar pra trás ao invés de trabalhar como equipe. Nunca fez, por que o faria comigo, além do mais sendo eu?

Senti a leve brisa de o ar entrar pela entrada da barraca e por um momento que fosse estava saciado. Havia a cativante floresta afora, a natureza agindo normalmente, transmitindo beleza demais para que fosse apreciada com tanta pressa.

Sentei sobre o tecido, bocejando. Pisquei algumas vezes antes que pudesse voltar à realidade. Por ora não era tão cruel, mas quanto tempo isso iria durar?

— Estava na hora. — A cabeça de Jeon surgiu de trás da entrada da barraca, que se movia conforme a ventania. — Você como um bom aventureiro devia saber que temos que acordar cedo, ainda mais se é pra ir até alguém como Crowler.

Levantei o braço, levando a palma da mão para minha testa, apoiando por alguns segundos. Massageei a têmpora que pulsava constantemente. Minha cabeça parecia girar.

— Precisava dormir um pouco. — Suspirei, reconhecendo que pelo menos parte da fadiga fora embora.

— Um pouco? — Ele riu, com aqueles dentes perfeitos. — Estou acordado desde as três. — Ou seja, quase não dormiu. Se é que conseguiu mesmo dormir. — Jura que não ouviu os barulhos de madrugada?

— Nem seus gritos poderiam me acordar. — Ri quase inaudível, passando os dedos entre os fios de cabelo a fim de organizá-los.

— Era uma sucuri. — Ele ergueu o corpo do animal enfraquecido e sem cabeça e os olhos reluziram. O sangue pegajoso escorria os dedos tão paulatinamente que Jimin se segurou para não vomitar. — Mas pelo barulho parecia uma orgia de animais.

E o que não se assemelhava à orgia ou qualquer outra coisa a não ser algo assustador, para Jungkook? Poderia ser uma cabeça decapitada e ele estaria comparando com qualquer outra coisa como se fosse à coisa mais satisfatória de todas.

— O que acha de se levantar agora, bela adormecida? — O rosto sumiu e ouvi sons entre os matos. Quando retornara, a sucuri não estava mais entre seus dedos. — Achei um riacho aqui perto, se quiser. Mas temos que ir logo.

Jeon estendeu a mão limpa, ajudando-me a levantar e puxando meu corpo não tão pesado para fora da barraca.

— Que horas são? — Cobri os olhos com as costas da mão. Meus olhos não iam se acostumar com a luz tão cedo.

— Dez e meia. — Balbuciou, entregando a mim uma pera. — Espero que seja o suficiente pra começarmos a caminhar.

— Só espera eu me trocar. Prometo ser rápido.

— Quer ajuda? Sei lá, pode precisar.

— Ah, não. Valeu. — Senti o rubor novamente, relembrando como estávamos intensos ontem à noite e a forma que simplesmente havia me atacado pra cima dele.

— Ou nem precisa vestir outra roupa se preferir. — Levantou os braços para os ares, a expressão inocente.

Olhei-o de soslaio, seriamente e com um aceno lento de cabeça e o sorriso envolvente, virou de costas. Estava andando pela floresta e sem que eu notasse, Jungkook estava consideravelmente longe.