Strong of Character - Quente como o inferno

Os Strong Owls sabem como curtir o momento.

— Chegou o momento. — Fora tudo que sussurrou no lóbulo de minha orelha e abri os olhos rapidamente, piscando algumas vezes para tentar compreender o que havia acabado de ocorrer.

Jungkook mordeu o garfo que tinha pedaços de pêssego. Arrastou os dentes até o fim do plástico, mastigando lentamente. Os olhos estavam fixados em mim, me deixando envergonhado e inteiramente sem graça. O que estive pensando?

Jeon brincava comigo de maneiras absurdas e sabia que conseguiria fazê-lo. O ambiente perfeito, o céu noturno maravilhoso, as estrelas pincelando-os e os tons de azul fascinando qualquer um que olhasse. Ainda por cima tinha Jeon Jungkook, o cara perfeito e aparentemente sem defeitos em minha frente, antes tão próximo que até a gordura do relógio dava para ser sentida.

Os fogos de artificio explodiram no ar, sendo todas as cores. O rangido estridente no ar, caindo em minha direção. Era incrível e realizador, me sinto em um sonho inquebrável.

Outros fogos explodiram todos diante de nós. Uns pequenos e outros maiores e notei-me apontando para cada um deles, que brilhavam e cintilavam sem serem ofuscados pela lua. Houve muito deles que tilintava no céu mais de uma única vez, ficando em formas diferentes e em lugares distintos do vasto lago. Meu coração encheu-se de alegria, uma vez que todos os tipos de artificio estremeciam nos céus, em direção opostas, mas sempre apontadas para o obscuro da noite. É apaixonante.

O projetor de laser desenhava incontrolavelmente variadas linhas nos céus, sendo elas vermelha, azul, verde fluorescente e amarelo. Os lasers davam cada vez mais ênfase aos fogos, que não paravam sequer minuto. Não é como os momentos de ano novo que a cada ano todos se desanimam um pouco mais para soltá-los e, no final das contas, havia pouquíssimos. É algo extraordinário e momento único, rasgando as nuvens e sumindo mais acima.

Para finalizar, em linhas retas e em posições diferentes, todas as cores inundaram os céus, revestidos pelo anoitecer e estremecendo com os sons estridentes. Logo em seguida sumiram e percebi que estava eufórico.

Havia começado a suar e abanei a regata que vestia.

— Tem roupas aqui? — Deu dois tapinhas na mochila, animado.

— Sim. — Assenti com a cabeça, provavelmente com a terrível cara de quem não estava entendendo.

Ele esperou que eu mordesse a melancia cortada em cubos e pegou o pote das minhas mãos. Fechou-o com a tampa e o guardou na sacola fedorenta novamente. Empurrou as alças de suas omoplatas, movendo os ombros como auxilio. Esticou o braço e retirou a bainha e a espada, guardando-as dentro da mochila.

Deixando a mochila e a sacola do lado que tinha a corda da ponte, fez um nó entre as alças, à sacola e a corda grossa na precaução de não cair.

— Teria coragem? — Olhou para o lago negro incisivamente.

— Não. — Na verdade tinha sim.

A ansiedade nos olhos alheios desfez e eu sorri

— Mas como pode ser o ultimo dia de nossas vidas...

Os lábios ergueram-se rapidamente, formando o sorriso fofo que poucas vezes transparecia.

— Você confia em mim? — Ele perguntou e tremi outra vez.

Que fosse duzentas vezes que Jungkook indagaria, ainda sentiria a mesma emoção como se fosse a primeira e retornaria os mesmos pensamentos de sempre, sobre dar-lhe essa dádiva ou recuar cruelmente.

Ele segurou meu braço e o toque estava mais quente que o temporal, protetor e seguro.

Assenti, engolindo em seco. Ainda não podia proferir em palavras, dizer o ''sim'' que poderia me libertar — ou me colocar em maus lençóis. Mas nada importava realmente quando se conseguia pronunciar com clareza.